quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Arnaldo Aparecido Filho

* Artista Plástica e Contadora de Histórias

Araçatubense da gema, Arnaldo Ap. Filho é graduação em Artes Plásticas pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo – ECA/USP, com mestrado pela Escola de Comunicação e Artes da mesma universidade.

Atua fortemente no campo da artes visuais, tanto como artista plástico quanto como teórico e formador, tendo ministrado, entre outros, os cursos de Estética e História da Arte; Curso Prático de Desenho, Pintura, Aquarela e Escultura; Curso de Escultura nas Galerias Arte e Espaço e Fare Arte. Atuou, também, como professor de Educação Artística da Rede Estadual de Ensino.

Realizou várias viagens ao exterior para estudar arte, visitando muitos países, entre eles: Estados Unidos, França, Espanha e Holanda.

Participou de várias Mostras, entre as quais: “E a gravura? In-formação}” – Espaço Cultural Humberto Tecidos – SP; “Dois Artistas” – Museu do Sol – Penápolis/SP; “Quatro Artistas” – Galeria Arte Espaço – Araçatuba/SP; Salão de Arte Jovem do Centro Cultural Brasil-EUA em Santos; Mostra Individual – Galeria Lourdes Gilberti – Araçatuba/SP; “Pinturas – Felinos” – Porto Alegre/RS; “Roupa de Domingo” – Cine Olido – São Paulo, integrando também o Catálogo "Araçatuba com Arte", com curadoria de Antonio Luceni. Atua também como curador de exposições de Arte coletivas e individuais.

Arnaldo é um profissional dinâmico e antenado ao que há de mais profícuo nas artes visuais do universo contemporâneo. Hoje, não mais reside em Araçatuba, mas, para nós, sua trajetória é marcante, tendo deixado vários de seus seguidores por aqui.

Espero que tenham gostado de conhecer, assim como eu, esse grande artista e pesquisador das artes plásticas. Abaixo, um pouco de sua produção. Forte abraço e até a próxima semana.









quarta-feira, 30 de outubro de 2013

O público que muda a audiência

* Professora Universitária e mestre em Mídias Digitais

Se você já sonhou em ficar em casa para fugir do trabalho, do estresse do dia a dia e assistir a um filme na “Sessão da Tarde”, não adie esse sonho; realize-o já! Isso mesmo, os canais de tevê aberta pensam diariamente no rumo que vão dar às sessões de filmes.

Embora mais da metade da população ainda tenha como única opção a tevê aberta. A maioria das emissoras pensa em extinguir sessões de filmes e o motivo claro é a audiência que diminui a cada dia e tornaram-se alvo da concorrência. A tevê paga pirataria serviços de vídeo sob demanda.  Os principais canais de tevê aberta, como Globo, Record e SBT,  perderam quase a metade de seu público nos últimos 8 anos e isso provoca uma reflexão sobre o que oferecer ao público para atrair sua atenção.


A tevê Globo pensa em despejar da sua grade a “Sessão da Tarde” (no ar desde 1974) e estuda o futuro da Tela Quente, o SBT já pensa em abrir mão do pacote que da exclusividade aos longas do Harry Potter e na Record nem o investimento pesado em Avatar para o “Tela Máxima”, salvou a audiência.


Às emissoras cabe verificar o que lhes é conveniente ou não; a nós, analisar as mudanças que estamos vivendo. Será que o verdadeiro motivo não está na qualidade e objetivo dos programas oferecidos? Hoje temos acesso a vários tipos de programação; as emissoras já se tornam especificas de acordo com o público de interesse, mas no fundo quem mudou foi o público.

Com tantos tipos de linguagens, a escolha fica por nossa conta, optar entre teatro, cinema, televisão ou internet. Houve o tempo em que se acreditava que o teatro estava morrendo por causa do cinema; depois, que o cinema estava morrendo por causa da televisão; e, mais recentemente, que a televisão iria morrer por causa dos videotapes e, em seguida, pelos DVDs; os DVDs iriam morrer logo por causa da internet. Agora, vivemos a invasão da internet em todos os meios: computador, tevê, rádio, filmes, celulares, tudo foi invadido pela rede que, de tão social, está pondo fim a tantas formas de convívio. Não há como negar os benefícios que a Era Digital trouxe, mas há que se pensar nos prejuízos que estão por vir. 

Enquanto a sociedade muda, as pessoas deixam de frequentar locais que, com certeza lhes fariam bem, para se trancar em casa e ter acesso ao mundo que é possível acessar entre as quatro paredes. Se você é um desses, ou está prestes a se render a essas facilidades, lembre-se de que pessoas sempre serão boas ou más, bacanas ou chatas, atraentes ou não, sempre foi assim, somos humanos, não devemos nos condenar à solidão; devemos, sim, buscar lugares que nos modifiquem, nos deixam melhores, acrescente nos façam sentir alegria. A minha sugestão é que, independente do meio, busque algo que o faça melhor, mais doce, mais amoroso, mais amigo e mais humano.

Bem, ainda há muito que se pensar e discutir sobre o futuro do cinema, mas o fato é que ele não morrerá se não o abandonarmos.

Finalizamos o mês de outubro, festejando o mês das crianças e dos professores. Que venham, em novembro, novos temas, novos textos e, com certeza, muitos novos filmes.

Fica a dica: vamos Cinemar muito em novembro....

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Corinthians na 2ª Divisão e Mulher Melancia com novo hit

* Jornalista e escritor
Por que será que as pessoas se interessam tanto pelo banal, pela miséria, fofoca, catástrofes, pelo fútil e o deplorável? Por que será que a notícia ruim é a que vira manchete em jornais impressos e televisivos? Qual a magia que seduz milhões de telespectadores para programas grotescos e bizarros com bundas de fora, vômitos e outras porquices?

Às vezes me pego a pensar nessas questões para ver se há alguma explicação razoável. Já ouvi ou li alguma coisa sobre essa propensão de o ser humano se ligar à miséria de seus pares. Acho que tem até filósofos e estudiosos que se debruçam nisso e chegam a algumas conclusões explicáveis. Mas, de verdade, não consigo ser convencido de que essas coisas é que têm que aparecer na tevê, ocupar as manchetes de jornais ou mesmo ser a grande opção para a população.

Outro dia – numa das raras vezes que pego pra sapear programas televisivos – deparei-me com um que se propunha a dialogar com crianças e adolescentes, de caráter “educativo” e... lá estavam dançarinas com suas bundas à mostra e, como convidada especial, uma tal de Anita. E “prepara”: Sabe um dos temas que ela escolheu para partilhar com a meninada: suas aventurais amorosas no AP novo.

Depois queremos solução pra “mensalação”, “construção de estádios”, “falta de médicos”, “melhorias na educação” e tantas outras urgências que, se fôssemos um pouco mais politizados, não sairíamos das ruas nunca.

E o exemplo que dei da tevê é somente um. E dele fiz uso porque grande parte do dia de nossas crianças e adolescentes é defronte a este aparelho (principalmente nas camadas mais pobres, ou seja, a maior parte de nossos brasileirinhos).

A banalização está à nossa volta o tempo todo. E o pior: parece que já estamos tão acostumados com “o que não presta” que já criamos até certo ânimo para conviver com tudo isso. Se há uma goteira pingando no travesseiro, a gente muda a cabeça do lugar e está tudo resolvido; se o problema é com o abastecimento de água, a gente enche alguns tambores e vai tirar um cochilo; o salário é uma miséria, a gente faz alguns bicos no final de semana ou vende Jequiti que tudo está resolvido...

Um dos problemas do brasileiro é este: “Pra tudo se dá um jeitinho”. Até para continuar sofrendo. A CPMF não era pra ser provisória? Até hoje está aí, mesmo que com outro nome. Não era pra gente economizar energia por conta do apagão? Depois tivemos que pagar taxa extra porque economizamos. E os vinte centavos da condução? Só não foram postos na passagem de ônibus, mas que tivemos que pagá-los, ah, tivemos!

E o Corinthians e a Mulher Melancia? Era só pra você ler o texto. Afinal, é isso que atrai o brasileiro, não é mesmo?

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

MÚSICA ERUDITA BRASILEIRA

* Educadora Musical e Regente de Coral, formada pelo Instituto Tatuí

Olá pessoal, tudo bem?

Gostaria de conversar com vocês nessa semana e na semana que vem sobre a nossa Música Erudita Brasileira. 

Muito se fala sobre a nossa música popular e suas influências, mas grande parte, inclusive de músicos, desconhece as obras, os compositores e a história da Música Erudita Brasileira.

Assim como grande parte da cultura brasileira, nossa música e seus componentes de formação foram herdados de fora. É sabido que durante muitos anos as tendências na cultura, vestimenta e práticas sociais brasileiras foram ditadas pela Europa. Somente com o passar do tempo é que a influência das contribuições indígenas, africanas e de imigrantes fez surgir o eclético perfil brasileiro.

Ao mesmo tempo em que a riqueza de tantas influências agrega beleza e diversidade à cultura brasileira, ficamos desalinhados do que realmente nasceu no Brasil, especialmente no que diz respeito à cultura musical erudita brasileira, tão pouco divulgada. 

Período Colonial

O ensino musical ao longo desse período remete às Casas da Companhia de Jesus, que procuravam catequizar os nativos. A música e o teatro estavam ligados à igreja e à catequização. Eram obrigatórias, impostas pelos Jesuítas, com a pretensão de disseminar a cultura ocidental.   

Um dos compositores clássicos que mais influenciou os grandes mestres brasileiros foi Haydn.

A música erudita brasileira originou-se da música sacra, mas uma vertente tipicamente brasileira surge: a modinha. Aqui uma mostra dessas modinhas:

http://www.youtube.com/watch?v=95eWsl0C3fI

É nítida a influência europeia em nossas modinhas.

A partir do séc. XIX, a música sacra perdeu força de sua influência para a ópera italiana, que inspirou grandes compositores brasileiros, especialmente Carlos Gomes. Em suas obras podemos observar a mistura do romantismo europeu e traços claros brasileiros. Vamos ouvir uma peça de Carlos Gomes para canto e piano: “Suspiro D’alma” – para canto e piano: 

http://www.youtube.com/watch?v=9Anp45c2JQE

O folclore era o tema mais buscado na expressão musical. Na Semana de 1922 destacou-se essa tentativa de buscar a identidade cultural brasileira através do folclore, já muito presente na literatura da época. 

Nacionalismo

A partir do séc. XIX surgiram as canções com a temática nacionalista. Tinham em sua base de criação temas originais e melodias autenticamente populares. Mas, em meio a esse nacionalismo, alguns compositores brasileiros mantinham-se fiéis aos moldes europeus, como sendo expressão de requinte e superioridade musical.  Foi nesse momento da história erudita brasileira que Richard Wagner e Franz Liszt passaram a ser seguidos, eram os mestres da época.

Na verdade, essa escola nacionalista ganhou maior força a partir do séc. XX. Não podemos deixar de destacar o nome mais importante desse período musical brasileiro de grandes transformações: Heitor Villa-Lobos. Foi ele quem propagou nossa música clássica, fora do país. 

Heitor Villa-Lobos


Nasceu no Rio de Janeiro em 05/03/1887 e faleceu no Rio de Janeiro em 17/11/1959. 

Foi seu pai, Raul Villa-Lobos, um músico amador, o seu primeiro professor de música.  Por meio de uma viola adaptada, seu pai iniciou seu filho Heitor nos estudos de violoncelo. Quando perdeu o pai, aos 12 anos, Heitor, como músico profissional, passa a tocar violoncelo em teatros, cafés e bailes. 

Heitor era fascinado pela música dos “chorões” – música popular do Rio de Janeiro, por isso também desenvolveu seus estudos no violão. 

Através de Villa-Lobos e sua vasta obra o Brasil é lembrado, interpretado e reconhecido em suas obras eruditas. Quem não conhece sua maravilhosa obra, interpretada por inúmeros músicos, cantores, corais e orquestras nacionais e estrangeiras: “O Trenzinho do Caipira”?  

Gostaria de compartilhar com vocês a interpretação dessa obra pelos Grupos de Referencia do Projeto Guri, com o coro: O Trenzinho do Caipira (Bachianas Brasileiras II), Heitor Villa-Lobos: 


Heitor Villa-Lobos é um dos brasileiros eruditos mais tocados em todo o mundo. Vamos ouvir mais uma preciosidade de sua criação. Aqui temos sua obra executada pela Filarmônica de Berlim, sob a regência do maestro Gustavo Dudamel, e cantada pela soprano porto-riquenha Ana Maria Martinez:

Bachianas Brasileiras nº 5, de Heitor Villa-Lobos – Aria:


Cirandinhas – Heitor Villa-Lobos: Marcelo Bratke & Camerata Vale Música - Villa-Lobos - Cirandinhas - Nesta Rua Tem Um Bosque - Auditório Ibirapuera:


Conhecemos um pouquinho de nossa Música Erudita Brasileira, mas na próxima semana falaremos mais sobre outros importantes compositores.

Ótima semana para todos.

domingo, 27 de outubro de 2013

Pedra Pura em sua essência

* Professor Universitário e mestre em Turismo e Hotelaria

Na semana passada conhecemos um pouco do Pedra Pura, restaurante localizado na Rua Cristiano Olsen, 2226 - Higienópolis, Araçatuba (SP) e hoje, apresento um pouco mais desta proposta inusitada deste estabelecimento que combina a tradicional culinária portuguesa com os conceitos da arrojada “Gastronomia Molecular”.

Da alquimia medieval que expressou na idade média o poder da transformação de elementos básicos da natureza em metais nobres como o “ouro”, provém à essência do codinome “Pedra Pura” que, conceitualmente inspirou os chefs de cozinha desta requintada casa para a elaboração criativa do seu cardápio, da composição dos pratos à combinação de aromas, sabores, cores e texturas em suas preparações. 

A "Gastronomia Molecular" que está em moda na atualidade, foi considerada em 1988, como ramo da Ciência dos Alimentos por Nicholas Kurti, físico da Universidade de Oxford, e Hervé This, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Alimentares – INRA, França. Adotada por renomados chefs internacionais, esta área do conhecimento, não se encarrega apenas em estudar questões ligadas à física e química, dos processos de transformação dos alimentos nas empíricas técnicas da culinária, mas também, em buscar novas descobertas técnicas e uso de equipamentos não convencionais na cozinha e divulga-las ao público deste universo, assim contribuindo para o avanço da Gastronomia.

Os objetivos da Gastronomia Molecular são: Criação de uma Antropologia Culinária (levantamento e distinção físico-química das "dicas" culinárias); introdução da matemática culinária (modelização das práticas culinárias visando a otimização e o aperfeiçoamento); experimentação sensorial (introdução de instrumentos, métodos e ingredientes novos na cozinha profissional e doméstica); inovação (criação de novos pratos, com base na análise de iguarias clássicas); e divulgação que consiste na apresentação desta ciência ao público.



Das criações originais da casa destacamos a salada "Mar Português", feita com Carpaccio de bacalhau defumado em especiarias, cubos de abacaxi confitado com cardamomo, folhas orgânicas e páprica nórdica com um toques de lavanda e sal rosa; e o Bacalhau das Astúrias com 500g de lombo imperial sous-vide, legumes orgânicos grelahdos e molho branco suave de natas finalizado em forno de pedra sobre massa de pão medieval.  Esta criação originou-se de uma revisão histórica datada do ano de 711 d.C., quando os mouros conquistaram o atual território de Portugal e os cristãos se refugiaram-se para o reino das Astúrias. O prato buscou reproduzir as características e ingredientes de época.



Outras especialidades são os cortes bovinos: filé de Chorizo Angus; filé de picanha Angus; Prime Rib e o famoso Shor Rib de 550g acompanhados de risoto de limão Siciliano com queijo mascarpone e o risoto de cerveja preta. Destacam-se ainda os filés Kobe-Wagyu em suas versões: Bife Ancho, Assado de Tira e o New York Steak.



O “Kobe Beef” é proveniente do gado japonês exportado para o mundo pelo porto de Kobe. Animais especialmente selecionados cuja alimentação é balanceada e o tratamento a base de massagem e música clássica. Por estas e outras razões a gordura da carne infiltra-se entre as fibras musculares formando desenhos “marmoreio” que se assemelham as riscas de uma pedra mármore. O sabor da carne tem uma relação direta com seu teor de gordura, é por este motivo que a picanha e o cupim dos cortes tradicionais de bovinos são tão apreciados no Brasil. Quando o Kobe Beef é preparado, as gorduras intersticiais derretem sobre as fibras musculares deixando a carne suculenta e saborosa proporcionando equilíbrio perfeito entre suculência, maciez, paladar e aroma.
O bar do restaurante Pedra Pura também não foge a essência da casa. O “Beba-me se Puder” é o drink que representa melhor esta característica, trata-se de um digestivo feito com ervas e licores secretos, servido em taça defumada com especiarias e limão siciliano, assista o vídeo.


Dentre outras bebidas destacam-se as apreciadas Caipirinhas Contemporâneas como: a de Banana com aguardente de uva, a de Morango com pimenta e chocolate, a de Cranberries com vinho Madeira e a de Abacaxi com Absinto.
Para saber mais sobre este fascinante restaurante araçatubense, só conferindo de perto suas especialidades. Havendo uma ocasião especial ou simplesmente se estiver cansado da rotina, experimente as ousadas combinações do cardápio do Pedra Pura. 

Um excelente domingo e até breve!

SERVIÇO: segunda a sexta das 18h às 0h30, sábados 11h30 à 0h30 e aos domingos das 11h30 às 16h. Aceita Reservas. Fones: (18)33058421 / (18)33058422. E-mail: sac@pedrapura.com.br. Facebook page.

sábado, 26 de outubro de 2013

Geração coca-cola descartável

* Jornalista e Turismólogo
Quando Renato Russo gritou, com sua voz de trovão, que éramos da geração coca-cola, talvez sua esperança de ver o mundo novo não deixou que ele percebesse, de imediato, que poderia ser pior. Vejo hoje, desfilar em shoppings e avenidas, a geração coca-cola em embalagem descartável. Nada é aprofundado e ‘para sempre’ para meninos e meninas que aprenderam, desde pequenos, a não concertar os brinquedos, mas sim substituí-los por novos.


Quem ainda não viu, deve correr para ver o filme “Somos tão jovens”, assinado por Antônio Carlos de Fontoura. Ao contar a história do líder do Legião Urbana, o cineasta mostra também a formação da minha geração. Nascemos em um regime de exceção e tivemos que aprender o que é liberdade à fórceps. A revolta latente pela redemocratização entrou pelos nossos poros e a gente também queria mudanças, mesmo sem saber para onde ir.

Em contraste, temos hoje uma geração mais voltada para si mesma, justamente vivendo a atitude pequeno burguesa contra a qual Renato Russo sempre vomitou seus versos. Não somos mais somos os filhos da revolução e cada vez menos somos burgueses sem religião, apesar de sermos o futuro da nação.

Talvez, Renato, depois de vinte anos na escola não conseguimos aprender todas as manhas do jogo sujo deles. Não fizemos nosso dever de casa e eles não viram a nossa reação. Não fizemos comédia no cinema com as leis deles. Nossa revolta é que virou um belo filme. 

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

X BIENAL DE ARQUITETURA DE SÃO PAULO

*Graduando em Arquitetura e Urbanismo pelo Mackenzie


Acontece em São Paulo, nos meses de outubro e novembro, a X Bienal de Arquitetura de São Paulo. Nessa edição, o tema é: "Cidade: Modos de Fazer, Modos de Usar", e reúne exposições e debates divididos em outros sete locais, como o Masp e o Museu da Casa Brasileira, além de pontos paralelos.

Discutindo o espaço público e a mobilidade urbana, a edição deste ano traz mostras de fotos e vídeos, como "Brasil: O Espetáculo do Crescimento" e "Detroit: Ponto Morto?", além de contar com a projeção de vídeos voltados para o tema urbano no vão livre do Masp, ocupar a estação Paraíso do metrô com o "Projeto Encontros" e promover debates e outras atividades em diversos pontos da cidade.

Há exposições interessantes, como por exemplo: Detroit: ponto morto?
Aqui, o declínio da cidade norte-americana de Detroit é retratada como símbolo do colapso do mundo industrial e fordista. Com a ruína da cidade, que foi sede da indústria automobilística mundial, proliferam atividades colaborativas ligadas à agricultura de subsistência.

E há também: China: o mundo renderizado
País que mais cresce dos pontos de vista econômico e urbano no mundo, a China apresenta fenômenos intrigantes no cenário atual. De um lado, cidades como Shenzhen, cujos parques temáticos clonam as imagens de outros lugares do mundo. De outro, Ordos Kangbashi, cidade construída para 1 milhão de habitantes, e ainda praticamente vazia. Se Detroit é a "cidade fantasma" do passado, Ordos é o seu equivalente no futuro.

Ao refletir sobre a cidade contemporânea, a X Bienal de Arquitetura de São Paulo incorpora a questão urbana na sua própria estrutura, dando à arquitetura um papel coadjuvante. Ao mesmo tempo que visita as exposições e eventos em espaços diversos, o público tem a experiência viva da cidade. Pra ser mais honesto, nesse ano, a bienal poderia ser chamada de Bienal de Urbanismo de São Paulo.

Aqui tem o site do evento com a programação completa: 

http://www.xbienaldearquitetura.org.br/

Se você estiver em São Paulo durante os dias do evento, visite alguma programação!

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

RENATA MADEIRA

* Artista Plástica e Contadora de Histórias

Olá meus amigos, tudo bem?
Continuando com essa nossa saga de conhecer os artistas de nossa terra, hoje quero apresentar para vocês um dos importantes nomes das artes plásticas de Araçatuba. Apesar de não mais morar em Araçatuba, foi aqui que por muitos anos trabalhou e ensinou arte a crianças, jovens e adultos em seu ateliê.

Eu estou falando de Renata Solci Madeira Cruz, ou Renata Madeira, como é conhecida artisticamente. Renata é formada em Comunicação Visual pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" - UNESP de Bauru, cursando, em seguida, a faculdade de Educação Artística pela UNAERP – Ribeirão Preto. Em 1993 frequentou a Universidade Complutense de Madrid/Espanha e entre 1994 e 1995 foi orientada pelo Prof. Evandro Carlos Jardim, além de frequentar o curso de gravura no Museu de Arte Contemporânea – SP. Em 2002 e 2003 participou do curso de pós-graduação em Arte Integrativa da Universidade Anhembi Morumbi – SP.

Renata Madeira, juntamente com outros artistas araçatubenses, idealizou e executou a instituição da APLA - Associação dos Artistas Plásticos de Araçatuba, que por alguns anos promoveu encontros e cursos com nomes importantes da arte contemporânea no Brasil. Seu trabalho extrapola ao campo das artes visuais, tendo publicado o livro literário "A linha e a superfície”, em 1996. 

Entre as exposições de que participou, destacam-se: Exposição Coletiva do governo do Estado de São Paulo – Campinas, 1988; Exposição Casa do Brasil – Madrid/Espanha, 1993; Bienal Paulista de Arte Contemporânea – Campinas, 1994; Itaú Cultural Penápolis, 1995; Mostra Latino-Americana de Gravura – Campinas; Exposição Espaço Henfil – São Bernardo do Campo, 1996; Prêmio aquisição Salão Presidente Prudente, 1997; Salão de Arte Contemporânea – Santo André, 1997; Márcia Porto e Renata Madeira – Araçatuba Shopping, 2003; "Araçatuba com Arte" - Catálogo e Mostra Coletiva, idealizada e coordenada por Antonio Luceni, entre outras.

Espero que, assim como eu, vocês tenham gostado de conhecer essa excelente artista. Abaixo, alguns trabalhos delas. Um forte abraço e até a próxima semana.









quarta-feira, 23 de outubro de 2013

CINEMA, UMA HISTÓRIA QUE ENSINA...

* Professora universitária e mestre em Mídias Digitais
No mês dos professores, eles foram homenageados e estiveram nas ruas, gritaram e protestaram quanto à forma com que são tratados em nosso país. Os textos anteriores retrataram exemplos de professores de todos os tipos: doces e bravos, tradicionais e irreverentes, mas hoje quero lembrar os professores informais. Isso mesmo, os que estão dentro de casa, que não estudaram para ser professores, mas educam como mestre.

Um filme, na maioria das vezes, é algo positivo: é atrativo, traz entretenimento e reflexão ao mesmo tempo. A sétima arte ainda pode retratar processos de aprendizado bem-sucedidos.  Nem sempre as lições e o aprendizado vêm dos grandes campeões de bilheteria, por isso os filmes que mais proporcionam aprendizado - e são pouco aclamados pela critica e público - são conhecidos como “filmes de arte”; eles não conseguem atingir as massas e, às vezes, acabam sendo um esforço sem grandes resultados, mas eles estão espalhados pelas telas e vale conferir.

Um bom exemplo é Mary e Martha: Unidas Pela Esperança; o filme não é uma superprodução de Holywood, mas tem uma história fantástica onde Mary (Hilary Swank) e seu filho se mudam para África. Na tentativa de proteger seu filho George do bulling que sofria na escola. Mary passa a ser sua professora e a sala de aula passa a ser o cenário da África. George contrai malária e morre, a exemplo de outras milhares de crianças. Logo Mary conhece Matha, que também perdeu seu filho no mesmo local e pelo mesmo motivo. Juntas, elas tentam sobreviver e encontram forças na luta para tentar impedir que outras famílias sofram deste mal, assim como elas. A fotografia do filme é linda e sua trilha sonora envolvente; possui várias cenas que provocam profunda reflexão, e não é apelativa. O drama dá uma boa chacoalhada, prepare-se.

Outro filme envolvente, mas que, diferente do anterior foi aclamado pelo publico, é Um Sonho Possível, baseado em uma história real, apresenta a vida de Michael Oher (Quinton Aaron) que é um jovem negro, filho de mãe viciada e sem lugar para morar. Com vocação para o esporte, um dia é observado pela família de Leigh Anne Tuohy (Sandra Bullock), enquanto procurava abrigo para dormir longe da chuva. A família milionária convida Michael para passar a noite em sua casa, mas ele não imaginava que esse dia mudaria sua vida para sempre. O elenco fez bonito e Sandra Bullock levou a estatueta do Oscar por provar com seu papel que ainda existe gente boa no mundo.

A fórmula do filme ajudou emplacar nos EUA: personagem real, ídolo futebol americano e o componente "pobreza" deram certo, não só lá, no Brasil também. O filme foi sucesso nos cinemas. Emocionante, às vezes faz lacrimejar os olhos; bonito de se ver e difícil de acreditar em tamanha dedicação de uma mulher ao assumir um novo filho e lutar por suas oportunidades. Um Sonho Possível, considerando os dias atuais, revela uma bondade tão bonita, que até assusta; parece impossível existir e apresenta a história de uma família que, abrindo seus corações e derrubando preconceitos, se transforma para sempre.


Pois bem, é isso aí: não importa quem ensina e como ensina, mas sim o que ensina. E para essa semana  a tarefa de casa é escolher entre um clássico, drama, cult ou popular aquilo de que você mais gosta e assiti-lo. O importante é aprender uma lição que nos modifique para o resto da vida. 

Até a próxima semana!

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Talibã e Malala, Feliciano e gays, Ciência e ética

*Jornalista e escritor

Ganhou voz pelo mundo a jovem paquistanesa Malala, vítima de atentado do talibã, em outubro do ano passado, por defender o direito de mulheres terem acesso à educação. Ela e outras muitas garotas levaram vários tiros a caminho da escola, mas sobreviveram. A garota acabou virando símbolo no mundo todo da luta e resistência a um regime castrador, preconceituoso e desumano. A trajetória da menina já virou livro e ela foi uma das indicadas para o Nobel da Paz.

Semana passada, Marco Feliciano e sua trupe aprovaram na Comissão de Direitos Humanos, uma proposta de lei que proíbe a entrada e/ou permanência de homossexuais em templos cristãos, sob o argumento de se protegerem de protestos ou coisa que valha em suas reuniões. Sendo assim – e em a proposta sendo concretizada – daqui algum tempo fazer parte de uma igreja evangélica ou católica não será para qualquer um, mas para um público específico.

Também ganhou visibilidade a ação feita por alguns ativistas de São Roque, interior de São Paulo, que resgataram dezenas de cachorros da raça beagle do laboratório do Instituto Royal, alegando que os animais sofriam maus tratos. O fato é que, segundo consta, o laboratório funcionava com autorização, os animais foram criados para fins científicos e todos, conforme podemos observar nas cenas veiculadas pela mídia, aparentavam boas condições físicas.

Você, a esta altura, deve estar se perguntando o que tem a ver uma coisa com a outra. Aí eu respondo: INTOLERÂNCIA.

No caso da garota Malala, intolerância social, cultural e religiosa, numa sociedade altamente machista e preconceituosa que, em pleno século XXI, ainda vê a mulher como objeto de procriação, como uma máquina de lavar, passar e cozinhar e que – esse é o grande motivo da intolerância – não quer abrir mão do status e do poder para um “ser inferior”.

Já o fatídico e recalcado deputado Marco Feliciano, bem como toda sua trupe, usa da conveniência de um discurso raso, populista, arbitrário e homofóbico, portanto NADA CRISTÃO, para galgar à reeleição com votos de pessoas que, comungando de seu “pensamento”, fazem perpetuar a intolerância, o desrespeito e desamor, elementos que não deixam resplandecer a luz do evangelho em suas vidas.

Por último, invadir instituições de pesquisa, órgãos legitimamente estabelecidos e que contribuem para o avanço e melhoria da humanidade - afinal, nessa história toda, o ser humano, penso, deve ser o maior beneficiado -, por conta de uma crise emocional e ética, não converge muito com o chamado “mundo desenvolvido”. Se há problemas no tratamento dispensado aos animais, se há alguma lei ou norma sendo infringidas, que sejam tomados os caminhos legais para tal.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Nosso "Poetinha" faz aniversário

*Educadora Musical e Regente de Coral, formada pelo Conservatório de Tatuí

Soneto do Amor Total                                                                                                                                                                                 (Vinicius de Moraes)

Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

     
Nesse ano estamos comemorando datas de nascimento e morte de vários músicos extraordinários, e não poderíamos deixar de falar do centenário de nascimento de nosso grande poeta Marcus Vinícius da Cruz de Mello Moraes – Vinícius de Moraes.

Ele foi diplomata, jornalista, dramaturgo, poeta e compositor brasileiro. Nasceu em 19 de outubro de 1913 no Rio de Janeiro e faleceu em 9 de julho de 1980, também no Rio, devido a problemas e isquemia cerebral.

A história de Vinícius e suas parcerias musicais são de uma qualidade ímpar. Uma dessas parcerias que, com certeza se eternizou pela excelência, foi “Garota de Ipanema”, com Tom Jobim. Essa música é conhecida no mundo todo, tornou-se um “hino” da música popular brasileira, sendo regravada por nomes ilustres como Frank Sinatra.


Formou-se em Direito, mas não exerceu a advocacia. Trabalhou como censor cinematográfico, época em que ganhou uma bolsa de estudos para Londres. Estudou inglês e literatura na Universidade de Oxford, trabalhou na BBC londrina até 1939.

Como Diplomata, trabalhou nos Estados Unidos e em Paris, depois em Montevidéu. Voltou ao Brasil em 1964 e, no ano de 1968, ele é aposentado pelo Ato Institucional Número Cinco (AI5). Jamais parou de escrever, mesmo trabalhando como diplomata.

Quando ele retornou ao Brasil, após sua aposentadoria, passou a dedicar-se exclusivamente à poesia e à música. A obra de Vinícius é vasta, abrangendo a literatura, música e cinema. Seus principais parceiros musicais foram: Carlos Lyra, Toquinho, Tom Jobim, Baden Powell, João Gilberto e Chico Buarque.

Entre suas obras, podemos destacar a trilha sonora do filme Orfeu Negro, que foi premiada com a Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Na parceria com Edu Lobo, ele ganhou o Primeiro Festival Nacional de Música Popular Brasileira com a música “Arrastão”. Em 1961, compôs a obra “Rancho das Flores”, baseada no tema “Jesus, Alegria dos Homens”, de J.S. Bach.

Vinícius de Moraes era intenso, muito romântico, era um pai amoroso e dedicado, um amigo fiel e ciumento. 

Era também famoso por fazer seus shows sempre com um copo de uísque na mão e por seus inúmeros casamentos. Casou-se nove vezes e teve cinco filhos.

Essa homenagem aos amigos é uma “belezura”:

“Eu talvez não tenha muitos amigos.

Mas os que eu tenho são os melhores que alguém poderia ter.

Além disso, tenho sorte, porque os amigos que tenho têm muitos amigos e os dividem comigo.

Assim o meu número de amigos sempre aumenta, já que eu sempre ganho amigos dos meus amigos.

Foi assim aqui, uns eu ganhei há tempos, outros são mais recentes.

E quem os deu não ficou sem eles, pois a amizade pode sempre ser dividida sem nunca diminuir ou enfraquecer.

Pelo contrário, quanto mais dividida, mais ela aumenta.

E há mais vantagens na amizade: é uma das poucas coisas que não custam nada e valem muito, embora não sejam vendáveis.

Entretanto, é preciso que se cuide um pouco das amizades. As mais recentes, por exemplo, precisam de alguns cuidados... Poucos é verdade, mas indispensáveis.

É preciso mantê-las com certo calor, falar com elas mais amiúde e, no início, com muito jeito.

Com o tempo elas crescem, ficam fortes e até suportam alguns trancos.

Prezo muito minhas amizades e reservo sempre um canto no meu peito para elas.

E, sempre que surge a ocasião, também não perco a oportunidade de dar um amigo a um amigo, da mesma forma que eu ganhei.

E não adiantam as despedidas, de um amigo ninguém se livra fácil.

A amizade, além de contagiosa, é totalmente incurável.”

Vinicius de Moraes

Se formos falar da vida e obra desse grande mestre brasileiro, ficaríamos aqui por muito tempo, mas é preciso destacar mais uma “via” de suas criações e parcerias de sucesso: Com Toquinho, talvez a parceria mais produtiva, compôs: “Aquarela”, “A Casa”, “As Cores de Abril”, “Maria Vai com as Outras”, “Morena flor”, “A Rosa Desfolhada”, “Para Viver Um Grande Amor” e “Regra de Três”.  Dentro das obras criadas para as crianças temos o álbum “Arca de Noé”, lançado em 1980, e que contou com vários intérpretes. Esse álbum é conhecidíssimo, pois originou um especial para a televisão brasileira.

Músico brasileiro de excepcional riqueza poética e criação diversificada, que caminhava dos temas de amor, para temas infantis, além de falar em suas canções e poesias sobre temas sociais do seu tempo. Um exemplo claro do envolvimento do “Poetinha” com a sociedade e suas lutas foi a parábola “O Operário em Construção”, um dos maiores poemas de denúncia da literatura nacional.

Quero terminar nossa conversa de hoje compartilhando com vocês uma das parcerias “românticas” que
mais gosto:

“Se todos fossem iguais a você” - Tom e Vinicius


Para quem quiser saber mais sobre a obra de Vinícius indico esse site:

http://www.viniciusdemoraes.com.br/

Até a próxima semana amigos.

domingo, 20 de outubro de 2013

PEDRA PURA - Uma casa portuguesa, com certeza!

*Professor universitário e mestre em Turismo e Hotelaria
Nas terras de além-mar “Brasil”, o restaurante que apresento hoje é homônimo ao do Português “Pedra Pura”, que havia em Lisboa, às margens do Rio Tejo. Serviu como fonte inspiradora e de aprendizado para a Chef Executiva Maria Cecília Bombarda, que morou em Portugal por seis anos a fim de “beber da fonte” da culinária alentejana, onde, intensivamente, aprendeu os segredos e encantos da cozinha portuguesa clássica e atual.


Ao regressar ao Brasil, juntamente com o Chef Fabio Bombarda, seu filho, empreenderam o projeto de um restaurante diferenciado, que não fosse classificado apenas como um restaurante lusitano especializado em bacalhau. O sonho tornou-se realidade e, atualmente, eles comandam o “Pedra Pura”, este extraordinário bar e restaurante português, localizado na rua Cristiano Olsen, 2226 - Higienópolis, Araçatuba (SP); uma casa portuguesa de petiscos e pratos típicos que, além do exclusivo bacalhau importado, elaborado em suas variações clássicas nos apresentam criações contemporâneas de outras carnes nobres e diferentes peixes.

A casa tem arquitetura externa imponente; sua construção é arrojada e foi planejada e construída ao longo de três anos, para melhor atender aos propósitos do restaurante e seu exigente público. O ambiente interno é requintado e acolhedor, setorizado em três especiais espaços: o salão central; o mezanino, mais exclusivo e uma envolvente varanda. A notoriedade do estabelecimento fez com que, em tão pouco tempo de funcionamento, uma freguesia regional, distante 200km, se deslocasse com fidelidade para apreciar a diferenciada comida.

O serviço é primordial, trinta funcionários aproximadamente compõem a “brigada de cozinha” e “salão”, são necessários para atender toda a produção do cardápio e servi-los com excelência, é um ponto de honra para os proprietários “a excelência do bem servir”.
Aqui vele a pena fazer um parêntese para explicar a terminologia de “Brigada” que é como são chamadas as equipes de cozinha e sala em restaurantes profissionais, hoje em dia difícil de encontrar como aqui no restaurante Pedra Pura.

Os termos utilizados para designar as funções são de origem francesa. A palavra “Chef", por exemplo, é uma abreviação do termo francês "chef de cuisine" que, por sua vez, se origina do latim "caput" cabeça. Atualmente o termo é usado de maneira livre para indicar profissionais da cozinha. O segundo na linha de comando é o “Sous-Chef”, assistente e substituto do chef, ele é responsável pela supervisão da equipe e encarregado do treinamento dos auxiliares. O Chef de Partie é o chefe de praças (áreas da cozinha), função responsável pela produção e finalização dos pratos. Em outras funções estão: o Saucier no prepara dos molhos, salteados e braseados; Rôstisseur, que prepara carnes e aves assadas; Grillardin, prepara os grelhados; Pâstisseur, prepara massas e doces; Garde Manger é o responsável pela cozinha fria (patês, terrines, canapés, saladas e molhos frios); Boucher, se responsabiliza pela desossa e  cortes de carnes e aves; Entremetier, responsável pelas guarnições (carboidratos, amidos, ovos e frituras de imersão); Tournant, trabalha onde for necessário, deve dominar todas as técnicas para substituir qualquer uma das funções; Legumier, prepara os legumes; Poissonier, prepara os peixes; Potager, prepara os consomes, caldos e sopas; Aboyeur, responsável por "cantar" as comandas para a cozinha, e dessa função depende todo o funcionamento do turno; os Commis, aprendizes ou ajudantes de cozinha trabalham sob supervisão do sous-Chefe; e não menos importante o Plongeur que realiza a limpeza pesada.

O serviço é primordial, trinta funcionários aproximadamente compõem a “brigada de cozinha” e “salão” para atender toda a produção do cardápio. Servi-los com excelência é um ponto de honra para os proprietários.



O cardápio traz em todas as sessões pratos clássicos e contemporâneos; destacam-se entre os clássicos: o tradicional bolinho de bacalhau, servido à moda de Lisboa, acompanhado de geleia de pimenta; caldo verde, receita da região d’ouro, datada de 1735; bacalhau estoril, elaborado com lombo imperial assado com amêndoas; sardinhas portuguesas, assadas na brasa; bacalhau em natas de Lisboa, diga-se de passagem o meu predileto; bacalhau à Gomes de Sá, feito com lombos inteiros de bacalhau grelhado; bacalhau à largareiro, lombo premium de bacalhau imperial (Gadus Mohua) grelhado lentamente no azeite, sal, pimenta acompanhado de batatas ao murro; bacalhau à Braz, feito com lascas, ovos mexidos e batata palha; bacalhau as lacas “Vá se lascar” salteadas em azeite português com ervas e servida em um caçarola com batatas; e o tradicional pastelzinho de Belém. 




Além do verdadeiro banquete português, a casa possui uma rica carta de vinhos portugueses, dos da região do Dão aos fortificados vinho do Porto, para todos os paladares e um rico rol de drinks exclusivos que trataremos no próximo artigo quando descreverei os pratos contemporâneos e outras especialidades da casa.

Um excelente e saboroso domingo ao som de um fado!

SERVIÇO: Segunda a sexta, das 18h às 0h30, sábados 11h30 à 0h30 e aos domingos das 11h30 às 16h. Aceita reservas. Fones: (18)3305-8421 / (18)3305-8422. E-mail: sac@pedrapura.com.br.

sábado, 19 de outubro de 2013

Língua Portuguesa: por que as diferenças?

* Professora de Língua Portuguesa e escritora
  
Muitas vezes nos pegamos a pensar nas diferenças entre a Língua Portuguesa praticada nas diversas regiões onde ela foi disseminada, mormente entre Brasil e Portugal.



Estive a observar isso quando participei da seleção de contos dos concorrentes ao Concurso de Contos “Cidade de Araçatuba”, ocasião em que recebemos textos de outros lugares (como da África e de Portugal) onde se fala e se escreve o Português. Como lemos as histórias contadas por escritores de diversas regiões, notamos diferenças em sintaxe, vocabulário, e até no estilo da narração. As mais acentuadas, porém, é no vocabulário, com certeza.

Estudiosos do assunto apontam muitas causas para que isso aconteça e, entre elas estão: a distância geográfica entre os falantes, os diferentes tempos da existência do povo de cada lugar, as miscigenações, as influências da cultura e do costume de cada imigrante.

Mesmo aqui no Brasil, país de tão vasto território, há diferenciação entre o Português falado (e por consequência o escrito) nas diversas regiões de norte a sul, do leste ao oeste. As semelhanças, porém, ficam por conta de regras que regem o uso da língua lusitana e garantem a unidade necessária para que ela não desapareça de vez, com o passar do tempo, pois a morfologia e a sintaxe, a estrutura e a formação das palavras e a fonética são o ponto de apoio de qualquer língua.

No entanto as diferenças existem porque a língua falada é dinâmica e tem uma força descomunal na evolução (ou na revolução) do sistema linguístico, principalmente pela adequação de vocabulário e fonética no linguajar de cada povo, de cada região.

Mas voltando aos textos dos contos de escritores dos lugares onde a língua Portuguesa é oficializada, chamou-nos especial atenção a preservação dos fatores gramaticais citados, assim como a coerência entre os diferentes escritos, causando-nos a sensação de proximidade, mesmo que muitos autores estejam distantes, aqui no Brasil ou fora dele. O falar e escrever a mesma Língua Portuguesa torna-nos oficialmente irmãos na comunicação de nossas ideias.

Faz-se necessário, porém, lembrar que ao escrevermos, nós que nos dedicamos a isso, temos o dever moral de não deixar morrerem as palavras perdidas de nossa Língua, de redescobri-las em nossos textos, empregando-as adequadamente, como nos diz Joel Silveira em seu texto, As Palavras: ”As palavras, há tanto tempo sem uso, tenho de descobri-las, ir buscá-las na memória enevoada.......... Eram tantas, sentiam-se asfixiar, queriam a liberdade – e se libertavam.”

Libertemos, portanto, as nossas palavras de suas jaulas, onde quer que estejamos: cultivemos a Língua Portuguesa.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

TADAO ANDO

*Graduando em Arquitetura e Urbanismo pelo Mackenzie

Carpinteiro, boxeador e arquiteto. Tadao Ando é um autoditada que aprendeu arquitetura com a vida. Pelo que vemos em sua obra, Ando foi um excelente aluno. A falta do pedigree que a criação fora da universidade outorgou ao arquiteto não o impediu de se tornar um dos mais importantes nomes da arquitetura do século XX. Durante a adolescência, a escola não lhe parecia muito atrativa, e a carpintaria foi a principal influência que o levou à arquitetura.

Mas as constantes viagens aos Estados Unidos e à Europa colocaram Ando em contato com a arquitetura de Le Corbusier. Essa incrível mistura entre a arquitetura moderna ocidental e a tradicional arquitetura japonesa dá um caráter especial ao trabalho do arquiteto. Uma sensibilidade às necessidades contemporâneas amalgamadas aos signos de uma cultura milenar. Modernidade e tradição. Luz e matéria. 

Suas obras são frequentemente composições formadas de justaposições de formas geométricas puras, aparentemente estáticas e autossuficientes, como por exemplo, a Igreja da Água. A relação entre o construído e a natureza circundante, o transparente e o opaco, o cheio e o vazio, a luz e a sombra é capaz de sintetizar, com extrema maestria, simbolismos e liturgia de uma religião que não lhe pertence. 

Coisa parecida acontece quando Ando projeta a Igreja da Luz. Um paralelepípedo de concreto armado, no qual em uma das paredes menores, a do altar, foi talhada uma cruz em toda a espessura da parede. Esse é o único chamado à simbologia cristã dentro da igreja, entretanto suficiente. Abaixo, separei algumas fotografias da Igreja da Água e um vídeo da Igreja da Luz. Para quem quiser saber mais desse arquiteto, vale a pena uma pesquisa.

Forte abraço e até a próxima semana!

Igreja da Água - Vista externa I

Igreja da Água - Vista externa II

Igreja da Água em cena de inverno

Igreja da Água em cena de final de tarde
Igreja da Luz

Assista, no link abaixo, uma apresentação virtual da Igreja da Luz. Vale a pena.
http://vimeo.com/32084476