domingo, 25 de outubro de 2009

O ESSENCIAL É INVISÍVEL AOS OLHOS...


Minha história de leitura é muito parecida com a de milhões de brasileiros que, infelizmente, não tiveram nem terão acesso a esse universo que, em minha opinião, é dos mais significativos e importantes: o da leitura.
O primeiro livro que ganhei na minha vida foi um que descrevia o processo de fabricação de azeite de forma artesanal. Meu pai o encontrou jogado no departamento de deteriorados do Shopping Eldorado em São Paulo e o trouxe para mim. Um livrinho bobo, de um assunto desinteressante (acho que quando comecei consumir azeite de verdade já estava com os primeiros fios de barba), mas que marcou meu contato com esse objeto. Levava-o para cima e para baixo sob o braço, como um troféu.
Depois, vieram outros por intermédio da escola – bem poucos é verdade, mas que mexeram comigo de formas diferentes. Um dos que li por iniciativa própria e que até hoje nunca consegui me desligar dele foi o Pequeno Príncipe do francês Antoine de Saint-Exupéry. “O essencial é invisível aos olhos”, “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”, entre outras frases e pensamentos ficaram imortalizadas na voz dessa personagem. Cada vez que releio esse livro algo novo brota dele para dialogar comigo.
Acho que me identifiquei com o menino loirinho, que sai pelo universo viajando e conhecendo os mais peculiares lugares e interessantes pessoas... Com o menino que tem uma rosa de estimação (já falei também do meu apreço por plantas, principalmente por flores!) e que sempre está aberto para o novo, para as pluralidades da vida...
Em São Paulo, no Parque do Ibirapuera, até 20 de dezembro acontece a exposição “O Pequeno Príncipe na Oca”, em comemoração ao ano da França no Brasil e em homenagem aos 66 anos da publicação da referida obra. Estive lá. Está maravilhosa. Desde a entrada os visitantes são surpreendidos com a compra do ingresso que sugere uma passagem área. Durante toda a mostra há espaços interativos em que visitantes e personagens se confundem...
Senti-me criança outra vez e, como eu, outros adultoinfantes enchiam a Oca. Autor e personagem são apresentados ao público pela a paixão que lhes é comum: viajar. E nessa viagem também somos passageiros dos dois: nas aventuras de cada um deles, na paixão que têm pelo ser humano, pelo planeta terra e tudo que nele há.
Foi muito bom ter mais esse tipo de contato com o livro. Se já o amava de paixão, agora ainda mais. Porque, como dito, o essencial é invisível aos olhos.

Antonio Luceni é mestre em Letras e escritor, membro da União Brasileira de Escritores – UBE.

domingo, 11 de outubro de 2009

Criança é demais!!!


Antonio Luceni
aluceni@hotmail.com
www.antonioluceni.blogspot.com

“Criança é demais... eu fui aprendendo com elas, aprendendo, aprendendo...”
Tatiana Belinky

Não, não sou o lobo mau!!! Por mais cacófano que o título possa ser!!! A ideia é pensar a vida a partir da ótica de uma criança, mas sem ser Peter Pan...
Ser uma criança no olhar limpo. Já reparou como criança se interessa por tudo? Qualquer coisa, por mais estranho e desinteressante que seja pra nós. Daí surgem perguntas que a gente não sabe muito bem como responder. Por isso penso que devemos imitá-las nesse sentido e conservar nosso olhar limpo para o mundo, retirando dele as mais sutis e delicadas cenas. O poeta é assim...
Ser perspicaz como uma criança. Lembro-me de uma vez, numa sala de primeira série, no início da minha atuação no magistério, uma classe tagarela e uma bronca: “Todo mundo quieto, olhando para o caderno, já!’’. E uma voz miudinha da primeira carteira: “Podemos olhar pra lousa pelo menos?!”. Quase soltei a gargalhada!!!
Olhar a vida com mais humildade. Quantas vezes eu meus irmãos passamos dificuldades... Para nos alimentarmos, para nos vestirmos... Quantas passadas a pé, com um chinelo de cada cor, às vezes preso por um prego na parte da frente... Cá estamos todos, fortes, com a cara limpa, não nos envolvemos com drogas, não nos degladiamos, estamos todos juntos, um colaborando com o outro... (Fico triste quando vejo alguém jogar a culpa na vida ao invés de procurar melhorá-la).
Crianças e mais crianças... Tem mais crianças na família: a Julinha (minha Teiteitei), a Letícia (Pererequinha), todas minhas sobrinhas. A casa é outra com crianças. Fica tudo mais alegre, tudo mais colorido, tudo mais divertido... Como disse Tatiana Belinky: criança é demais!

Antonio Luceni é professor universitário e escritor, membro da União Brasileira de Escritores – UBE.