segunda-feira, 28 de novembro de 2011

PARA DE REBOLAR, MENINO

Antonio Luceni

 
Foi Vinicius, eu acho, que prestou atenção num jeito todo especial de andar numa tal garota de Ipanema. Mas não foi somente ele, não. Muitos outros poetas e músicos se engraçaram pelas curvas e remelexos dos quadris femininos, como numa dança hipnotizante a conquistar marmanjões de todas as espécies. E como rebolam quando buscam suas “vítimas”!

Também o malandro é reconhecido pelo seu gingado. Só que aí o remelexo desloca-se da região da cintura e sobe para região dos ombros. É um mix de tudo: o remelexo começa nos pés, levemente entortados para gerar um pouco de desequilíbrio e, como abalo sísmico ou onda do mar, começa tímido, quase imperceptível e, quando vemos, produz aquele gingado todo que é peculiar do bom malandro.

Há, ainda, um rebolado caricato, algo mais grotesco, a meu ver, mas que virou moda – e no pior sentido da palavra – nos programas televisivos brasileiros de tevê aberta (e também, em menor escala, nas pagas): a abundância de bundas num chacoalho frenético de mulheres frutas, tais como Pera, Maçã, Melancia e outras mais. Mesmo quem gosta das “frutas”, passada a euforia, metem o pau nelas!. “E se fosse sua irmão ou mulher, aceitaria?”. A resposta é direta: “Lógico que não!”. Então, definitivamente, não é algo que aprovam.

Para mim, um garoto de cinco ou seis anos, o que seria rebolar? Sinceramente, não sei. Aliás, nem fazia distinção entre os modos de andar. Andar para mim era simplesmente andar. Mas aquele “Para de rebolar, menino. Ande feito homem” soou forte o bastante para me fazer começar a prestar atenção nos jeitos de andar. “Como seria andar feito homem?”, “O que determina nosso jeito de andar? É a ossatura? É algum componente cerebral?”; várias perguntas passaram a orbitar em minha mente. (Até hoje não descobri o que determina o jeito de andar da pessoa. Se alguém souber, conte pra mim).

Logo de cara percebi que as mulheres rebolam mais, mesmo. Sobretudo quando já têm os quadris avantajados. Mas também vi homens rebolando, ainda que de leve, mas rebolavam também. E olha que eram homens homens, com jeitão de homem, bocão de homem, vozerão de homem e com uma sede de “Chapeuzinhos” de lascar. Mas... rebolavam!

Depois da fase da observação externa, fui me observar no espelho. Ou melhor, fui tentar me observar no espelho. A dificuldade já era em não ter espelho de corpo inteiro em casa. Então, tentava me virar – e isso tudo escondido, é claro, não podia “dar bandeira” porque aí é que minha masculinidade seria colocada em xeque – com o que tinha. Mas era complicado porque quando me virava para olhar no espelho como estava andando, a própria posição do corpo já mudava tudo.

E assim foram anos e anos de tentativas: andar mais duro um pouquinho, mudar a posição dos pés para alterar o ritmo do corpo, fazer de conta que estava machucado para “camuflar” a situação, até “corrente de oração” cheguei a fazer para mudar meu jeito de andar (e depois, de falar, de ser, de agir, de pensar...). Mas nada adiantou.

Passar em rodas masculinas, sobretudo com quatro ou cinco integrantes, era uma tortura. Porque era só passar e já esperar os risos, as piadinhas e, muitas vezes, os xingamentos. Fazer o quê? Encarar a todos? Brigar com todo mundo? Não era (e ainda não o é) razoável e inteligente. “Se ao menos andasse como todos, não passaria por isso”, pensava.

Até hoje meu andar é motivo de comentários. Os depreciativos continuam e procedo do mesmo modo: se puder evitar uma roda eminentemente masculina evito, mudo de calçada, ando bem rápido. Por esses dias mesmo passei por isso na rua, com dois jovens universitários gritando em plena luz do dia palavras quaisquer de ofensa para mim, sem ao menos eu me referir a eles.

Mas é preciso caminhar. É preciso ir adiante. Ainda que os passos de alguns estejam enterrados no primitivismo, é preciso caminhar e fazer com que a humanidade caminhe também, a passos largos, rebolando ou não, para chegarmos – se Deus quiser – num mundo melhor.

 
Antonio Luceni é mestre em Letras e escritor. Membro e diretor da União Brasileira de Escritores – UBE.


domingo, 20 de novembro de 2011

TANTAS PALAVRAS... e tantas alegrias


Antonio Luceni
aluceni@hotmail.com

De quantas palavras somos formados?
Aliás, você já tinha notado que somos palavra? Sim, porque pensamos a partir de palavras, nos comunicamos por meio de palavras, resgatamos nosso passado com palavras e no futuro é projetado tendo as palavras como alicerce. Portanto, quais são as palavras que nos formam?
Cada um de nós tem um vocabulário particular com o qual se relaciona melhor e, também, com o qual não quer muito chamego, não! Por exemplo, gosto muito das palavras “carambola” (apesar de não gostar da fruta), “bambolê”, “paralelepípedo”, “formidável”, “conclusão”... porque elas ficam dando cambalhotas e pulos na boca da gente. Gosto também de palavras que trazem paz e segurança pra gente, como “Jesus”, “harmonia”, “amizade”,
“solidariedade”, entre outras. Das que não gosto, prefiro não citar, já que as considero tão ruins que, ao pronunciá-las, sei lá, dá um negócio ruim na gente...
É legal receber uma palavra amiga de conforto numa ocasião terrível da vida da gente, não é mesmo? Às vezes, uma palavra muda tudo em nosso dia, coloca a gente pra frente, faz a gente se reanimar, começar tudo do zero só para ter o prazer de fazer bem feito. Já diz a sabedoria popular, “às vezes por falta de um grito, perde-se uma boiada”. “Um grito” é uma palavra doida, desesperada!
Tem palavra que é tão bem arranjada, colocada uma ao lado da outra, que fica um negócio tão legal, mexe tanto com a gente, com sentimentos que a gente nem sabia que tinha que chamamos esses arranjos de palavras de POEMA. Coisa linda de se ler. Olha só: “A brisa vaga no prado/ perfume nem voz não tem/ quem canta é ramo agitado/ o aroma é da flor que vem”. Estes versos são do poeta Almeida Garret. Não são lindos?
E quando a gente junta um monte de gente que usa da palavra para se comunicar de forma literária? Fica uma beleza só, não é mesmo? Foi o que aconteceu com a antologia de contos e crônicas organizada por mim para o Núcleo da União Brasileira de Escritores de Araçatuba e região. Foram selecionados 32 textos, cada qual correspondente a um autor e, juntos, formam uma antologia denominada “Tantas palavras”.
São textos de um valor estético e literário singular e que pode ser adquirido em Araçatuba na Livraria Educação e Cultura – MEC, no Mercadão Municipal. Ou, para quem não reside em Araçatuba, por meio do e-mail aluceni@hotmail.com, indicando no e-mail o pedido do livro, nome completo, endereço para envio do livro e depósito no valor de R$ 30,00, já com as despesas de correio.
Em sua maioria, são textos de autores de Araçatuba, mas também há escritores de outros municípios e até de outros três estados diferentes. É a magia da internet possibilitando esse intercâmbio a partir da veiculação no blog da instituição regional, www.blogdaube.blogspot.com.
Compre, leia, prestigie e divulgue. Vamos juntar nossas tantas palavras a outras tantas palavras dos vários autores que compõem essa antologia.

Antonio Luceni é mestre em Letras e escritor. Membro e diretor da União Brasileira de Escritores – UBE.


DE FATO É PRECISO MUITAS PALAVRAS PARA DESCREVER A EMOÇÃO QUE SENTI EM REUNIR TANTAS PESSOAS GENIAIS, AMIGOS SINCEROS E ESCRITORES DE PRIMEIRA.
O LANÇAMENTO DA COLETÂNEA "TANTAS PALAVRAS" FOI MESMO UM SUCESSO.

GOSTARIA DE AGRADECER VIVAMENTE AOS ESCRITORES QUE PARTICIPARAM DESTE LIVRO E OS AMIGOS E FAMILIARES QUE COMPARECERAM EM MASSA NA NOITE DE ONTEM E COMECINHO DO DIA DE HOJE EM MEU ATELIÊ.


SINTAM-SE TODOS ABRAÇOS.





















































As imagens abaixo foram tiradas pela fotógrafa Sônia Zafalon














ADQUIRA O SEU EXEMPLAR DA COLETÂNEA "TANTAS PALAVRAS" encaminhando um e-mail para: aluceni@hotmail.com, com seu nome completo, endereço. O valor do exemplar é de R$ 30,00, já com despesas de correio.