Já cantarolava Jobim "O morro não tem vez, mas se derem vez ao morro..." muita coisa pode acontecer. Nunca fui muito de pular carnaval. Na verdade, meu contato direto foi como Diretor de Cultura porque aí tinha que colocar a mão na massa, mesmo.
Com quem está na chuva é para se molhar (e não para se queimar, como diria Vicente Matheus!), sempre desenvolvi a tarefa com toda energia.
Agora, algo que sempre admirei era a organização como acontece o carnaval.
Prova de que se o "morro" tem vez ele consegue fazer algo de muito nível, de muito bom gosto e para mexer com todas as classes sociais.
Aliás, os de mais narizes torcidos estão lá, em camarotes vips para aplaudirem e reverenciarem a "ralé", os "pobretões". Talvez a empregada da madame chique esteja sobre um carro alegórico sendo aplaudida pela chefe; talvez o motorista seja o mestre de bateria que tanto empolga o senhor patrão; talvez o moleque que vez ou outra aparece na "casa branca" por que está doente seja um dos percusionistas que encanta o playboizinho-patrão.
Se o morro tivesse mais vez e voz quem sabe não teríamos um país diferente? Se todas as "classes" sociais fossem de fato somente uma: a do ser humano, quem sabe essa folia não durasse o ano todo com mais paz, harmonia e muito samba no pé? Quem sabe...