segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
domingo, 27 de fevereiro de 2011
O BRASIL É UMA PIADA (DE MAU GOSTO)
Antonio Luceni
aluceni@hotmail.com
Quando soube da notícia, achei melhor não comentar. Afinal, muitos seriam motivados a fazê-lo. Então, seria como chover no molhado, estimular redundância, mais do mesmo... Mas não me contive. Cá estou a comentar. Lógico. Quantas vezes já não me pronunciei aqui por estas linhas (e em toda minha vida profissional, já que fiz opção pela carreira) da maneira como educação é tratada em nosso País.
O deputado federal Francisco Everardo Oliveira, eleito por São Paulo – o estado mais rico e um dos mais desenvolvidos do Brasil, será um dos membros da Comissão de Educação e Cultura da Câmara. E qual o problema? Bom, digamos que o referido deputado é ninguém menos que o Tiririca. Isso, o “abestalhado”.
Até que gosto do Tiririca, na tevê. Ele é daqueles tipos de personagens que não são muito inteligentes nas piadas, não tem a agilidade e a perspicácia de um showman, não seduz seu ouvinte por muito tempo, mas é engraçado nos poucos e suficientes minutos que lhe cabem. A própria imagem – de um “abestalhado” – já é suficiente para arrancar-nos um pouco de risos.
Mas é só isso. Nada além disso.
Claro que foi eleito sob votos de protesto. Ele mesmo não esperava tal votação. Aliás, chegou a declarar em uma entrevista que nem tinha esperança de ser eleito. Mas olha aí o que dá voto impensado: colhemos de volta em forma de aberrações.
Membro da Comissão de Educação e Cultura. Pois é: retrato exato de como estas duas áreas são tratadas em nosso País. Gente despreparada, eleita em forma de brincadeira (sim, porque são dois extremos: de um lado gente que não vale a pena porque rouba dinheiro público, ignora as razões da coletividade a qual representa... de outro, gente alienada com as questões políticas, pois se quer sabe o que dizer, o que pensar, como agir...).
Sou de origem pobre também. Como Tiririca, também sou nordestino. Mas, diferente dele, procurei estudar, vencer as adversidades da vida por meio do intelecto (desde cedo percebi que com braços simplesmente não conseguiria nada). Cada coisa em seu lugar. Se ele buscou vencer na vida por meio de sua arte, o humor, já estava muito bem, ao lado de importantes outros nomes do humor nacional, em emissoras grandes da tevê pública brasileira. O que tinha de se meter com política?
Pois é, em nível nacional um de nossos representantes na Educação e na Cultura é um cidadão que, depois de tanta polêmica para assumir o cargo sob suspeita de ser analfabeto, demonstrou um nível de leitura e escrita irrisória, no limite do analfabetismo funcional.
Depois falam em Educação (vamos deixar de comentar Cultura) como prioridade em nosso Brasil. Não é preciso o Tiririca pra nos fazer rir, não é mesmo?
Antonio Luceni é mestre em Letras e escritor, Diretor de Integração Regional da União Brasileira de Escritores – UBE.
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
ONDE É QUE VAMOS PARAR?
RECEBI ESTE E-MAIL ESTA SEMANA E, COMO PENSO BEM PARECIDO COM ELE COM RELAÇÃO AO TEMA, RESOLVI PUBLICÁ-LO. VEJA SE VOCÊ CONSEGUE RESOLVER ESTE PROBLEMA!!
A Evolução da Educação
Antigamente se ensinava e cobrava tabuada, caligrafia, redação, datilografia... Havia aulas de Educação Física, Moral e Cívica, Práticas Agrícolas, Práticas Industriais e cantava-se o Hino Nacional, hasteando a Bandeira Nacional antes de iniciar as aulas.
Leiam o relato de uma Professora de Matemática:
Semana passada comprei um produto que custou R$15,80. Dei à balconista R$ 20,00 e peguei na minha bolsa R$ 0,80 para evitar receber ainda mais moedas. A balconista pegou o dinheiro e ficou olhando para a máquina registradora, aparentemente sem saber o que fazer. Tentei explicar que ela tinha que me dar R$ 5,00 de troco, mas ela não se convenceu e chamou o gerente para ajudá-la. Fiquei com lágrimas nos olhos enquanto o gerente tentava explicar e ela aparentemente continuava sem entender.
Por que estou contando isso? Porque me dei conta da evolução do ensino de matemática desde 1950, que foi assim:
1. Ensino de matemática em 1950:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é igual a 4/5 do preço de venda.
Qual é o lucro?
2. Ensino de matemática em 1970:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é igual a 4/5 do preço de venda ou R$ 80,00.
Qual é o lucro?
3. Ensino de matemática em 1980:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é R$ 80,00.
Qual é o lucro?
4. Ensino de matemática em 1990:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é R$ 80,00.
Escolha a resposta certa, que indica o lucro:
( ) R$ 20,00 ( ) R$ 40,00 ( ) R$ 60,00 ( ) R$ 80,00 ( ) R$ 100,00
5. Ensino de matemática em 2000:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é R$ 80,00.
O lucro é de R$ 20,00.
Está certo?
( ) SIM ( ) NÃO
6. Ensino de matemática em 2009:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é R$ 80,00.
Se você souber ler coloque um X no R$ 20,00.
( ) R$ 20,00 ( ) R$ 40,00 ( ) R$ 60,00 ( ) R$ 80,00 ( ) R$ 100,00
7. Em 2012 vai ser assim:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é R$ 80,00.
Se você souber ler coloque um X no R$ 20,00.
Se você é afrodescendente, especial, indígena ou de qualquer outra minoria social não precisa responder.
( ) R$ 20,00 ( ) R$ 40,00 ( ) R$ 60,00 ( ) R$ 80,00 ( ) R$ 100,00
E se um moleque resolve pichar a sala de aula e a professora faz com que ele pinte a sala novamente, os pais ficam enfurecidos pois a professora provocou traumas na criança.
Essa pergunta foi vencedora em um congresso sobre vida sustentável:
"Todo mundo 'pensando' em deixar um planeta melhor para nossos filhos... Quando é que 'pensarão' em deixar filhos melhores para o nosso planeta?"
Passe adiante!
Precisamos começar JÁ!
Uma criança que aprende o respeito e a honra dentro de casa e recebe o exemplo vindo de seus pais, torna-se um adulto comprometido em todos os aspectos, inclusive em respeitar o planeta onde vive...
"Nenhum esforço se perde."
Louis Pasteur
domingo, 20 de fevereiro de 2011
DEVOLVERAM O QUE NOS ROUBARAM
Antonio Luceni
aluceni@hotmail.com
Acabou o horário de verão. Viva! Salve! Puft!! Pummmm!!
Devolveram o que nos roubaram. Aí ouvi de um amigo: “Ganhamos mais uma hora essa noite, não é?”. Aí respondi: “Não, não é!”. Ganhamos nada. Tiraram essa hora da gente lá atrás, quando essa historinha de horário de verão começou.
Já disse na ocasião e torno a repetir: quem inventou horário de verão não tem que acordar por ele. Sim, porque oh coisa tosca é essa de hora de verão. Alguém por acaso tem um botãozinho “off” que aperta para dormir quando chegam as 21h do dia? Alguém por acaso consegue dizer para si mesmo “está na hora de dormir porque você vai acordar cedo” e o corpo, como num passe de mágica, obedece.
A gente não dorme pelo horário de verão, mas como peões, subalternos e proletários temos que acordar por ele, passar o cartão de entrada e saída, ou no meu caso, passar o dedo sobre o maldito ponto digital. (Cada vez que faço isso me sinto um gado ferrado, um acéfalo, intelectual de meia-tigela, burocrata utilitarista, por mais que me sinta criativo, livre de cordões umbilicais ideológicos...).
Sim, devolveram o que roubaram de nós: aquela uma hora descontada perdida, engolida pelo horário de verão. Fiquei pensando também (sob a atmosfera do “devolve-se o que lhe foi tirado”) se vão me ressarcir imposto de renda, IPTU, IPVA, entre tantos outros impostos que não são aplicados de forma correta e que me beneficiem direta ou indiretamente. Afinal, tenho que pagar quase tudo de novo (plano de saúde, plano odontológico, seguro residencial, seguro de carro, educação...), sem usufruir do que deveria destes impostos.
Fiquei pensando se todos os políticos corruptos e, comprovadamente, fichas-sujas devolveriam aos cofres públicos todos os bilhões de reais que foram (e, infelizmente, são) desviados para paraísos fiscais nos diversos cantos do mundo. Só aí já daria para serem feitas mais escolas, mais postos de saúde, mais bibliotecas, mais hospitais, mais áreas de lazer, mais... mais... mais... Mas por que não devolvem? Ainda não lhes chegou o tempo? Ainda estão em horário de verão, sob sombra e água fresca das divinas tetas?
Fiquei pensando que senadores, deputados e vereadores pudessem seguir o exemplo do deputado federal José Antônio Reguffe, que abriu mão de salários extras de 9 assessores, além de outras verbas de gabinete, propiciando uma economia de mais de 3 milhões de reais aos cofres públicos no período de seu mandato.
Fiquei pensando que todo o tempo em filas de banco, das horas dependurado em um telefone tentando ser ouvido e assistido por as muitas multinacionais trambiqueiras que prestam um serviço porco para nós, usuários, poderia ser devolvido em forma de bons serviços prestados.
Fiquei pensando que há muito já deveríamos ter saído de um país “colônia de exploração” e passado a ser um País sério. Disse outras vezes, também por estas linhas, que temos que encontrar (e eu me incluo nessa luta) formas que conciliem os vários tipos de crescimentos no Brasil: econômico, cultural, intelectual, humanístico etc. etc. etc...
Fiquei pensando. Fiquei esperando. E, hoje, tive mais tempo para pensar nessas coisas todas porque devolveram aquela uma hora que tinham tirado de nós no início do horário de verão.
Antonio Luceni é mestre em Letras e escritor, Diretor de Integração Regional da UBE (União Brasileira de Escritores).
GANHADORES DO LIVRO
Adorei os textos encaminhados por nossos escritores na promoção da semana passada. Foi difícil escolher os ganhadores, já que todos os textos são muito bons. Até poema saiu!
Mas pelo critério de "adequação à proposta" feita, ou seja, uma história pessoal sobre chuva, as duas vencedoras são:
SYLVIA SENY
E RITA LAVOYER
Obrigado ao Massato Ito e à Neida Rocha pelos lindos textos enviados.
CONTINUEM PARTICIPANDO E DIVULGANDO ESTE BLOG PARA SEUS CONTATOS.
ANTONIO LUCENI
ABAIXO, TODOS OS TEXTOS:
Choveu de espumar
Sylvia Seny
O causo é verídico.
Estava em plena adolescência, na fase em que os hormônios e o coração dançam no mesmo ritmo. Éramos bons amigos até então. Bom, nem tão amigos assim...!
Eu já tinha uma quedinha por ele, e ele era um tanto tímido.
Numa conversa no ônibus, (que eu pegava propositalmente no mesmo horário que ele) na volta do trabalho, marcamos um cinema para o sábado próximo.
Só que o passeio não aconteceu porque ele tinha que ser guia turístico para a mãe que acabara de chegar a São Paulo e queria visitar uns parentes.
Numa conversa no ônibus, (que eu pegava propositalmente no mesmo horário que ele) na volta do trabalho, marcamos um cinema para o sábado próximo.
Só que o passeio não aconteceu porque ele tinha que ser guia turístico para a mãe que acabara de chegar a São Paulo e queria visitar uns parentes.
Mas, o programa não foi frustrado totalmente, eu fui insistente, remarquei o compromisso pro domingo.
Bem, o encontro para ir ao cinema em Santo André seria no bairro onde minha irmã morava. Fui dormir na casa dela no fim de semana. No entanto, as dificuldades estavam apenas começando. Minha irmã saiu no domingo e eu estava jogando vôlei na rua, tive que pular a janela pra tomar banho e trocar de roupa.
Só que esqueci minha bolsa no quarto dela e, como ele costumava ficar trancado, não tinha hidratante de pele, nem perfume à vista. Tive que improvisar.
Uma amiga, na época do ginásio, tinha o costume de molhar o sabonete e passar a espuma na pele. Ela dizia que isso hidratava. Eu acreditei! Quase toda dura de sabonete, penteei o cabelo, vesti a roupa de minha irmã que estava à mão e fui ao cinema assistir "Uma cilada para Roger Rabbit".
Mal sabia eu que a cilada era para eu mesma!
Toda tímida, pegamos o ônibus rumo ao centro de Santo André. No caminho caiu o maior toró, eu já estava apreensiva porque achava que ele observava muito as moças dentro do ônibus. Pensei: “Isso não vai virar nem um beijo, quanto mais namoro".
Quando chegou no ponto pra desembarcar, a chuva apertou mais e começamos a correr. Eu mantinha a cabeça baixa e, apavorada, vi que de dentro da moleca de pano que eu usava nos pés começou a sair espuma. Meu pé parecia emanar sabonete conforme eu ia correndo.
Meu paquera apertava minha mão gritando algo que eu nem sequer pensava em ouvir. Achava que ele estava vendo a enxurrada de espuma que escorria da sapatilha. Aí ele parou, girou nos calcanhares de frente pra mim, bem em cima do viaduto onde a chuva teimava em ficar mais intensa. Segurou meus ombros baixou a cabeça e gritou bem alto:
¾ Quer namorar comigo?
Pois é, eu também não acreditei! Que se danasse a espuma! Fiquei na ponta dos pés e danei-lhe um beijo!
Bom, eu só contei pra ele isso dez anos depois. Bendita chuva!
Cerca elétrica
Rita Lavoyer
Na semana passada, fui levar minha sobrinha para dormir na casa da minha mãe, por sinal avó dela. Estava chovendo pacas!
Sai do carro e abri a sombrinha (claro que quem tinha que se molhar era eu).
Abri a porta do passageiro como maior cuidado para que a princesa não se molhasse, protegendo-a debaixo da sobrinha, a única.
Abri a porta do passageiro como maior cuidado para que a princesa não se molhasse, protegendo-a debaixo da sobrinha, a única.
Com uma das mãos abri o portão com a chave que possuo, segurando a sombrinha com a outra, porque só tenho duas, fazer o quê? No vai que não vai, encostei o “raio” da sombrinha na cerca elétrica que, por azar, estava ligada no dia errado. A descarga foi tanta que as barbatanas daquele objeto vagabundo arrebitaram pra cima.
Descobri que eu devo ser feita de plástico, borracha ou qualquer material bem vagabundo, pois ainda estou viva, apesar do grande choque que eu levei.
A princesa, debaixo da chuva, morrendo de rir do feito disse:
¾ Tchau, tia... não precisa me levar lá dentro, não! Quero me molhar.
Entrei no carro até com medo de me olhar no espelho. Vai que a descarga refletiria no aço, quebrando-o.
Entrei no carro até com medo de me olhar no espelho. Vai que a descarga refletiria no aço, quebrando-o.
O que diriam os que não sabiam da história?
A sombrinha? Joguei fora, uai! Quebrada, serve pra quê?
Chuva
Neida Rocha
Sinto gotas de chuva
em meu rosto.
Sinto saudade
de algo distante.
Quero ser molhada
pela chuva,
para lembrar
que sou feliz.
Um dia de chuva
Massato Ito
Mais uma noite de intensas chuvas.
O tanque de peixes de Kiyoshi já transbordava. Araçá e Tuba, dois peixinhos desavisados, nadavam tranquilos rente à borda do tanque, contrariando os apelos desesperados da mãe:
¾ Cuidado filhinhos, por Nossa Senhora das Águas do Tietê, cuidado!...
¾ Não se preocupe, mamãe!
(São Pedro, distraído, lá do céu, esquece as torneiras abertas e provoca um estrago cá embaixo...).
O nível das águas do tanque, que estavam a um “cabelésimo” de entornarem, transbordam, enleando os pobres peixinhos, que gritam a todos os pulmões:
¾ Socorro mamãe, socoooooorrrroooo!!!...
A mãe dos peixinhos ainda consegue entoar aquela conhecida musiquinha da Roberta Miranda:
¾ Vá com Deus!...Tcharararam...Vá com Deus!...Tcharararam... Vá com Deus!....
Morro abaixo, a muitos quilômetros de distância, Stela, uma menina pobrezinha, que sempre quisera ter peixinhos em seu aquário – sem jamais ter podido comprá-los – naquela manhã, brinca de pescaria, com uma tela de arame fina, que encontrara.
Sua mente fantasiosa imagina a enxurrada como um enorme rio, e atira a tela às águas desse “rio”. Ao retirá-la, constata que pescara dois reluzentes peixinhos dourados, exaustos, aterrorizados e com algumas escoriações.
Nada que uma boa noite de sono num aquário de águas limpas, carinhosamente decorado de algas e pedregulhos não os fizessem, no dia seguinte, amanhecerem sãos, salvos, alegres e saltitantes...
Dia de chuva
Otília Spacki da Silva
Quando criança, a chuva me encantava e também me intrigava. Como pode a água cair do céu em gotas? Por que não existe chuva quentinha? Por que não tem um dispositivo para acioná-la nos momentos em que a quiséssemos?
A chuva no inverno sempre era muito gelada, motivo pelo qual a detestava. A do verão, um eterno convite para correr na grama e sentir as gotas refrescantes no rosto. Modelar o barro, após a chuva, era brincadeira prazerosa.
No sítio, apreciava o vento que acompanhava a chuva e fazia as árvores se curvarem como em reverência. O riozinho da propriedade transbordava e suas águas ficavam agitadas. Quando a chuva dava uma trégua, corria na maior alegria até a margem do rio com vários barquinhos de papel. Lançava-os na correnteza do rio e acompanhava-os até desaparecerem na primeira curva. Os barquinhos não iam vazios. Iam abarrotados de personagens fascinantes frutos da minha imaginação. Depois, retornava para casa um pouco enlameada, um pouco molhada, mas muito feliz!
Hoje contemplo a chuva e recordo das boas sensações que ficaram gravadas na minha memória e que me remetem novamente à minha infância.
Obstáculos da vida
Katiuscia Boni Barreto
Após uma semana de descanso no sítio, chegou o dia de voltarmos para casa. O fim das férias já estava próximo e precisávamos retornar ao nosso cotidiano.
A estrada que levava ao sítio era cheia de obstáculos: morros escorregadios, curvas sinuosas, rios imensos com pontes perigosas, mas tudo isso fica ainda pior quando o dia amanhece chuvoso. E este foi um desses dias. O tempo amanheceu fechado. Chovera durante toda a noite; mesmo assim lotamos nossa caminhonete e saímos rumo à nossa casa na cidade.
Após uns sete quilômetros de viagem, nos deparamos com o primeiro obstáculo: um imenso morro escorregadio que era antecedido por uma ponte que metia medo. A chuva persistia, mas neste momento estava branda, embora o tempo demonstrasse que a grande chuva chegaria logo.
Atravessamos a ponte e iniciamos a subida no morro.
Meu pai sempre fora um motorista experiente, por isso depositei toda minha confiança nele, no entanto o problema era maior do que se esperava. Nossa caminhonete começou a patinar no morro e não conseguia finalizar a subida. Percebendo a dificuldade, meu pai viu que seria necessário voltar com a caminhonete para trás e iniciar novamente a subida, porém num erro de cálculo o automóvel voltou demais e acabou ficando com umas das rodas fora da ponte, por um fio para cair dentro do rio.
A grande chuva estava cada vez mais próxima. Tentamos de todas as maneiras tirar a caminhonete dali, mas nossas forças não eram suficientes, até que de repente surge o inesperado: um belo homem montado em um belo cavalo que logo se dispôs a nos ajudar.
Amarramos o cavalo à caminhonete e, sem muito esforço, ele conseguiu puxá-la tirando-a da ponte e levando-a até o topo do morro. Para nossa alegria, passados cinco minutos após concluirmos a subida, a chuva caiu fortemente.
Mas se você pensa que a história acabou está totalmente enganado! Continuamos viagem: eu, meu pai, minha mãe, meu irmão e dois tios que, por acaso, estavam brigados. E pra completar trazíamos ainda minha cadelinha Dhessy acompanhada de dois filhotinhos biológicos e mais um que ela havia adotado no sítio.
Nesse dia ainda tivemos mais um contratempo, o pneu da caminhonete furou e ficamos durante quase uma hora parados. A viagem que deveria ter sido de umas duas horas, durou naquele dia cinco horas, mas o melhor dessa história foi à reconciliação dos meus tios que já não se falavam há anos. A necessidade fez com que precisassem se unir para transpor os obstáculos.
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
QUER GANHAR O LIVRO ABAIXO?
O LIVRO DESTA SEMANA É "O BALÉ DA CHUVA", DA ESCRITORA CURITIBANA MARILZA CONCEIÇÃO, QUE TIVE O PRIVILÉGIO DE CONHECER NA ÚLTIMA BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO, EM SÃO PAULO.
A PROPOSTA É A SEGUINTE: CONTE, EM HISTÓRIA BEM CURTA, ALGUMA LEMBRANÇA OU AVENTURA SUA ENVOLVENDO "CHUVA". DEPOIS, ENCAMINHE O TEXTO PARA aluceni@hotmail.com. OS AUTORES DAS DUAS MELHORES HISTÓRIAS GANHARÃO, CADA UM DELES, O LIVRO.
A PROMOÇÃO É VÁLIDA ATÉ SÁBADO.
MÃOS À OBRA E ATÉ LÁ!
Antonio Luceni
PARTICIPE E AJUDE DIVULGANDO O BLOG!
GANHADOR DOS LIVROS
O ganhador dos livros da semana passada é o querido Carlos Nova, que vestiu a camisa, ou melhor, o livro e fez uma fotografia bem engraçada. Até parece fazer como Lobato: está morando dentro do livro!!!
Obrigado pela participação, Nova.
E FIQUEM ATENTOS... ESTA SEMANA TEM MAIS LIVROS...
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
NOTA OFICIAL NO SITE DA UBE
O novo diretor vai cuidar da integração de escritores na região Noroeste do estado de São Paulo.
10.02.2011
Em reconhecimento às numerosas iniciativas agregadoras tomadas por Antonio Luceni, dando vida nova à cultura e à literatura de Araçatuba e região, Antonio Luceni acaba de ser nomeado diretor Regional de Integração – São Paulo – Noroeste.
A indicação, feita pelo presidente Joaquim Maria Botelho, foi aprovada em reunião extraordinária do dia 1 de fevereiro de 2011. O novo diretor responderá em linha hierárquica, ao diretor de Integração Nacional, Menalton Braff.
Entre outras realizações, Luceni promoveu o 1º ENESIAR – Encontro de Escritores Independentes de Araçatuba e Região - e tem atuado ativamente na aglutinação dos escritores regionais. Ele acumulará a coordenação do Núcleo UBE – Araçatuba.
in: www.ube.org.br
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
QUE GANHAR OS LIVROS ABAIXO?
ESTA SEMANA OS LIVROS A SEREM PRESENTEADOS PARA OS LEITORES DESTE BLOG SÃO "RISOS E LÁGRIMAS" DA POETISA ARAÇATUBENSE ANA DE ALMEIDA DOS SANTOS ZAHER E "ARAÇATUBA COM ARTE" DE ANTONIO LUCENI.
PARA VOCÊ GANHÁ-LOS É SIMPLES:
TIRE UMA FOTOGRAFIA BEM CRIATIVA COM UM LIVRO E VOCÊ (IMAGEM DIGITAL), DEPOIS ENCAMINHE-A PARA O E-MAIL: aluceni@hotmail.com
A melhor imagem leva os livros!
Você tem até sexta-feira para mandar a imagem.
Corra para não perder tempo. Ajude divulgando para seus contatos.
domingo, 6 de fevereiro de 2011
UM SONHO NO SÓTÃO
Antonio Luceni
aluceni@hotmail.com
Há dez anos concluía minha primeira graduação. Curso de Letras. Uma aventura àquela altura para um nordestino, como tantos outros nordestinos, retirado aos dois anos de idade sobre um pau-de-arara para, junto com a família, tentar a sorte na cidade grande – e põe grande nisso –, São Paulo.
Com muito esforço e dedicação consegui fazer o curso. Madrugadas a fio estudando – já que durante o dia tinha que trabalhar para ajudar em casa e saldar parte do valor da mensalidade que era complementada pintando painéis para festas infantis, feiras de livros e tudo o mais que aparecesse pela frente.
Com a ajuda de Deus e da minha família – principalmente de minha mãe, Maria, em janeiro de 2000 estava colando grau em um curso superior o primeiro membro de nossa família inteira, tanto da parte de minha mãe quanto da de meu pai.
De lá pra cá nunca mais parei. A pós-graduação e o mestrado foram subsequentes, incluindo, mais recentemente, uma graduação em Artes Visuais.
No final do ano passado uma ideia louca ocorreu-me: prestar novo vestibular para um curso que surgira na cidade e que há muito tempo estava no sótão do meu coração: Arquitetura.
No sótão, mas nem por isso largado, encoberto ou empoeirado. Estava lá porque é um curso razoavelmente caro, universidades públicas distantes de Araçatuba e, como disse, um severino como eu tinha que se colocar em seu devido lugar. Onde já se viu, um nordestino metido a besta, com desejos e sonhos de conquistar o mundo querendo fazer um curso de Arquitetura? Coisa de bacana, de burguesinho, filhinho de papai...
Aí me coloquei em meu lugar. No lugar onde todo ser humano deve estar. Um lugar de sonho e de esperança. Um lugar de fé e de certeza que “em se plantando, tudo dá.”
Durante estes anos todos visitava o sótão constantemente. Limpava meu sonho, conversava com ele, alimentava-o ao andar pelas ruas da minha cidade e de outras tantas nas quais tive oportunidade de pisar, nas revistas especializadas, em minha própria casa, ao construí-la.
“Será que vou conseguir? Já faz tanto tempo que estou longe da matemática, da química, da física... Faz tanto tempo que não leio nada muito mais aprofundado de geografia e história... Acho que vou me expor. Nem precisaria enfrentar outro vestibular, é minha terceira graduação... Tô nem aí, nunca fugi de desafios, mesmo.”
Veio o dia da divulgação dos resultados do vestibular. Tentei buscar minha classificação pela internet, assim poderia encarar com mais tranquilidade qualquer que fosse o resultado. Bobeira, tudo congestionado. Tive que ir presencialmente.
A listagem em ordem alfabética. “Moça, o que significa esse ‘1’ na frente do meu nome?”. A resposta foi antecedida por um sorriso gentil. “É que você passou em primeiro lugar.”
Eu nem podia acreditar no que estava ouvindo. Segundo o próprio Bruno Toledo, que passou de sala em sala cumprimentando a todos os vestibulandos no dia da prova, o maior vestibular da história da Toledo. Depois fiquei sabendo também que o curso de Arquitetura e Urbanismo foi tão concorrido quanto o de Direito, já tradicional na instituição.
Nesta semana as aulas foram iniciadas. Começa aqui uma nova jornada em minha vida que se estenderá pelos próximos cinco anos. Há que se tomar um novo fôlego, há que se entusiasmar com tantas provas, trabalhos, noites a fio novamente...
Mas o que quer dizer isso frente a realização de um sonho?
Antonio Luceni mestre em Letras e escritor, Coordenador Regional da UBE.
sábado, 5 de fevereiro de 2011
GANHADORA DOS LIVROS DA SEMANA
A GANHADORA DOS LIVROS DESTA SEMANA É A
MARISA MATTOS.
A FRASE QUE ELA SUGERIU COLOCAR NO LUGAR DE "ORDEM E PROGRESSO" NA BANDEIRA BRASILEIRA FOI:
ATITUDE E COERÊNCIA
Parabéns à ganhadora.
E o quanto precisamos de atitude e coerência pra melhorar esse Brasilzão, hein, minha gente?!
PODE TROVEJAR QUE DE BARULHO
A GENTE NÃO TEM MEDO NÃO!
E FIQUEM ATENTOS PARA PROMOÇÃO DESTA SEMANA.
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Consumo de fast food piora notas em leitura e matemática
Para quem gosta de redes de comida rápida é bom ficar atento sobre o que diz a pesquisa abaixo. Para as crianças, como sempre, é mais complicado ainda, já que estas dependem inevitavelmente dos quereres de algum adulto com relação a como vão se vestir, onde vão frequentar e, lógico, o que vão comer. Em ritmo de volta às aulas é bom pais e professores ficarem atentos a isso. Por que não pensar num jeito rápido de modificar o cardápio das crianças substituindo frituras e tudo o mais por frutas, sucos naturais e lanches frios? Fica a dica.
A MATÉRIA:
Crianças que comem fast food - incluindo sanduíches, batatas fritas e pizzas - mais de três vezes por semana têm piores notas em testes de alfabetização, segundo pesquisadores da Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos.
Em pesquisa com mais de 5,5 mil crianças da escola primária, com idades entre dez e 11 anos, os especialistas notaram que aquelas que reportavam o consumo de hambúrgueres e outros tipos de fast food mais de três vezes semanais pontuaram até 16% pior em testes de leitura e matemática. Isso ocorria independentemente de renda dos pais, raça e peso.
"É possível que os tipos de comida servidos em restaurantes fast food causem dificuldades cognitivas que resultem em menores pontuações nos testes", disse a pesquisadora Kerri Tobin. Porém outra explicação possível seria a tendência de o consumo desse tipo de alimento decorrer das piores notas, e não o contrário - com a ingestão de fast food resultando em piores pontuações.
Os pesquisadores destacam que os resultados são significativos, principalmente em um contexto de crescimento das taxas de obesidade infantil. Algumas escolas do Reino Unido e Estados Unidos já implementam medidas para reduzir o problema, como proibir a saída dos alunos na hora do lanche e almoço, e oferecer um cardápio mais variado, sem fast food, em suas cantinas.
In: http://www.nomundoenoslivros.com/2010/05/consumo-de-fast-food
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