segunda-feira, 17 de agosto de 2009

ÉTICA OU ETI(TI)CA?


Antonio Luceni
aluceni@hotmail.com
www.antonioluceni.blogspot.com

Esses dias estava conversando com alguns amigos e a partir daquelas filosofias de botequim surgiu a questão: Ainda há ética entre os homens? Uma pergunta difícil de ser respondida, não é mesmo?
A gente acaba respondendo por a gente mesmo. Da minha parte, respondi que sim. Não posso responder pelos outros, mas pelo contexto que observamos fica complicado afirmar isso de forma macro.
Instituições que por natureza deveriam dar e preservar respeito, responsabilidade, seriedade, comprometimento estão exatamente na contramão disso. Olha o que está acontecendo mais recentemente com nosso Congresso. E o pior, não é de agora.
Quando os elegemos não pensamos e nem queremos tanto besterol, tanta sacanagem, tanto espetaculozinho que só denotam as preocupações que têm: pessoalidade, troca de favores... não conseguem ver um palmo diante de seus próprios narizes, guardadas as exceções de praxe.
Esta semana, nas capas de revistas, nas páginas de jornais e em muitos programas de televisão igrejas e pastores acusados de desvio de dinheiro, formação de quadrilha e tudo mais... E isso não é específico para esta ou aquela religião, para esta ou aquela igreja... o que está em xeque mesmo é a própria fé e as instituições religiosas como um todo. Devemos separar os de índole duvidosa dos que fazem um trabalho sério, que dedicam suas vidas à filantropia e ao trabalho voluntário ao próximo.
Mas prefiro acreditar na mudança do ser humano. Sou daqueles otimistas que acreditam que dias melhores virão, que todos cansaremos de mais dos mesmos e que iremos fazer diferente, pensar diferente, votar diferente, ter uma fé diferente da que estão nos propondo. Que santidade, salvação e tudo mais não estão ligadas diretamente a propostas humanas, mas num “coração puro e humilde” como diz as escrituras.
Para alguns Ética vale a pena e é importante viver sob suas orientações e valores. Para outros, Ética é só titica!


Antonio Luceni é professor universitário e escritor, membro da União Brasileira de Escritores – UBE.

domingo, 2 de agosto de 2009

SE GOSTO DE AGOSTO...


Antonio Luceni
aluceni@hotmail.com
www.antonioluceni.blogspot.com

Estamos em agosto... às vezes a contragosto, é bem verdade. Agosto é mês de cachorro-louco, das ventanias, do folclore... A comparação anedótica é inevitável. Como diria José Simão, da Folha de S. Paulo, o Brasil é mesmo o País da piada pronta.
Mês do cachorro-louco. Não terminei ainda de pagar meu Imposto de Renda – Ou seria a parte onerosa do meu sócio-fantasma chamado Governo? Mas isso é outro assunto... Ou não?! – por isso estou louco de raiva... Que cachorro me mordeu, hein?! Que cachorro vira-lata, cheio de sarna e sem graça? Querem nos subjugar ao nível de cachorro vira-lata (sem desprezar o canino companheiro de tanta gente). É isso. Ficam nos tratando feito cachorro. Cachorro de rua, mesmo. Não aqueles cachorros de madame, tratados a pão-de-ló. Peguei raiva. Um cachorro louco me mordeu.
Mês das ventanias. Lembro-me das minhas passadas na rua Santo André, em Araçatuba, por muito tempo em chão de terra, como diria minha vó. As manhãs de ida à escola eram todas de redemoinhos durante o mês de agosto. E assim como na canção de Chico Buarque a roda da vida também me fez rodar por muitos momentos. Tal qual nos dias de ventania, ora enxergando bem ora com poeira nos olhos, ora com a boca seca e fechada pra não entrar terra ora comendo forçosamente uma terrinha também. Mas não é o vento que faz fortalecer o bambu? Pois é... Por conta das ventanias da minha vida, hoje sou mais forte, sou mais flexível também, criei raízes para suportar esses ventos todos.
Mês do folclore. Sou nordestino, já disse isto outras vezes. Tenho essa cultura popular no meu DNA. Sou de uma descendência de analfabetos, mas que traziam o repente na língua. Não temos ninguém formado em música em nossa família, mas há sanfoneiros, violeiros, percussionistas de mão cheia! Cresci ouvindo meus avós, tios e pais descrevendo cenas e acontecimentos com um requinte de detalhes tão grandes que podia ouvir lobos uivando, almas penadas sussurrando no meio de caminhos e outras histórias tão engraçadas que faziam a barriga doer de rir!
Não gosto desse clima seco e sufocante do mês de agosto, mas também não poderia deixar de mencioná-lo sob esses muitos aspectos da nossa relação. Se gosto de agosto?!!!!

Antonio Luceni é professor universitário e escritor, membro da União Brasileira de Escritores – UBE.