segunda-feira, 25 de junho de 2012

Jorge, amado sempre! 1


Antonio Luceni
aluceni@hotmail.com

“O importante é tentar, nem que seja o impossível.”
Jorge Amado, in: A morte e a morte de Quincas Berro D’água

A frase acima foi proferida por uma das personagens do escritor baiano Jorge Amado, conforme a indicação mostra. E não se trata de uma personagem qualquer, não. Estamos falando de um alcoólico que, por diversas vezes, fingira-se de morto só para “tirar onda” com a cara dos outros e, mesmo agora, em sua última morte, todos tinham dúvida quanto se o estavam velando morto ou vivo e safado de novo.

No ano em que Amado faria cem anos se estivesse vivo, muitas de suas obras estão sendo relidas por estudantes e estudiosos, merecidas homenagens pululando por todo o Brasil, fragmentos e passagens de seus livros espalhados pelo facebook, twitter, blogs e outras tantas mídias digitais.

Escolas enchem seus murais com cartazes, pesquisas, retratos, fotografias, matérias de jornais, cópias de capas de livros de um dos escritores brasileiros com mais obras traduzidas em todo o mundo.

Suas histórias, com suas personagens, ganham o imaginário popular e rompem com as fronteiras dos livros; vão para as telas de cinema, enchem as salas de casas dos vários cantos do país em forma de novelas e minisséries, viram cartaz de teatros, movimentam estúdios e rádios com músicas, declamações, depoimentos...

Quem não se lembra de Tieta do agreste, interpretada por Betty Faria? Ou Gabriela, cravo e canela, com Sônia Braga e, agora, revisitada por Juliana Paes? Capitães da Areia, em seu primeiro formato, em inglês, na década de 1970 ou, no mais recente, em 2011?, entre tantos outros sucessos que seria um trabalho meticuloso enumerá-los e elencá-los todos.

Se “o importante é tentar, nem que seja o impossível”, o brasileiro Jorge Amado provou ser verdadeiro. Sob muitos aspectos, “tentou” discutir temas ligados à política, à cultura, à educação, às humanidades e às artes em geral, ao trabalho sério e marcante da literatura, ao convívio entre intelectuais, estudiosos, artistas e pessoas simples do povo como forma de emancipação, engajamento social, instrumento de formação de cidadãos cônscios de seus direitos e deveres. Tentou e conseguiu. Vejam-se aí os muitos exemplos espalhados pelo mundo.

Entre as muitas características e atrativos que me fazem sempre retomar uma ou outra obra dele para meu cotidiano está o fato de ele dar vez e voz para “a escória” da sociedade: prostitutas, bêbados, trombadinhas... e, nela, colocar verdadeiras pérolas filosóficas, como na frase de epígrafe deste texto. E, tal qual uma pedra ou metal precioso, surge-nos “sujo”, numa primeira olhada, até desprezível, mas que, aos poucos, vamos descobrindo algo belo, valioso, rico.

Antonio Luceni é mestre em Letras e escritor. Membro e Diretor de Integração Nacional da União Brasileira de Escritores – UBE.

sábado, 23 de junho de 2012

REUNIÃO UBE

Neste sábado aconteceu a reunião ordinária do mês de junho do Núcleo da UBE (União Brasileira de Escritores). A comunicação ficou a cargo da confreira Wanilda Borghi (01) que discorreu de forma brilhante sobre o escritor Jorge Amado. Durante todo o mês de junho até o mês de agosto, a coluna da UBE no jornal Folha da Região está homenageando o escritor, neste ano em que faria 100 anos, caso estivesse vivo.

A reunião foi prestigiada por diferentes por diferentes membros do Núcleo (02), com a participação especial da acadêmica da Academia Araçatubense de Letras - AAL, Maria Luzia Vilela (de preto, na imagem 02).

Como de costume, o encontro foi encerrado com bom papo e vinho. Também aproveitamos a data e comemoramos o aniversário da confreira Ana Almeida (e/d, de branco).

quinta-feira, 21 de junho de 2012


OLÁ PESSOAL DO GRUPO DE ESTUDO EM LEITURA E LITARATURA INFANTIL E JUVENIL, DA SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO DE ARAÇATUBA.

CONFORME COMBINADO, SEGUE LISTA DE NOMES COM AS INDICAÇÕES DE LEITURA DE ALGUNS DOS COMPONENTES.

Luceni: poemas (A faca no peito - Adélia Prado; A lua no cinema e outros poemas - Fábio Zimbar...)
Edislene: (Layla - Terezinha Alvarenga)
Mércia: Romance/ livro de risotos
Rita: Romance (Lista Veja)
Ana Maria: Ficção (Lista Veja)
Mirian: ficção (Querido John)
Idalina: Pe. Fábio de Melo
Micheli: Qualquer um
Sílvia: romance, ficção
Sueli: livro de filosofia
Meire: Mulheres inteligentes, relacionamentos saudáveis
Débora: romance
Kátia: Você é meu - Max Lucado
Cristiane: guia de viagem para Itália ou Portugal, livro de receitas
Simone: Você é meu - Max Lucado, outro da Lista Veja

O amigo do livro acontecerá no dia 05 de março, a partir das 8h30min, na Secretaria Municipal da Educação.

Forte abraço e até lá!

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Olha pro céu, meu amor

Antonio Luceni





As festas juninas chegam num momento do ano para anunciar coisas boas. Quando as bandeiras começam a pintar os bairros das cidades, quando o colorido dessas flâmulas invade as quadras de escolas e centros comunitários por todos os cantos do país, um clima de festejo toma conta de nossa vida. É cheiro de pipoca para tudo quanto é canto, músicas e danças embaladas por sanfonas, triângulos e zabumbas, doces dos mais variados sabores, chitões e mais chitões em toalhas, roupas, decorações...


E as quermesses, então? Hum... leitão à pururuca, frango assado, cural, pamonha, quentão, canjica, pastel, maçã do amor... “23, 74, 55... opa! Quem tá na boa?”. As quadrilhas são um show à parte. Coreografias e mais coreografias, de criancinhas a marmanjões, todos vestidos a caráter para brincar, pular, rir.


Também as brincadeiras estão presentes: barracas de tudo quanto é coisa, casamentos dos mais bizarros, prisão do amor. Ah, a prisão do amor... Quantos namoricos – e até casamentos de verdade – não começaram na prisão do amor. Era um jeito de arrancar o primeiro beijo, de dar o primeiro abraço gostoso, mais demorado...


As festas juninas foram e continuam sendo um momento especial no ano para relaxar, para romper com a sisudez e monotonia das aulas, promover o congraçamento entre as equipes escolares, líderes e moradores de bairros, entrosamento entre grupos empresariais e seus funcionários etc.


Há festas juninas tão famosas, como as de Campina Grande, na Paraíba e Caruaru, em Pernambuco, que levam gente de todos os cantos do Brasil – e até do exterior – para seus arraiais, promovendo um grande intercâmbio de culturas.


É também, e não tenham dúvida, uma festa religiosa, em que três santos católicos são homenageados: Santo Antônio, São João e São Pedro. Santo Antônio, celebrado no dia 13, é o santo casamenteiro, por isso as mulheres e homens solteiros é que mais divulgam seu dia e cuidam de sua festa; São João é o santo mais festeiro, por isso em seu dia a música, a dança e os fogos são presença marcante no arraial, comemorado no dia 24; São Pedro encerra a festa no dia 29, sendo prestigiado principalmente pelas viúvas e pescadores, já que é o protetor destes, mas também é o santo que guarda as portas dos céus, então, já viu né?, quem não quer entrar no céu?! Ficam todos envolvidos com o santo.


Mas, além de uma festa religiosa – e já o era assim antes de tornar-se cristã – é uma festa pagã, de celebração da alegria humana, da diversão gratuita, sem nenhum compromisso que não seja a diversão, a confraternização, o entretenimento. Afinal, já pulamos tanto o ano todo para tantas coisas não muito agradáveis, que não custa nada, nesse momento, pularmos de alegria, nos fartarmos com boas comidas e bebidas e enchermos nossa vista com o colorido bonito de roupas, bandeiras e fogos.






Antonio Luceni é mestre em Letras e escritor. Membro e Diretor de Integração Nacional da União Brasileira de Escritores – UBE.

TENHAM FÉ EM ANTONIO...


domingo, 10 de junho de 2012

Divagação sobre o ato de escrever


Antonio Luceni
aluceni@hotmail.com

Escrever é um ato de solidariedade. Talvez seja esta a resposta. Talvez seja este o combustível que alimenta minha produção.
Não poucas vezes me perguntei sobre o porquê de eu escrever. Também não poucas foram as tentativas de parar de escrever; achava (e às vezes isso ainda acontece) que não estava trazendo nenhuma contribuição com o textos que produzo, com as palavras que deixo registradas no papel. Talvez fosse um desperdício de árvores, talvez fosse uma forma de engodo, de irresponsabilidade seduzir alguém para alguns parágrafos que, no final, não lhe acrescentar nada.
O exercício de escrever é, por vezes, ingrato. Obrigatoriamente faz com que a gente se isole, mergulhe por um tempo em pensamentos e questões que, em tese, só interessam a nós mesmos, estritamente a quem se põe a escrever. Depois, quando as palavras lançadas ganham corpo e forma, quando achamos que estão prontas para andar sozinhas, as encaminhamos para um editor de jornal, blog ou para alguma editora que as continue conduzindo para (sabe Deus) os mais diferentes caminhos. Agora, com os vários portais na internet, até longos caminhos, outros países, e por aí adiante...
Mas, de novo, as questões e dúvidas sobre o peso que as palavras têm, sobre as contribuições dadas ou não pela nossa escrita. De fato, há escritores muito mais interessantes que eu, há muitas outras narrativas que valem muito mais atenção que as que escrevo, há construções sintáticas e linguísticas, há temas e reflexões muito mais salutares que as minhas... então, prezado leitor, sugiro que abandone imediatamente este texto e vá em busca delas, de autores infinitamente mais significativos que eu.
Agora, livre do peso da responsabilidade de prender quem quer que seja nestas linhas vãs, coloco-me, de fato, ao meu ofício de escrever. Ou seja, escrevo para um deleite pessoal; escrevo porque, assim como Van Gogh e Portinari não podiam deixar de pintar, assim como Gaudí não deixou um só minuto de pensar num mundo em que a natureza construída se relacionava com a natureza natural e estas diretamente com o homem, como Frank Sinatra não podia deixar de cantar um só dia, escrevo para me fazer perceber neste mundo, para me fazer existir, ainda que com pensamentos rasos, com crenças e certezas fluidas, diluídas por cada experiência com a qual entro em contato, com singelezas que me fazem mudar de ideia.
Escrevo porque preciso dividir, apesar do pouco que tenho, minhas ideias com meus irmãos, porque na comunhão de pensamentos, busco um caminho melhor para suportar e pensar este mundo, para expor minhas limitações e, quem sabe, fazer com que alguém se identifique com elas e, tal qual a mim, não se sinta só em suas fragilidades, fraquezas...

Antonio Luceni é mestre em Letras e escritor. Membro e Diretor de Integração Nacional da União Brasileira de Escritores – UBE.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

TROFÉU ODETTE COSTA II

Antonio Luceni
aluceni@hotmail.com


Melhorou, pero no mucho.

Na semana passada fiz algumas considerações sobre o “Troféu Odette Costa” que, nas duas últimas edições, sofreu um declínio tremendo ao ser usado como “troca de favores” entre grande parte dos conselheiros do Conselho Municipal de Políticas Culturais de Araçatuba – CMPCA, tendo sido apelidado no meio cultural de “amigo secreto”. Na ocasião, escrevi um artigo intitulado “Narcisos” (http://antonioluceni.blogspot.com.br/2011/05/narcisos.html#comment-form) que demonstrava o porquê de tal posicionamento.

Neste ano, por acovardamento, alienação, não-comprometimento, ou coisa do gênero, segundo o próprio secretário de cultura, “.. o CMPCA abriu mão da participação. Com isso, o secretário (...) reuniu a sua equipe e escolheu os contemplados.”

Os vencedores para o prêmio deste ano, até onde percebi, não fulguraram entre os membros do Conselho ou da Secretaria ou, ao menos, as indicações não nasceram diretamente destes. Foram, como dito pelo secretário, resultado do entendimento da equipe da Secretaria Municipal da Cultura.

Nesse sentido, melhorou, pero no mucho.

“Não muito” porque foram criados, pelo menos, dois novos problemas:

O primeiro deles, INCONSTÂNCIA. Então quer dizer que o Conselho Municipal de Políticas Culturais de Araçatuba vai ficar nesse jogo de “quero ou não quero”? Ou seja, quando ele “quiser” fazer a seleção de algum prêmio, o fará, mas quando não estiver “com vontade” abrirá mão de fazê-lo? Então, não são os membro do Conselho, até onde sei, que irão analisar, selecionar e determinar em cada uma das áreas culturais e câmaras setoriais os artistas e agentes de cultura que poderão ou não publicar livros, montar exposições e catálogos de artes, promover peças teatrais, entre tantas outras propostas contidas nos editais públicos e patrocinados com o dinheiro público ou destinados a impostos? Não serão estes mesmos conselheiros que irão – quando quiserem e tiverem vontade! – definir o que é válido ou não para ser patrocinado pelo município na área cultural?

O segundo, FALTA DE IDONEIDADE. Será que o secretário de cultura e sua equipe têm condições técnicas e idoneidade para eleger, sozinhos, quais são os melhores trabalhos artísticos produzidos ao longo de um ano pelas várias categorias artísticas e produtores culturais (pintores, escultores, escritores, artesãos, cantores, músicos, coralistas, atrizes e atores, dançarinos, arquitetos etc, etc, etc) e, de forma arbitrária, definirem quais são os vencedores do Troféu Odette Costa? Por mais que haja especialistas em áreas distintas na equipe da Cultura e (é inegável a competência do Alexandre Melinsky no teatro, da Simone Leite Gava nas artes plásticas e do próprio secretário na literatura), não entendo que mesmo estes possam dar conta de áreas que não são suas, de suas especialidades.

Já no ano passado havia sugerido isso, e repito: Por que não montar uma comissão externa, sem vínculo emocional ou político com a Secretaria de Cultura ou o CMPCA, para determinar os vencedores de cada uma das categorias do Troféu Odette Costa, com dois ou três especialistas de cada uma das categorias, para opinar, discutir e deliberar sobre os votos? Por que não tornar pública a relação de TODOS os concorrentes ao Troféu, demonstrando transparência, lisura e cuidado no processo, além de informar um parâmetro a todos àqueles que concorreram ao prêmio, por meio de voto aberto, já que o prêmio é resultado de uma lei municipal (4.905/96) e realizado com dinheiro público?

O prêmio mudou em relação às duas últimas edições, mas ainda há que se melhorar muito para ganhar o status digno de uma Odette Costa.

Antonio Luceni é mestre em Letras e escritor. Membro e Diretor de Integração Nacional da União Brasileira de Escritores – UBE.

Alguns dos membros do Núcleo UBE, participantes da coletânea "Tantas Palavras"
(e/d) Antonio Luceni, Pedro César, Ana Almeida, Wanilda Borghi, Marianice Palpitz, Emília Goulart e Tito Damazo