domingo, 31 de julho de 2011

O FIM DOS LIVROS

Antonio Luceni
aluceni@hotmail.com

Acompanhei nos últimos anos uma polêmica – inclusive em tom profético – sobre o desaparecimento dos livros à medida que o meio digital fosse ganhando espaço nos lares e cabeças das pessoas. Alguns mais comedidos não falavam no fim dos livros, mas em seu declínio comercial.
Eu, cético a tudo isso, tinha minhas dúvidas sobre o assunto. Como não sou nenhum economista e também não faço parte do mercado editorial do livro, não tinha muitos argumentos técnicos e teóricos sobre o tema. Restava-me apenas, como apaixonado que sou, a experiência cotidiana de vislumbramento com o material impresso.
Como sinto prazer imenso em pegar um livro de papel e folheá-lo, sentir seu cheiro, sua textura ao virar uma página, cobrir-me com ele para interromper a luz que vem do abajur ou televisão... achava que, no mínimo, ganharia novas feições e admitiria novos usos para nós, leitores, e, com isso, não se acharia obsoleto.
Também ficava encarando crianças, jovens e adultos em grandes livrarias como a Cultura, Saraiva e Leitura, em cidades como São Paulo e Belo Horizonte, lendo, relendo, se envolvendo e se apaixonando pelo objeto livro e punha-me a questionar: Será que acaba mesmo?
A verdade é que ficava na torcida para que as profecias sobre o fim do livro tivessem a mesma força e ação que as do fim do mundo: é certo que um dia acabará, mas já faz um tempão que era para ter chegado ao fim e nada!!
Aí abro a Veja (revista que estou prestes a cancelar de tanta propaganda e falácia existentes nela) e leio a seguinte notícia, que transcrevo nas linhas abaixo:
“A BIBLIOTECA É MAIOR – O setor de livros no Brasil é muito maior do que se supunha até agora. Essa é a conclusão de um censo inédito feito pela Fipe com 500 editoras, sob encomenda do Sindicato Nacional dos Editores de Livros. Em resumo, constatou-se que é um mercado de 4 bilhões de faturamento anual – 30% a mais do que se estimava.” (Revista Veja – Editora Abril – edição 2228 – ano 44 – nº 31, 03/08/2011, p. 59).
Isso não é uma ótima notícia? Ou seja, se para alguns catastrofistas de plantão o livro estava com seus dias contados, o que mostra a realidade é que, além de muito vivo, ele está mais vigoroso como nunca. (Vida longa ao livro!!!).
Não se trata aqui de uma disputa entre um tipo de suporte e outro como alguns querem polarizar. Também não é, da minha parte, um retrocesso ou bloqueio com os novos suportes e mídias como blogs, sítios, tablets etc... Pelo contrário, sou tão afeito às novas tecnologias que participo de todas essas comunidades digitais e meus textos podem ser encontrados, em sua maioria, tanto impressos quanto digitalizados.
É exatamente o contrário.
Não sou daqueles “modistas” e malagradecidos que jogam pro ar determinados usos e costumes pela “empolgação da galera”, pelo “calor da maioria”, pelo “populismo alastrado” das propostas desta sociedade contemporânea e descartável. Entendo que, perfeitamente, um suporte pode (e deve, em minha opinião) caminhar com o outro e ambos se enriquecerem de uma e outra mídia.
É só parar para ver como isso já aparece em nosso cotidiano de forma bastante natural: produtos e propostas que aparecem impressas em revistas e jornais, na televisão e no cinema que sugerem ao leitor que se encaminhe para um sítio, blog, face, twitter e tantas outras mídias informatizadas.
Sou eclético. Há espaço para todos em “meu coração”. Inclusive para o livro. (Sempre!).

Antonio Luceni é mestre em Letras e escritor. Diretor da União Brasileira de Escritores – UBE.

domingo, 24 de julho de 2011

COISIFICAÇÃO DO HOMEM


Antonio Luceni
 

Estive na semana passada no Museu de Artes e Ofícios, em Belo Horizonte, Minhas Gerais. O Museu de Artes e Ofícios – MAO – é um espaço cultural que abriga e difunde um acervo representativo do universo do trabalho, das artes e dos ofícios do Brasil. Um lugar de encontro do trabalhador consigo mesmo, com sua história e com o seu tempo. Ele está instalado na Estação Central de Belo Horizonte, por onde transitam milhares de pessoas diariamente. É assim, um espaço coerente com a natureza da coleção, bem próximo ao trabalhador.

Para abrigar o Museu foram restaurados dois prédios antigos, de rara beleza arquitetônica, tombados pelo patrimônio público. A sua implantação incluiu ainda a recuperação da Praça da Estação, marco inaugural da cidade.

Uma peça do acervo, particularmente, chamou minha atenção: uma balança gigante que era utilizada para pesar escravos. Isso mesmo. Assim como, ainda hoje, você vai à feira e pede três ou quatros quilos de tomate, chuchu ou coisa assim, também nós, brasileiros, em algum momento de nossa recente história podíamos comprar semelhantes nossos por peso, pela quantidade de dentes que tinham, idade, robustez etc... Quanto mais saudável, melhor.

Falar desse modo, de forma solta, sei lá, com quantos milésimos de segundo para pronunciar o fato, não é tão doloroso assim, mas é necessário um ponto final a fim de parar e refletir na cena.

(............................................................ Esse tempo é para você pensar.)

Pensou? Já se imaginou na balança, com gente te tocando, erguendo lábios e socando dedos em sua boca pra analisar dentes, apalpando seu corpo todo pra verificar se não há chagas, dores e tudo o mais?

A falta de respeito não é bom para ninguém. Há os que pensam que o desrespeito, a intolerância, a coisificação humana é problema de quem sofre a agressão e que, por isso mesmo, cabe ao atingido falar, manifestar-se, agir. Não é assim não.

Lembro-me agora de uma ação terrível contra um pai e filho que foram confundidos com um casal de homossexuais. A “justificativa”: acharam que eram homossexuais, daí a agressão.

Não acho que é preciso sentirmos na pele o que quer que seja para agirmos. Deveria ser comum a todos nós, indiferente da religião, nacionalidade, sexo, idade, classe social, carreira..., a postura de nos indignarmos frente ao desrespeito, à intolerância, à falta de humanidade de qualquer natureza. Para o bem de TODOS NÓS.

Antonio Luceni é mestre em Letras e escritor, Diretor da União Brasileira de Escritores – UBE.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Livro e purgatório


Antonio Luceni



Saio de um livro como se saísse de uma colônia de férias. Sabe aquela expressão que diz quer ler um livro é “viajar”? Para mim, muito mais que uma expressão ou metáfora, uma forma de se relacionar com o cotidiano.

Deixe-me tentar explicar. Por exemplo, recentemente reli “Capitães de Areia” para escrever um artigo científico sobre urbanismo. Pedro Bala, Sem-perna, Pirulito, Professor e Dora saíram novamente do trapiche e começaram a se relacionar comigo nas ruas e avenidas movimentadas, nos bancos e fontes da Praça da Sé, nos becos e semáforos da grande São Paulo, como também, ainda que em menor escala, na periferia de Araçatuba.

O material de trabalho do escritor, em grande parte, é feito de sentimentos e emoções humanas. Há, portanto, um quê de “purgatório” em seus escritos, com as mais diversas personas, à espera de algum leitor que as libere, que as tire de sua condição de inércia.

Somos nós, portanto, leitores, os responsáveis por abrir as portas para que as personagens das mais variadas e instigantes histórias ganhem sua liberdade, interajam conosco, encarnem novamente em novas vidas, em novas pessoas, em novos ambientes e que, por isso, vivenciem outras experiências e situações.

Aí eles ficam nos orbitando por um bom tempo. Prestamos mais atenção neles, antecipamos suas ações, conhecemos seus quereres, piadas reações... E a gente fica meio anestesiado, envolvido agora em suas vidas, em suas dinâmicas diárias, em seus fluxos de energia... (Somos nós agora personagens de seus enredos e história? Seremos nós os “intrusos” de seu mundo, de suas realidades?).

Talvez as duas coisas ao mesmo tempo, já que fantasia e realidade fazem parte das mesmas condições de vida, facetas da mesma moeda. E essa promiscuidade acaba por pautarmos em uma nova condição de ver a vida, acaba nos formatando, nos forjando, às vezes, (e, para mim, não tenho dúvida disso) num novo ser humano, mais humanizado.

E é essa a ideia de “colônia de férias” a que me referi no início deste texto. Numa colônia de férias, numa viagem de férias etc., conhecemos pessoas das mais diversas. Algumas, interessantíssimas, outras, por mais que não nos “interessem”, de uma peculiaridade intrigante. E assim vamos interagindo com todos, percebendo-os sob as mais diferentes formas (já que estamos com tempo pra isso) e nos modificando.

É isso: sempre que saio de um livro acabado atraindo seus personagens (ao menos os mais interessantes para mim) para meu cotidiano, e passam a se relacionar em minha vida por meio do padeiro da esquina, dos meninos e mendigos que vão ficando pra trás de minha janela no carro, na senhora de mãos gastas que, sentada no canto do bar, come de forma contida e discreta uma mistura indecifrável de algo qualquer.

E, por já saber o que lhes transcorre na vida, sinto-me íntimo deles, quero ajudá-los, quero indagar-lhes como está este ou aquele parente ou amigo, se já resolveu este ou aquele problema, se ainda está trabalhando neste ou naquele projeto.


Antonio Luceni é mestre em Letras e escritor, Diretor da União Brasileira de Escritores – UBE.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Abandona somente a mim


Amanda Fernandes





Abandonas a parte que te encerra

desprende da mão que te afaga

que a corrosão do teu desejo entre

o rubor dos teus dias

irão arrancar-te a realidade



Socorre-te na chuva

deixe que os pingos d’água

toquem na razão do teu rubor

na inconstância das tuas verdades



Sei que o medo ainda te acomete

sei que outro alguém

nestas noites, te enrubesce

e abandona dentro de ti

as lágrimas do meu prazer



Sei que quando eu caminho

você estaciona na boca

que te escarrou de sofrimento

acaricia a mão que apedrejou

o teu desejo



Assim esquece do corpo

que te aqueceu no último dia

de tua sanidade...

segunda-feira, 11 de julho de 2011

GERAIS DA FLIP 2011 - 8

GERAIS DA FLIP 2011 - 7

GERAIS DA FLIP 2011 - 6

GERAIS DA FLIP 2011 - 5

GERAIS DA FLIP 2011 - 4

GERAIS DA FLIP 2011 - 3

GERAIS DA FLIP 2011 - 2

GERAIS DA FLIP 2011 - 1

domingo, 10 de julho de 2011

Sem título nem nada

Antonio Luceni
aluceni@hotmail.com

“A palavra tem que se parecer com a palavra. Atingi-la é meu primeiro dever para comigo. E a palavra não pode ser enfeitada e artisticamente vã, tem que ser apenas ela.”

(Tique-taque, tique-taque... há nesse ritmo um de fundo que acompanha todo o texto. É preciso que se diga isso.).
Para cada pedra alcançada à superfície, uma série de ilações deformes. Mas longas e dispersas ondulações da água, do mesmo modo suas divagações, mas ao contrário. Saiam-lhe às pressas, sem mesmo pedir licença: – Ai!, dizia das que lhe atingiam. – Espere-me, senhor, já estou indo! era o que se seguia.
Mas não tinha fundo. Mas não lhe atingiam inteiramente. Ora grande, ora pequena. Pra cada coisa uma senha. Pra cada senha uma chave. Que não era aberta, mas forçosamente retirada. Como se não houvesse o que fazer, somente seguir adiante.
– Mas estou atrasado. Era o que ele dizia.
Sempre estamos atrasados, na verdade. Porque o tempo não nos espera e, no meio do caminho, há flores, há paisagens, há frutas com que nos distrairmos. E tudo é tão bom. E tudo é tão bonito. E tudo é tão agradável.
– Não, não é por ali... Te disseram errado. Vai por cá e eu ali.
Queriam cortar-lhe a cabeça. Querem cortar-lhe a cabeça. Viver é um grande risco. Tem gente que tem medo de morrer. Não. Morrer não é arriscado. Viver é um grande risco. E olha só: a gente quer viver. Se possível, eternamente. Aqueles que chamam de loucos, talvez os mais equilibrados. O atalho lhes pertence. Vão a nossa frente. Chegam primeiro às mãos de Deus.
Quando estava grande havia coisas em seu entorno que não eram percebidas. Aliás, transparentes que eram, não tinham (não por si mesmas, mas pelo olhar que lhes era imposto) a menor importância. Não passavam de coisas no mundo. Mas tudo era diferente quando estava pequena. Pequeniníssima. Uma pena que se soltara virava algo próximo de asa-delta, as lágrimas eram rios que a podiam muito bem sufocar. E sempre tinham chaves no meio do caminho pra que fossem usadas entre uma e outra passagem.
(Você não se esqueceu do tique-taque, tique-taque...? Ele é importante pra percepção do texto).
Não há mais espaço no cômodo. Não há quase luz no cômodo. Há ratos, baratas, há buracos nos cômodos. As roupas estão rotas. O chá está gelado. O ar quase não há. Mas tinha que respirar naquele lugar. Temos que respirar em qualquer lugar. A vida só é possível reinventada. Não há outro modo. (Há, sim. Basta reinventar).
Aqueles bichos todos que um dia matei. Aquelas horas todas que não gastei. Os tempos de sono. A roupa mal lavada. A comida mal feita. Os beijos que não dei. As trepadas todas que gostaria de ter dado... Tudo me é gratuito agora. Mas com um furinho ali. (Por que, meu Deus? Eu gostava tanto dessa roupa...). Falta um pouco de açúcar... Não quero mais comer. Mais uma moeda, outra moeda, junta essa, quantas... Mas como carregar? O que fazer com tanto? Entregar-me por inteiro, despir-me de pudores, gozar... (Mas tem gente chegando... Tira essa mão daí. Não pode, não é possível, o que vão falar da gente?...).
(Tique-taque, tique-taque...)

“Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu morreria simbolicamente todos os dias.”

Antonio Luceni é mestre em Letras e escritor, Diretor da União Brasileira de Escritores – UBE.

Antonio Candido fala de Oswald de Andrade - FLIP 2011

Antonio Candido fala de Oswald de Andrade - FLIP 2011 - Parte 2

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Vi a contemplar a lua


Amanda Fernandes


Vi a contemplar a lua



a brincar pelos desenhos das estrelas


imaginei-me a mergulhar


em tua alma e beijar


teu mais íntimo sorriso.


Tua mão me estendeu


levou pro céu


caminhamos pela noite


estivemos com a lua


esquivamos da razão.


Quando o sol veio


ainda mais enternecer nosso calor


a porta bateu,


num som distante e suave


Perdi-te com a claridade


talvez porque recorde


a sensatez que não temos


Tu és em mim a face mais


excitante e revigorante da lua


sei que posso te ter


para todo o sempre,


quando a lua nova


aparecer à luz do dia


assim seremos um só...


Amanda Fernandes é estudante de pedagogia e passa a escrever neste espaço a partir de hoje.

domingo, 3 de julho de 2011

O MORTO


Antonio Luceni
aluceni@hotmail.com

Era um homem lindo. Um metro e oitenta, cabelos negros como a noite, olhos castanhos, de pele alva, mãos que podiam cerrar o mundo em suas palmas. Quando chegava, costumavam dizer, “arrasava quarteirão”.
É verdade que seu humor não era dos melhores. Daquelas criaturas temporãs, três por quatro seco e sarcástico. Mas, ao mesmo tempo, de uma graciosidade que encantava a todos.
Mulheres não lhe faltavam aos pés. O pecado solitário era o que mais praticavam e com ele, é claro, sempre em mente. Como jovem que era, vivia a vida intensamente e, é lógico, estas coisas só lhe “enchiam a bola”.
Nas rodas masculinas era gabado pelos colegas como namorador e até olhavam pra ele com certa inveja. Era fitado de modo meticuloso e seus gestos reproduzidos como equação matemática, talvez com a intenção de obterem o mesmo resultado em suas performances.
Os dias se passavam e parece mesmo que havia nascido praquilo. Vá! Era inteligente, sim. Talvez não uma inteligência excepcional, algo que o destacasse por demais dos outros. Mas eram inegáveis seus outros atributos. Ao menos o suficiente para não o considerarem somente um “corpinho belo” e uma cabeça vazia.
Foi certeiro. O atingiu no coração. Fatal. Ali mesmo. Nem deu tempo de socorrê-lo. O velório ficou cheio. Parecia até haver uma disputa de quem chorava mais. Em agudíssonos sopranos pareciam em coro, carpideiras, mas não de contrato, espontaneamente. As mal-amadas, as bem-amadas, as pretensamadas, as desalmadas, todas eram um dó só.
Mesmo que não deixassem perceber, os homens também enxugavam uma lágrima aqui e ali, já que o grande inspirador os havia deixado.
Como pudera aquilo acontecer? Tão jovem, meu Deus! Tanta coisa ainda pela frente para experenciar. Tanto amor ainda pra distribuir. E, ao mesmo tempo, quem iria desfrutar daquilo tudo eram os vermes. Que incoerente: algo tão refinado misturado e dado ao mais vil da terra.
E então ele veio com passos firmes, com olhar fixo, abrindo o grupo que se aglomerava ao entorno do esquife, tal qual uma serpente separando o capim sorrateiramente em busca de sua presa.
Parou diante do morto, fitou-lhe nos olhos como se a cobrar-lhe algo, tirou-lhe o véu, última barreira que ainda o impedia de agir e, para surpresa de todos, meteu-lhe um beijo. Quiseram impedir-lhe a ação, mas ele, agarrado ao defunto, sorveu-lhe o último fôlego que lhe sobrara à boca.
Em meio a pedaços de flores e gritarias, foi expulso do local como um cachorro açoitado e sob o sinal da cruz das muitas carolas que bordavam as alças da urna funerária com seus crucifixos.
Restabeleceu-se, arrumou o casaco amarrotado pelos socos e empurrões, limpou uma última gota de sangue que ainda saía pelo canto da boca e, com uma voz que somente ele podia escutar, disse a si mesmo:
- Não falei que eu te beijaria?

Antonio Luceni é mestre em Letras e escritor, Diretor da UBE (União Brasileira de Escritores).

sexta-feira, 1 de julho de 2011