sexta-feira, 31 de maio de 2013

O REGIONALISMO CRÍTICO

*Graduando em Arquitetura e Urbanismo pela Mackenzie

“Uma região pode desenvolver ideias. Uma região pode aceitar ideias. A imaginação e a inteligência são necessárias para ambas as coisas.” 

Kenneth Frampton –  História crítica da Arquitetura Moderna

Na história da arquitetura, o edifício passou por diversas abordagens com relação à cidade.  Mais especificamente, no movimento moderno, que teve seu auge na primeira metade do século XX, a indiferença do edifício com relação ao lugar era uma das marcas mais latentes. Para ilustrar, podemos usar o exemplo de Brasília. Como uma cidade modernista por excelência, a capital do País e seus edifícios são elementos que pouco se relacionam com o local. Com exceção do só seu desenho urbano em forma de avião, que parece nascer a partir do desenho do lago, Brasília poderia ser uma cidade em qualquer outro lugar do mundo, sem perder suas características principais. Assim também são seus prédios. Os edifícios modernistas possuem uma linguagem universal e se estivessem em Nova Iork, Luanda ou Araçatuba, continuariam a ser o mesmo prédio.

Não é por acaso que, muitas vezes, essa arquitetura é referida como “Estilo Internacional”. Oscar Niemeyer, Le Corbusier, Mies Van der Rohe são alguns dos principais arquitetos deste movimento. Em contrapartida, diante da ação dos modernistas, surgiu uma corrente da arquitetura muito divulgada pelo crítico americano Kenneth Frampton que chama-se Regionalismo Crítico. Esta abordagem da arquitetura, pretendia minimizar a indiferença do edifício com relação ao lugar que este ocupava. Através de propostas mais contextualizadas às identidades locais, os edifícios propunham-se em significar sua arquitetura com elementos da cultura do local inserido.


 Um dos exemplos do regionalismo crítico, é a Igreja Bagsvaerd de 1976, em Copenhague, do arquiteto dinamarquês Jørn Utzon, na qual usa elementos pré-fabricados de concreto – de valor universal – para “envelopar” o edifício, combinados de modo particularmente articulado, com abóbadas de concreto armado moldadas no local – com valor um tanto regional. Neste movimento, que precede o pós-modernismo, outro fator importante consiste na atenção dada para os materiais locais, o artesanato e as sutilezas da luz local e na topografia como ela se apresenta. 


Interior sob outra iluminação

No último texto publicado nesta coluna, falamos sobre Zaha Hadid. Apesar da arquiteta não ser um nome do modernismo, sua arquitetura não pretende construir relação com o local. As formas e materiais são elementos indiferentes e podem ser aplicados em qualquer situação e contexto. Poucas são as referências culturais locais. Podemos interpretar o Regionalismo Crítico como uma prática marginal que, ao mesmo tempo em que se recusa a abandonar aspectos progressistas da tecnologia, adverte a arquitetura descontextualizada que privilegia a estética (Zaha Hadid) e a cultura dominante tão modernizada. Contra a tendência da ‘civilização universal’ que privilegia o ar-condicionado, fazem da luz, do terreno, das condições climáticas, as bases que sustentam o projeto. Fazem do aspecto visual uma característica secundária, na medida em que enfatizam o táctil, as diferentes temperaturas em ambientes distintos, assim com o aroma, os sons, a ventilação e até mesmo o acabamento dos pisos e paredes que são convites ao tato. 

Essa abordagem não é um discurso tão somente visual e estético. É a priori, um discurso crítico cultural e social. É um vocabulário que repreende o que é internacional e valoriza as sensibilidades, os costumes, a consciência estética, a cultura diferenciada e as tradições sociais. É uma arquitetura de resistência que pretende significar algo que ultrapassa o universalmente belo e alcança o culturalmente singular.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

SÍLVIO RUSSO

* Artista Plástica, atriz, escritora e contadora de histórias

Olá pessoal, alegria estar com vocês mais esta semana.
Continuando aquela nossa apresentação sobre artistas locais, gostaria de apresentar esta semana para vocês o artista plástico Russo.

O artista Sílvio Russo

Silvio Moacir Russo nasceu em 9 de maio de 1934, em São Paulo. Desenhou desde os quatro anos e aos 16 já era um profissional das artes. Trabalhou como vitrinista, modelador, cenógrafo, desenhista técnico e desenhista de histórias em quadrinhos. Ilustrou revistas médicas, capas de livros, atos teatrais etc. Cursou Arte e Desenho na extinta Escola de Tecnologia Labor, órgão anexo à Escola Getúlio Vargas, fundada em 1953. 

Sua pintura passou por inúmeras fases, técnicas e materiais, incluindo esculturas em barro e madeira, mas o que o consagrou foi o traço em branco e preto, denominado por ele de “Bio-Psíquico” em 1966. Este estilo nada mais é do que a exteriorização do conteúdo interno de figuras humanas. Ainda em São Paulo, teve contato com grandes nomes do meio artístico, como o diretor técnico do Masp, Pietro Maria Bardi. 

Possui obras em importantes acervos de centros de preservação da cultura brasileira e das artes plásticas, como o Masp e a Pinacoteca de São Paulo, além da Assembleia Legislativa. Silvio Russo também foi reconhecido no exterior, tendo feito exposições em vários países da América Latina. Foi membro da Associação Internacional de Artistas Plásticos, da Associação Paulista de Belas Artes e do Sindicato dos Pintores Artísticos de São Paulo.

Uma de suas obras de temática religiosa

Ele chegou a Araçatuba no ano de 1971, onde montou seu ateliê e executou inúmeras e importantes obras para o município, como o mural da Capela Salesiana e o Mural interno da Secretaria Municipal da Cultura,  na Casa de Cultura Adelino Brandão, entre outros. Mantinha semanalmente uma coluna no jornal Folha da Região, onde escrevia sobre artes plásticas. Durante todo o período que residiu em Araçatuba, sempre destacou o nome da cidade em suas obras junto com sua assinatura, levando o nome da cidade para muitas partes do mundo.

A também artista plástica, minha amiga e exímia profissional, Fernanda Russo, continua os caminhos abertos pelo pai, demonstrando que a família Russo encara arte de forma muito séria e profícua. Breve ela será apresentada neste espaço.

A filha também seguiu o caminho das artes


Silvio Russo faleceu em 3 de fevereiro de 1997, na cidade de Pedro Juan Caballero, aos 63 anos.

Fonte de texto: site da Oficina Cultura Silvio Russo: http://www.oficinasculturais.org.br/programacao/ver.php?idoficina=21

quarta-feira, 29 de maio de 2013

DÁ MEDO SÓ DE PENSAR!

*Professora universitária e mestre em mídias digitais

Às vezes gritar não é o suficiente. É preciso encolher o corpo, fechar os olhos, agarrar a poltrona e, aí sim, soltar o grito de pavor!


Esse é o comportamento, na maioria das vezes, quando assistimos a um filme de terror no cinema.  Particularmente este não é meu gênero preferido, mas as histórias de pavor estão no gosto de muita gente. E por que será que tantas pessoas admiram e buscam esse tipo de filme?

Estudos explicam, na teoria, que o gosto pela arte que aterroriza acontece de maneira estranha, já que o comportamento normal do homem é buscar o prazer, evitando a dor e angústias.  Talvez o principal motivo que desperta o interesse desse público seja a possibilidade de embarcar em experiências nunca vividas, mesmos que isso signifique ter sensações negativas porque, no final, é tudo mentirinha.

O sentimento de medo nos ajuda a ficar longe do perigo e nos protege de riscos; sabemos disso desde criança. Parece estranho pagar um ingresso para assistir a um filme que provoca medo. Mas nem tudo é o que parece; além do medo, os filmes de terror causam um sentimento eufórico que, ao final, é aliviado quando o filme acaba e o monstro some, assim como os fantasmas e espíritos que assombram e evaporam-se.  E é essa sensação de medo que libera, por um processo químico/neurológico, a sensação de bem-estar, pós filme.   Os sentimentos são diferentes, mas se completam. É como praticar esportes de aventura, de extremo risco: o bom é que o medo vem junto com o prazer. Entrar numa sala escura e mergulhar em cenas  impossíveis de viver na vida real, é o fator mais atraente nesses tipos de filme.

Na luta do bem contra o mal, os personagens exóticos, com poderes horrorosos, criam um estreitamento com o público, e isso não é tarefa fácil, não. As cenas precisam aproximar o imaginário da realidade; quanto mais próximo estiver do mundo real, melhor. O diretor de fotografia dessas produções precisa dar um show e os efeitos visuais precisam convencer em cada cena de arrepio. A trilha sonora deve ser sinistra, atores impecáveis, uma boa história com sustos horripilantes, faz parte. 

A trajetória da Sétima Arte pelo gênero terror nos últimos 10 anos ganhou popularidade, graças a algumas produções asiáticas, que mais tarde os americanos fizeram os remakes, como O Chamado e O Grito, ambos com muito sucesso.  Vasculhando o surgimento desses filmes, encontramos como uma das primeiras produções Frankenstein (1931) e Drácula (1931), contos do século XIX; nos rolos de filmes, foram uns dos primeiros a emplacar, com efeitos super elaborados para a época, nascia a era dos vampiros! Assim, os cineastas descobriram o potencial do medo para as telonas.

Na década de 1940, o gênero esfriou e nada mais aterrorizava do que os efeitos da Segunda Guerra Mundial (1942), ficando difícil para os produtores. A solução foi colocar a cabeça pra funcionar, e deu certo! Nasceram os monstros gigantes e Godzilla (1954), marca sua época.  A grande revolução aconteceu nos anos 1960, com Alfred Hitchock. Ele aproximou o público com o clássico Psicose (1960) e Os Pássaros (1963), em que pessoas normais disparavam o medo.

As décadas de 1970 e 1980 permitiram um fôlego ao gênero, com obras de uma nova safra de filmes fortes de terror, novamente em meios a conflitos. Desta vez, a Guerra do Vietnã  serviu de inspiração e matéria-prima para os cineastas e, assim, surgiu O Exorcista (1973), que se tornou um clássico e  O Massacre da Serra Elétrica (1974), que tem sua continuidade rolando no Brasil. Com orçamento baixo, chocou e conquistou a plateia. Falando em orçamento, o destaque vai para filmes com custos muito baixos, como Atividade Paranormal (2007); estima-se seu custo em US$ 15 mil dólares  e Jogos Mortais (2004), que, embora os custos tenham sido pequenos, as bilheterias foram grandiosas.  O público cansou de ver filmes e suas continuações como Sexta-Feira 13 (1980), o gênero se desgastou e só com O Silencio dos Inocentes (1991), o clima aliviou. O filme conquistou o Oscar de Melhor Filme; o primeiro para filmes de terror. 

O mais famoso dos filmes é O Chamado (1998), refilmado em 2002, pela indústria americana que, com a falta de criatividade nos anos 2000, sacou a refilmagem e disparou os remakes; assim chegou Psicose (1998) de Alfred Hitchcock. Outros países produziram obras que instigaram o público, e da Espanha veio Os outros (2001), da Coreia do Sul O Hospedeiro (2006), entre outros países. Foi assim que os estúdios americanos ganharam fôlego. O terror da vida real também marcou o cinema do medo e foi com a tragédia do 11 de setembro nos EUA que teve início a fase de filmes que torturam seus personagens. O sucesso ocorreu com Jogos Mortais e na sequência por Atividade Paranormal.

Com este breve histórico percebemos que o gênero “Terror” está conectado, muitas vezes, com preocupações e momentos da sociedade e do público. O cinema, em mais uma de suas atuações, ajuda o público a extravasar, expulsar sentimentos sombrios, como uma válvula de escape mesmo.

Então, aproveite a oportunidade, veja qual monstro gosta mais, marque um encontro com Freddy Krueger (A Hora do Pesadelo) ou com Chuck (Brinquedo Assassino) e espante seus fantasmas! Vai dar  um friozinho na barriga, mas vai que dá certo?! Vá lá.... sem medo de ser feliz!

Até mais!

Dicas Filmes de Terror:
O que ta rolando
O Massacre da Serra Elétrica - A Lenda Continua (2013): Uma garota escapou de um massacre que matou cinco pessoas e é criada sem saber a verdade sobre seu passado. Quando adulta é surpreendida ao ser informada que é a beneficiária da herança de uma avó que nem sabia existir. Ao lado dos amigos viaja ao Texas para conhecer a mansão que herdou e que não pode vender a mansão. É surpreendida por outro parente que também sobreviveu ao massacre de décadas atrás.

O que já rolou 
Os Outros (2001): Uma refilmagem moderna e adaptada de temas de casas mal-assombradas. A casa na qual se passa quase todo o filme é fantasmagórica e isolada de um vilarejo. O destaque é para Nicole Kidman. Vale assistir!

terça-feira, 28 de maio de 2013

A VIRADA VIROU!

*Jornalista e escritor

Este final de semana, conforme anunciei na terça passada, foi cenário de mais uma edição da Virada Cultural Paulista; um projeto em correalização entre o Governo do Estado de São Paulo e a Prefeitura Municipal de Araçatuba, por meio de suas Secretarias de Cultura.

As apresentações atingiram os diferentes públicos, com teatros, performances, circo, stand-up e, como a grande protagonista do evento, música.

Também na música a variedade de estilos e som atraíram as muitas “tribos” para os palcos distribuídos pela cidade  - numa universidade do município e na praça Getúlio Vargas; este último, o palco principal.

Passaram pelas terras quentes de Araçatuba – que na noite da Virada nem estava tão quente assim – nomes como Luiza Possi, Gus Fernandes, Noel Andrade, The “Amy Live’s” Project, 5 a seco, Coletivo Amarelo Croata, Negra Li, Marcelo Jeneci... O maior público: Almir Sater.

Dos que selecionei para assistir, destaco:
Leme: grupo teatral de Campinas, premiado por diferentes institutos e organizações teatrais do Brasil e do exterior, trouxe para Araçatuba o espetáculo Shi-Zen. De forma muito peculiar e magistral, os sete atores/bailarinos/músicos/cantores desenharam cenas várias de morte e vida, de alegria e de dor, de riso e lágrimas, das sutilezas e bizarrices da vida... A iluminação da peça foi um espetáculo à parte e conferiu ao trabalho dos atores ainda mais vigor.

Criatividade, interpretação e iluminação juntas


Negra Li: a diva da Black music, Soul, Rap e de outras formas da cultura street brilhou na madrugada de sábado para o domingo, sendo grandemente prestigiada por jovens de todas as idades. Nem mesmo o frio intenso – raridade em Araçatuba – afastou a moçada da praça, que se alongou madrugada adentro sob os acordes fortes e pulsantes da cantora.

A cantora fez a galera suar numa noite fria

Marcelo Jeneci: o multi-instrumentista que está atraindo olhares do Brasil e do mundo pelo trabalho musical que desenvolve abriu o palco de shows da praça Getúlio Vargas no encerramento da Virada e causou frisson entre adolescentes e jovens que formaram um lindo coral para acompanhá-lo. Jeneci destaca-se na carreira solo depois de trabalhar ao lado de nomes importantes da música popular brasileira como Chico César, Zélia Duncan e Arnaldo Antunes.

Criatividade nas músicas e na apresentação

Almir Sater: sem dúvida alguma o show desse grande brasileiro-pantaneiro foi o ponto alto desta edição da Virada Cultural Paulista 2013. Desde as cinco da tarde, centenas de pessoas preenchiam o pé do palco, reservando um lugar próximo ao artista. Quando Sater tomou seu lugar, aproximadamente às 19h, levou o público – que chegou próximo a vinte mil pessoas – ao delírio. Canções como “Chalana” e “Tocando em frente” quase dispensaram o cantor, tamanho o coral formado pelo público.

O cantor foi o ponto alto da Virada em Araçatuba
É, mais uma vez a Virara virou!

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Formada em música pelo Instituto Tatuí, professora e regente de coral

Parte I

Hoje vou falar um pouco com vocês sobre a VOZ.

Em tempos de clima muito seco e com muitas pessoas sofrendo com crises alérgicas e gripais achei oportuno conversarmos um pouco a respeito. 

Segundo descrição da Wikipédia, a voz humana consiste no som produzido pelo ser humano usando suas pregas vocais para falar, cantar, gargalhar, chorar, gritar etc. Eu prefiro chamar as pregas vocais de músculos vocais, justamente por seu trabalho elástico, promovendo as alturas sonoras, mas  gosto da definição acima no que se refere à voz ser o instrumento mais hábil para nossas expressões imediatas: dor, alegria, indignação, surpresa, medo, etc. 

O trabalho vocal acontece de forma tão natural e involuntária, desde o nosso nascimento, que não observamos com mais atenção o processo de sua produção e os cuidados que devemos ter como profissionais que fazem uso da voz para suas expressões (sejam professores, cantores, locutores, artistas etc.). É muito importante que tenhamos algum conhecimento sobre a utilização saudável de nossa voz e quais os cuidados básicos para preservá-la.

De forma sintetizada, vamos entender primeiramente o caminho que ela percorre: a voz é produzida na laringe, onde se localizam os músculos vocais. Ao respirarmos, esses músculos se abrem e o ar entra e sai dos pulmões. Ao falarmos, eles se aproximam e o ar sai dos pulmões passando pelos músculos vocais, produzindo uma vibração que é a voz.  O som produzido passa pelas cavidades de ressonância (faringe, boca e nariz), nossos alto-falantes naturais. Os sons da fala são articulados na boca, dentes, língua, lábios, mandíbula e palato. Estas estruturas modificam o som produzindo a fala. 

É muito importante conhecermos o nosso corpo para que, ao nos expressarmos, consigamos atingir o alvo desejado sem ter complicações pelo uso inadequado da voz. Existem também muitos “mitos” que precisam ser retirados de nossa rotina, pois muitos deles além de não auxiliar para a melhora vocal acabam atrapalhando ainda mais. Um exemplo? As tais “balinhas” antes de falar ou cantar – podem ser de gengibre, hortelã, mel, seja o que for – balas aumentam a secreção no trato vocal, provocando os famosos “pigarros” e em nada auxiliam a melhoria da fala ou da voz. Esse é somente um dos mitos, existem muitos outros, como outro exemplo: gargarejo com vinagre, que pode até causar queimadura. 

Uma coisa muito importante é que todos que utilizam a voz diariamente como ferramenta de trabalho devem procurar ter práticas saudáveis alimentares e que também façam uma avaliação vocal periódica (pelo menos anual). Você alguma vez ouviu falar em VIDEOLARINGOSCOPIA? Pois é! É um exame feito por médico otorrinolaringologista, que através de uma câmera inserida pela boca ou pelo nariz, verifica a saúde do trato vocal/fonador. 

Grande parte dos problemas vocais observado especialmente em professores - que utilizam a voz durante um longo período do dia - poderiam ser evitados com um acompanhamento profissional, aliado a práticas diárias de higiene bucal e cuidados da voz.  Em nossa região temos um clima bem seco e que causa inúmeros casos alérgicos comprometendo nossa voz falada e cantada. É muito importante que nosso trato vocal esteja hidratado e limpo.

Algumas dicas importantes:
* Beba bastante água em temperatura natural (2 litros por dia) – isso mantém os músculos vocais hidratados e em boa condição de vibração;
* Fale sem esforço e articule bem as palavras;
* Mantenha uma boa postura corporal ao falar ou cantar;
* Coma maçãs (especialmente as menores, mais ácidas) – elas possuem propriedades adstringentes que auxiliam na limpeza da boca e da faringe, favorecendo uma voz com melhor ressonância;
* Beba suco de frutas (principalmente de frutas cítricas);
* Tenha uma alimentação saudável rica em frutas e proteínas. Fibras também são importantes para a elasticidade muscular;
* Durma bem! A voz se refaz enquanto você dorme;
* Não use pastilhas, sprays, anestésicos sem orientação médica. Eles podem aumentar a secreção no trato vocal causando pigarros e rouquidão;
* Alimentos gordurosos e “pesados” antes do uso da voz (aulas, apresentações, palestras, recitais etc.), pois dificultam a digestão. Dê preferência a alimentos leves e de fácil digestão: verduras, frutas, peixe e frango;
* Não durma de estômago cheio, pois pode provocar refluxo gastresofágico que é altamente prejudicial para os músculos vocais;
* Não cante ou exercite sua voz se estiver doente! Energias serão gastas e a recuperação demorará ainda mais para acontecer. Procure reduzir a fala em quadros gripais, crises alérgicas e período pré-menstrual;
* Evite ingerir leite e derivados, bebidas gasosas, chocolate antes de utilizar a voz continuamente;
* Evite ar condicionado. Caso não possa fazê-lo, procure um local no ambiente onde ele não pega diretamente e mantenha-se hidratado. O ar condicionado provoca o ressecamento vocal;
* Evite ambiente com mofo, poeira ou cheiros muito fortes, principalmente se você for alérgico; 
* Evite competição sonora, ou seja, falar ou cantar em lugares muito barulhentos, pois sem perceber, para que seja ouvido terá que “forçar” sua voz e isso poderá trazer rouquidão;
* Evite choques bruscos de temperatura. Internamente: bebidas extremamente geladas com o corpo quente. Externamente: banhos muito quentes e sair em ambientes gelados;
* Evite gritar ou cochichar. É isso mesmo! Cochichar também faz mal a voz. Ao contrário do que pensamos, no ato de cochichar submetemos nossos músculos vocais a um grande esforço provocando um desgaste muitas vezes maior do que se conversássemos normalmente;
* É proibido gritar, pigarrear, falar durante muito tempo sem lubrificar os músculos vocais, fumar, ingerir bebidas alcoólicas antes de cantar para melhorar a voz – esse é outro mito!

Encontraremo-nos novamente semana que vem, mas deixo aqui algumas dicas legais para todos os queridos “cantantes” e “falantes” deste blog. Cuidem de sua voz! Ela é uma ferramenta muito importante para a expressão clara do discurso falado ou cantado. 
Até breve!

domingo, 26 de maio de 2013

MACARRÃO DA MAMA - CULINÁRIA DE FAMÍLIA

*Professor universitário e mestre em Turismo e Hotelaria

“Tá na mesa pessoaaaal!!!” – grita a mãe, lá da cozinha, anunciando que o almoço de domingo está pronto, segurando nos braços a travessa de macarronada com molho vermelho vivo fumegante. Preparado horas a fio em fogo brando, apurado e bem suculento, borbulhou na panela de ferro liberando um aroma agridoce suave que somente este fruto originário da América Latina pode oferecer. A massa fresca e tenra, preparada pela avó, com ovos de galinha caipira e boa farinha de trigo; cozida al dente, ganha destaque ao incorporar o molho exibindo o manjericão e o parmesão ralado levemente derretido.

Este é o assunto do dia nos programas culinários da TV brasileira e internacional, a “culinária de família” é a tendência do momento. Cada família tem sua história, herança cultural e hábitos, ainda mais num País colonial como o Brasil, constituído de imigrantes de toda parte do mundo, sem nos esquecermos do indígena, nativo que muito contribuiu para a composição de nossa rica alimentação. Pense num prato que represente sua família! Aquele que sua mãe faz bem, que todos amam comer, que foi ensinado por seus avós ou que seu pai pede sempre para fazer. 

Conhecida no meio gastronômico como cozinha de terroir, a culinária de família foi constituída considerando, principalmente, suas aptidões agrícolas ou, simplesmente, para designar um produto próprio de uma determinada região e período do ano, de uma coletividade social, das relações familiares, culturais, religiosas e tradições em defesa da exploração comercial banalizada de sua produção. Outra característica marcante desta culinária é a quantidade, sempre farta, que sobeja para o jantar e também para o dia seguinte.

Na minha casa, somos povo brasileiro, descendentes de portugueses por parte de mãe e espanhóis por parte de pai. A comida que nos representa é de fato o Puchero (Cocido Madrileño) preparado com grão-de-bico (herança da conquista Árabe na península Ibérica) e diferentes tipos de proteína animal (frango e porco). Ensinada por meus avós, a receita permanece na família de meu pai por gerações; eu ainda não me aventurei fazer – confesso! Mas é uma ótima pedida para o friozinho que se aproxima.

Puchero - herança de família

Puchero também designa um tipo de panela que deu origem ao nome do prato, feita de cerâmica ou ferro fundido. No século XV, estima-se que nessa panela eram colocados os ingredientes regionais, e cozidos lentamente no calor da lareira. Trata-se de um prato único e, para acompanhar, basta apenas um arroz branco e uma salada, se aprouver.




Outro prato que minha mãe faz bem é o Arroz Carreteiro. Hummm! Só de lembrar dá água na boca! Herança do tropeirismo paulista, este prato leva carne seca desfiada, bacon, tomate, cebola, alho, cheiro verde (salsa e cebolinha), delicadamente picados à brunoise confere ao arroz um mosaico colorido e um aroma que perfuma o ambiente. O creme de milho é indispensável para acompanhar. Para incrementar ainda mais a produção, minha mãe faz uma cobertura especial que, falando sério, não encontrei a técnica em nenhum livro de gastronomia; trata-se de claras em neve, acrescidas de uma gema que, com esta, se cobre toda superfície do refratário do arroz já pronto e, após salpicar o queijo parmesão ralado sobre a cobertura, leva-se ao forno para gratinar. De forma interessante, confere crocância à refeição.

Alguns restaurantes têm apostado nesta tendência gastronômica; talvez motivados pelos programas televisivos ou pela arte cinematográfica dos filmes, tais como: “Comer, rezar e amar” (2010), cuja primeira parte do trinômio se passa na Itália. E como se come bem por lá! E da animação Ratatouille (2007) que conta a estória de um atrapalhado ajudante de cozinha que, orientado por um ratinho amante de gastronomia, é levado a cozinhar bem. Sua produção conquista os paladares dos clientes de um requintado restaurante francês. É um prato campesino, porém, que surpreende um grande crítico gastronômico, famoso por "fechar" restaurantes com suas publicações. Trata-se de um prato da região de Provença que dá nome ao filme. O ápice do filme é o "retorno à infância" do severo crítico a partir de uma colherada na iguaria produzida pelo rato. É "na cozinha da própria mãe" que o crítico regressará.

Independentemente da etnia ou cultura, a culinária de família privilegia os ingredientes de época e localidade, o tempo do preparo, o cozimento lento, a quantidade abundante, a valorização da herança cultural e das mãos que prepararam o alimento, as lembranças dos entes queridos que partiram, sentimento saudosista, ternura carinhosa ao alimento preparado com amor. 

Que tal preparar neste domingo o prato típico da família? Bom apetite e até mais!!!

sábado, 25 de maio de 2013

Internet é uma janela para nossa cultura

* Jornalista e bacharel em Turismo


Sempre é muito difícil definir o que é cultura, principalmente pela abrangência do termo. Mas me apego à discussão sobre manifestação de nossos valores e raízes para delimitar melhor o universo da nossa primeira conversa. Faço isso porque almejo abordar a transformação das ferramentas de divulgação e discussão sobre nossa produção e nosso pensamento.

E esta ampliação de canais é primordial em nosso mundo globalizado. Vivemos dias em que a chamada grande mídia tem buscado audiência jogando seus holofotes quase que exclusivamente sobre os grandes shows internacionais e as películas blockbuster.

Neste cenário, nossas manifestações, como a catira, o pagode sertanejo, as demais danças e músicas populares acabaram, por bom tempo, limitadas a becos povoados por seus entendidos. Tanto que na década de 1990 surgiu o termo “tribo urbana”, pois o modo de vestir, de se manifestar verbal e corporalmente, ficou restrita aos seus iniciados.

A paisagem, nas cidades, virou um grande mosaico cultural, em que o diálogo era surdo. Por isso, a mídia acabou optando pelo senso comum, restringindo sua abordagem àquilo que poderia ter maior audiência, o que privilegiou os artistas globais e as produções milionárias.

Mas, felizmente, quem tem aberto uma oportuna janela à nossa cultura popular brasileira é a internet. Blogs, como este do Antonio Luceni, têm dado espaço para que este assunto seja discutido e nossos artistas possam se expressar. Surge, assim, um ar fresco e bem-vindo à nossa sala de leitura e manifestação.

Em recente entrevista ao site da Revista Cult (http://revistacult.uol.com.br/), por exemplo, o multiartista Antônio Nóbrega, ao falar sobre a estreia de seu espetáculo “Húmus”, em São Paulo, abordou, providencialmente, este tema. Acredita, ele, “que a internet já esteja fazendo o papel de diminuir a distância entre essa cultura e o público”. Para ele, espetáculos como o seu, que é alicerçado em danças folclóricas, acaba sendo mais pauta na mídia digital que nos chamados ‘jornalões’.

Hoje, felizmente, podemos usar espaços como este blog para divulgar nossa produção, como também podemos postar nossa arte em sítios como youtube e redes sociais. Abre-se uma excelente oportunidade para que possamos fazer ecoar a nossa voz.

Ao longo de nossas conversas neste blog, vamos abordar muito esta discussão entre mídia e sociedade pelo viés cultural. Nas próximas semanas, acrescentaremos questões importantes e relevantes para podermos pensar sobre este tema, que considero muito importante para a compreensão entre produção e valorização do nosso jeito de olhar o mundo. Obrigado por me aceitarem entre vocês. Obrigado, Luceni, pelo honroso convite.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

CONDOMÍNIO (SEM)DOMÍNIO

*Graduando em Arquitetura e Urbanismo pela Mackenzie
Macanudo


As cidades são discutidas há muito tempo por diversos campos do conhecimento humano. Psicólogos, geógrafos, engenheiros, arquitetos e urbanistas, cientistas sociais e um vasto grupo de profissionais falam sobre cidades e estudam o local que serviu de suporte para significante crescimento humano. Ao longo dessas pesquisas, por mais óbvio que isso possa parecer, tem se notado é que a cidade vem cada vez mais exercendo o papel de refém do nosso sistema econômico atual. Essa dinâmica econômica - que ecoa na vida urbana - nos inclina a comportamentos individualistas e segregadores, de modo que o espaço coletivo perde a importância e se torna, de certo modo, sobras daquilo que o mercado não considerou aproveitável.

Com fracassadas propostas de urbanização, nós construímos conjuntos habitacionais de baixa renda desumanizados que se tornaram núcleos de desesperança social generalizada; conjuntos habitacionais de renda média que são verdadeiros monumentos à monotonia e à padronização; conjuntos habitacionais de luxo que acentuam sua vacuidade, ou tentam atenuá-la, com certa vulgaridade; centros culturais desinteressantes, centros comerciais segregadores; calçadas que vão do nada até lugar nenhum e um sem número de outros equipamentos que ocupam espaço numa cidade marcada principalmente pela discrepância social. 

De um modo geral, as políticas sociais das cidades brasileiras são, em grande parte, voltadas para a higienização urbana. Os moradores de rua, a gente espalha e pulveriza; os pobres, a gente exila nos subúrbios; afinal, a cidade brasileira não precisa existir para todos, pois a concentração de renda faz com que ela funcione muito bem entre os mais ricos, desde que os mais pobres a acessem, mas apenas para fazê-la funcionar, não para morar. E a verdade é que parece que para as classes mais altas, chegando a noite, quanto mais longe estiverem os pobres, melhor. Nas palavras do professor João Sette, as cidades brasileiras promovem um gigantesco apartheid social e espacial, enviando os mais pobres para o mais longe possível e, embora haja terras sobrando na cidade “que funciona” para novos prédios, novos shoppings, lojas, ou casas de luxo, estranhamente não há terras para os mais pobres.

Para o IBGE, em 2010, dos 57 milhões de domicílios brasileiros, só 30 milhões (52,5%) são considerados adequados, ou seja, recebem todo o sistema de abastecimento de água por rede pública, de coleta de esgoto sanitário por rede pública ou sistema de fossa sanitária e coleta regular de lixo. Isso significa que 27 milhões de domicílios, onde vivem quase 105 milhões de brasileiros, estão de modo inadequado. Para complementar, segundo o IPEA, 5,8 milhões de famílias brasileiras vivem amontoadas em favelas, expostas a situação de risco iminente, como enchentes, desabamentos e incêndios.

Não bastasse essa realidade, temos visto o crescente número de condomínios fechados de classe média que tem se espalhado pelas cidades brasileiras com a promessa de qualidade de vida e segurança. Enquanto os desabrigados disputam viadutos para dormir e favelados dormem torcendo para não chover, a classe média brasileira celebra o condomínio fechado como a solução para a insegurança das cidades. Uma arquitetura predominantemente construída por incorporadores imobiliários como mercadoria de compra e venda e um recurso de marketing. Como na Idade Média, nós voltamos aos feudos e muramos tudo aquilo que está fora do nosso alcance de controle, assim, evitamos que pobres e criminosos (quase sempre tratados como a mesma coisa) transitem em frente à nossas casas.

Mas nós também muramos nosso comércio e agora, ao invés de caminhar pela cidade, pateticamente rodamos enclausurados no interior de um prédio a que chamamos de shopping center. Só mesmo numa ordem social individualista uma arquitetura de estufa destinada a abrigar e promover a insaciável paixão consumista pode ser tomada como uma espécie de empreendimento cívico. Lembro-me de Jane Jacobs, quando afirma que a segurança das cidades é promovida pela vitalidade das ruas, ou seja, quanto mais gente estiver transitando por uma rua, mais segura ela tende a ser. Nós nos esquecemos que, na tentativa de nos proteger dos possíveis riscos do contato com o desconhecido, nós transformamos nossas ruas em faroestes desabitados, aonde a lei do mais forte é a que vale. Assim como o condomínio, o shopping é uma clara declaração de irresponsabilidade social e urbana.

Em ambos os casos, pode-se perceber a prática de demarcar o território e deixar do lado de fora dos muros o perigo. Antes, os muros nem eram visíveis. Os guardas eram suficientes para garantir a fronteira. Nos últimos anos, contudo, os muros tornaram-se descaradamente concretos. Os condomínios fechados de classe média que agrupam camadas sociais homogêneas e confiáveis são fortalezas, que se isolam com guaritas e muros eletrificados e matam a rua, o sol, o vento, o ambiente, a vizinhança e o convívio social, tal como os shoppings centers que matam o comércio de bairro e, consequentemente, aniquilam a vitalidade das ruas, são declarações evidentes de completo descaso com a realidade social do nosso País. 

A cidade vem perdendo os seus espaços comuns. O lugar onde antes os cidadãos encontravam oportunidades para a prática da socialização com o novo e com o diferente, tem cada vez menos importância na cidade contemporânea. De modo geral, a história do urbanismo ocidental aponta uma intenção projectual cada vez mais voltada para a individualização do cidadão. Alguns especialista da sociologia como Richard Sennet, referem-se à sociedade contemporânea ou pós-moderna com adjetivos como: intimista, narcisista, individualista, egoísta, entre outros; e é essa sociedade que tem vivido nas cidades. Sobrevive o mais forte, ou seja, os mais ricos.

Aqui, eu não falo como urbanista; aqui, eu falo como morador da cidade que, assim como muitos, todos os dias abro o portão para as miseráveis calçadas que cercam minha casa. Devemos assumir responsabilidade pelo que acontece nas ruas e nas cidades. Ninguém mora em favela porque quer, assim como ninguém constrói casa em barranco porque gosta de morrer soterrado. Precisamos deixar de lado qualquer interesse pessoal que ultrapasse o coletivo e prestar mais atenção aos vulneráveis que, quase invisíveis, esperam um dia um teto para dormir. Eu espero que possamos viver uma cidade mais democrática que preserve o espaço público e favoreça a maioria, e não os mais endinheirados. Enquanto isso, a gente mora em condomínios e vai vivendo numa cidade sem domínio. 

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Edna Badu

* Artista plástica e membro da UBE e Afepsp
Edna Badu - a busca é constante em sua obra

Olá pessoal. Para esta semana, gostaria de apresentar para vocês esta grande amiga e exímia artista plástica. Edna Regina Badu Teixeira, ou simplesmente Edna Badu, foi uma bela conquista para nossa cidade. Há pouco mais de dez anos, mudou-se do Guarujá para Araçatuba e passou a integrar o cenário artístico de nossa cidade. Uma pessoa simples e muito ciente, com grande capacidade e compromissada com o fazer artístico, tem feito trabalhos lindos e preciosos em pintura realista. 

Não chegou a concluir o curso de Artes Visuais, mas isso não chegou a ser um empecilho em seu trabalho, haja vista já ter um percurso e expressão na arte sedimentados. Estuda muito sozinha, buscando conhecimento pela internet e com outros artistas, o que acaba compensando, de certo modo, a educação  formal. Fez vários cursos livres ligados às artes plásticas, muitos cursos de especialização nas áreas de desenho e pintura nas oficinas culturais Sílvio Russo e outros locais por onde morou. História da Arte, desenho artístico, técnica italiana, acrílico sobre tela são outros dos cursos que fez.

Tem admiração e acredita que recebeu influência em seu trabalho de  Renoir, Monet e do brasileiro Di Cavalcante. Participou de várias mostras: Mapa Cultural Paulista, Olhar a Arte, Exposição da Marinha Bandeirante, na capital paulista, e algumas exposições na região de Araçatuba e cidades do litoral paulista. Seus projetos pessoais em curso são: dança com grupo da terceira idade para competição nos Jogos Regionais do Idoso e preparação de uma exposição, prevista para o mês da criança, no Museu Araçatubense de Artes Plásticas - MAAP.

O temas sacros fazem parte de seu acervo
Para Edna, arte é a mais pura forma de expressão, é a ferramenta que o artista usa para decodificar sua leitura de mundo por meio de sua visão única e criativa, ocasionando interação de suas criações ao meio em que vive, trazendo mudanças e novos conceitos.

Edna acredita que o tratamento que dão às artes plásticas no mundo é um pouco elitista. Poderia se despir um pouco de preconceitos, pois perde-se muito quando a liberdade de expressão é tolhida ou, porque não se encaixa nos padrões da normalidade e imposta por velhos conceitos.

Sente que, no Brasil, muitos artistas  não encontram incentivo suficiente para serem autossuficientes. Não crê que toda a criatividade do povo brasileiro esteja realmente representada, pois muitos artistas excelentes se dispersam pelo caminho devido à pouca receptividade e acolhimento que recebe e à falta de incentivo maior, porém acredita que podemos vislumbrar uma luz no fim do túnel, com esses novos incentivos oferecidos pelo governo. Apesar de parecerem um pouco inexpressivos, haja vista a demanda de artistas existentes e que ainda aguardam reconhecimento.

Cores vibrantes e cheias de vida
Como vem de uma região metropolitana, pode comparar um pouco a maneira do araçatubense se expressar. Acha forte a representatividade dos artistas regionais em vários segmentos artísticos, com uma linguagem bem eclética. Sente-se honrada em ter adotado esta cidade para se expressar como artista.

Para Edna, a falta de espaço para que o artista possa mostrar todo seu potencial criativo é ruim, e seria bem-vindos mais eventos culturais de boa qualidade; seriam ações que espera por parte dos gestores públicos, e empresários interessados no crescimento cultural da população.

Acredita que o mundo precisa de arte porque ela humaniza, agrega o que a violência segrega, transforma vidas e nos faz acreditar em um mundo melhor.

O processo criativo de Edna é livre, não se prende muito a temas e técnicas. Gosta de experimentar, mesclar técnicas dos grandes mestres com suas próprias, não é constante em sua forma de se expressar. Sente-se totalmente à vontade indo em direção oposta ao que os outros artistas estejam fazendo; gosta de ser diferente, não faz isto para chocar, apenas para ser ela mesma.
Temas nacionais presentes no acervo

Edna consegue ser autossuficiente com sua arte, pois sua vida é simples e aprendeu a controlar suas necessidades básicas de vida. Além de atuar em várias áreas da arte, com sua  forma eclética, faz com que sobreviva com mais facilidade. Acredita ser muito importante este diálogo com o público e tenta usar todas as ferramentas ao meu alcance para divulgar seu trabalho, principalmente a internet com suas páginas pessoais.

Diz ter veneração por Guernica por ser uma obra que a emociona muito pela dramaticidade e força. "Picasso transmitiu com maestria todo horror da intolerância humana", lembra a artista. Para Edna este significativo trabalho de Picasso tem um sentido ainda maior, pois sendo de origem espanhola lamenta que muitos de seus antepassados vivenciaram alguns desses fatos lamentáveis durante a segunda guerra mundial.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Cine quadrinhos – adaptações super poderosas



* Mestra em Comunicação e Mídias Digitais

Quadrinhos e cinema. Essa união mudou o mundo do filme. As Histórias em Quadrinhos (HQs), com as adaptações cinematográficas alcançam tanto sucesso que não param de crescer. Isso porque a nova forma de apresentar um super-herói, com seus super poderes e suas super roupas, caíram no gosto do público e conquistam fãs antigos e quem, normalmente, não lê quadrinhos.

O cinema enfrenta a “crise da criatividade”, que já dura algum tempo e que, graças aos quadrinhos, vem conseguindo atravessar a turbulência.  A onda dos quadrinhos faz com que o público se identifique com seu super-herói e isso alavanca o mercado. Os escritores de quadrinhos tornaram-se os consultores dos grandes estúdios de cinema como Marvel, Warner, Fox, entre outros. Por isso a compatibilidade dos gêneros.

O segredo da adaptação está em selecionar os melhores elementos, ou seja, o que mais funciona nas HQs e levar para o formato do cinema. É dar vida, fazer tudo de forma real, isso é que atrai o fã e conquista o público que não conhece os personagens envolvidos na trama. O público quer ver uma boa história com bons atores. O que faltar, fica por conta dos efeitos especiais que, hoje, dão conta do recado muito bem. Trocando em miúdos, ao assistir ao filme, tem que se ter a sensação e estar vendo uma HQ em movimento na telona.

Essa é a tendência que invade Hollywood e, como tendência, é algo que fica. O mercado cinematográfico comemora essa nova fase. O desafio é grande, pois transpor uma história estática para uma produção que visa o movimento, não é tarefa fácil, e tão pouco tem condições de ser fiel aos quadrinhos retratados originalmente. Por esse motivo, alguns fãs convictos se decepcionam ao assistirem ao filme do seu herói favorito. A dificuldade da adaptação está em transportar detalhes para as telonas, como o exemplo, dos famosos e imitados uniformes. Às vezes fica impossível deixá-los idênticos aos quadrinhos.  O filme deve agradar a todos os públicos e, por isso, não pode ser idêntico aos quadrinhos; deve ser global, caso contrário, agradaria apenas à legião de fãs do super-herói retratado no filme.

Outra forma de atrair o público é criar a continuidade dos filmes. Se deixar gostinho de quero mais, pode vir parte 2, 3, 4 etc. que, com certeza, terá boa aceitação.

A  história do Cinema passou por momentos que redefiniram seu caminho por algumas vezes;  um deles  foi  em 2000, com a estreia de X-Men, considerada uma produção importante para a nova fase.  Seguindo em frente, construindo o caminho do sucesso, em 2012 as adaptações dos quadrinhos se destacaram entre as maiores bilheterias, e o Cinema comemorou! Desde que Wolverine (em X-Men) mostrou suas garras na pele de Hugh Jackman, o cinema redescobriu o poder da História em Quadrinhos, e vice versa. Isso mesmo! Quando um quadrinho se transforma em filme, os dois lados ganham. Disparam no mercado as vendas de produtos que levam a marca do super-herói e, daí, já se pensa na sequência da trama, a continuação da história.

O Cinema coleciona uma lista de títulos com sucesso, e não pretende parar, pois a promessa de novos filmes para os próximos anos existe. Desde as continuidades como X-Men (que já está chegando), Capitão América 2, O Espetacular Homem Aranha 2 até a tão sonhada Liga da Justiça, estão por vir, vamos aguardar...

Filmes baseados nas adaptações das Histórias em Quadrinho que fizeram sucesso:
* X-Men – Um dos maiores sucessos da Marvel Comics, conta a história de seres que nasceram com poderes especiais (os mutantes). A trama se desenvolve na batalha entre um grupo de mutantes do bem, contra os mutantes do mau. Para combater os mutantes malvados o grupo de X-Men conta com a liderança do Professor Charles Xavier e dos imbatíveis Wolverine, Ciclope, Tempestade, entre outros.  Produtores apostam nas continuidades, que superam o piloto.

O grupo em imagem de História em Quadrinhos

  http://cinema10.com.br/upload/image/2009/x%20men.jpg

* Hulk – O incrível Hulk, saiu dos quadrinhos, passou pela televisão e acabou parando no cinema. Isso por ser um dos personagens mais conhecidos das Histórias em Quadrinhos. Seu nome oficial é Dr. Robert Bruce Banner. Era um cientista que foi atingido por raios enquanto salvava um jovem, durante teste de uma bomba criada por ele. Por causa das radiações sofridas, Robert foi condenado a conviver com a transformação, que acontecia toda vez que sentia raiva; virava um monstro gigante, forte e verde. Nos quadrinhos, Hulk só se transformava durante a noite. Na tevê e no cinema, não; ele se transforma a qualquer hora.

Holywood não está brincando, e com fantásticas adaptações como ainda: Superman, O Quarteto Fantástico, Capitão América, Hellboy, Sin City, Homem Aranha e os detentores de grandes bilheterias como Batman e o sucesso do momento Homem de Ferro 3, (que ultrapassa a cifra de US$ 1 bilhão em arrecadação nas bilheterias mundiais) promete vir para ficar.

No ano de 2012, a Marvel lançou uma proposta arriscada e, com um plano ousado, estreou Os Vingadores, e reuniu num só filme o Homem de Ferro, Hulk, Capitão América e Thor. A aventura foi bem escrita e dirigida por Joss Whedon. A verdade é que Os Vingadores estourou  nas bilheterias e alimentou um padrão para os estúdios, que agora pretendem unir mais grupos de super-heróis, como exemplo, a Fox já cogita unir X-Men e O Quarteto Fantástico; a Warner já ensaia - mas ainda leva tempo - a união entre o Homem de Aço (Superman), Batman, Mulher Maravilha e o resto da Liga da Justiça.

Personagens diversos reunidos num único filme
http://imguol.com/2012/12/21/cartazes-de-o-espetacular-homem-aranha-batman-o-cavaleiro-das-trevas-e-os-vingadores-1356117387243_615x300.jpg

De fato, os últimos 10 anos mudaram o mundo do Cinema. Os laços se estreitaram com os quadrinhos, e surgiu uma nova era para os gibis. Com sucesso estrondoso, a invasão dos super- heróis com super poderes e suas roupas espalhafatosas deve continuar. 
E aí? Qual é seu super-herói favorito? Todo mundo é fã de algum super-herói com super poderes... Escolha o seu e aproveite ao máximo o universo dele nas telonas.
Valeu e até a próxima! 

O QUE TÁ ROLANDO...

Homem de Ferro 3 (2013) -  Tony Stark (Robert Downey Jr.) enfrenta dificuldades para dormir e, quando dorme, tem pesadelos. Ele teme não conseguir proteger Pepper Potts, sua namorada, dos inimigos que conquistou após vestir a armadura do Homem de Ferro. Para vencer Mandarin (Ben Kingsley), seu maior inimigo terá que superar seu grande medo: o de fracassar.

O QUE JÁ ROLOU...

A saga do homem morcego - Batman (1989) e Batman – O Retorno (1992), Batman Eternamente(1995), Batman e Robin (1997), e o mais recente: Batman – O Cavaleiro das Trevas. 

terça-feira, 21 de maio de 2013

VIRADA CULTURAL PAULISTA 2013

* Jornalista e escritor



A Virada Cultural Paulista já está consolidada em todo o estado. Verdade é que, por conta disso, tem gente querendo criar lei para que ela não saia mais da programação fixa cultural em todo o estado de São Paulo.

Por Araçatuba, passaram nomes importantes como Toquinho, Danilo Caymmi, Maria Alcina, Leci Brandão, Fundo de Quintal, Diogo Nogueira, Ultraje a rigor, Pity, Luiz Melodia, João Donato, entre tantos outros de expressão nacional e internacional, de gêneros e camadas sociais diversas na área musical, mas também nas artes plásticas, teatro e cinema.

O próximo fim de semana, 25 e 26, abrirá novo palco para atrações como o Circo Nosotros, Bruno Carvalho, 5 a Seco, Lume Teatro, The “Amy Live’s” Project, Cia. Do Fubá, Vollatille Luz, Coletivo Amarelo Croata, Noel Andrade, Marcelo Jeneci, Gu Fernandes, Luiza Possi, Negra Li e Almir Sater, entre outros.

Teremos os teatros e praças de nossa cidade invadidos por programações de qualidade, de uma dinâmica a que as cidades do interior não estão muito acostumadas. Afinal, a vida cultural em nosso município ainda é pouco movimentada. É verdade que temos melhorado, mas há longo caminho para percorrer.

Tive o privilégio de fazer parte da equipe que implantou a Virada Cultural em Araçatuba, quando Diretor de Cultura. Uma loucura atender toda a estrutura solicitada e pedidos dos mais diversos por parte dos artistas que aqui se apresentaram. Afinal, estrela é estrela em qualquer canto do País. Não tínhamos vivenciado, ainda, em toda região, um projeto da iniciativa pública que alterasse tanto a dinâmica de nossa cidade.

Era maravilhoso ver o vaivém de famílias inteiras, adolescentes e jovens das mais diferentes “tribos” correndo pra lá e pra cá, em busca de aproveitar ao máximo a programação dos shows.

Depois dessa primeira experiência, pudemos vê-la continuando, sendo repetida com igual sucesso e, o melhor, sendo sedimentada, com visitantes das cidades vizinhas se deslocando em caravana para cá para, também, usufruírem do evento.

É mais um exemplo que o povo gosta de arte e de cultura; que por meio das linguagens artísticas podemos propor um jeito melhor de viver socialmente e expandir relações, estreitar laços, povoar equipamentos vários, ainda que de madrugada...

Portanto, tirem as blusas de frio do armário, durmam um pouquinho mais durante o dia no sábado e se preparem para viver doze horas seguidas de muita animação, cultura e arte.

Sejam bem-vindos a mais uma edição da Virada Cultural Paulista!

segunda-feira, 20 de maio de 2013

MÚSICA E SAÚDE

* Formada em canto lírico pelo Conservatório de Tatuí, pianista, regente e educadora musical.


A música e sua ação no cérebro
Há muito tempo sabemos que dos efeitos benéficos da música sobre os seres humanos, e até mesmo sobre os animais. A ideia de que a música afeta a saúde e o bem-estar das pessoas já era algo argumentado na Grécia antiga. Aristóteles acreditava que a música descrevia as emoções humanas. Hipócrates e Platão defendiam o uso da música no tratamento das “perturbações do espírito”.

Outro conhecido filósofo, matemático e músico, era Pitágoras – que inclusive foi o decodificador da linguagem musical ea sua forma matemática, como conhecemos hoje. Pitágoras dava à sua música, usada de forma terapêutica, o nome de “purificação”. Em suas experiências musicais, propunha-se a usar a música de forma curativa, equilibrando as quatro funções básicas dos homens: pensar, perceber, intuir e sentir.

Os benefícios da música em nossa vida são inúmeros. Ela provoca várias reações no organismo: arrepio, riso, lágrimas..., diminuindo, por meio desses sentidos, os níveis de ansiedade. É também aliada na diminuição da pressão arterial e frequência cardíaca, podendo, ainda, provocar modificações nos níveis de cortisol (responsável pela excitação e pelo estresse), da testosterona (responsável pela agressividade e pela excitação), da oxitoicina (responsável pelo carinho), da adrenalina no sangue, das endorfinas e também da serotonina (neurotransmissor que faz a comunicação entre os neurônios).  Outro benefício da música sobre nós é seu “efeito ansiolítico”. Isso acontece quando a utilizamos como “música de fundo”, enquanto fazemos nossas atividades diárias: trabalhar, dirigir, estudar, cozinhar, enquanto fazemos exercícios físicos, namoramos etc... 

Na verdade, todos os benefícios causados pela música ocorrem por conta dos estímulos internos e externos que ela provoca. Internamente, ela age diretamente nas sensações e reações físicas. Externamente: auxilia na comunicação entre as pessoas, nas relações sociais, aumentando a autoestima. Há muitos casos de pessoas tímidas e com sérios problemas para socialização que conseguiram avanços por meio da prática coral, por exemplo.  “Quem ouve música sente sua solidão imediatamente povoada”, afirmava Robert Browning.

A história conta que, no final da Segunda Guerra Mundial, músicos foram convocados para tocar em hospitais como auxílio no tratamento aos feridos. Sabemos que tal experiência surtiu efeito, pois a partir de dados positivos obtidos em tidas experiências, resultaram na inclusão da música para tratamento terapêutico a doentes. Nasce nesse momento a Musicoterapia, “uma modalidade de trabalho que se utiliza da música e de elementos constituintes da música numa relação terapêutica para ajudar a pessoa a atender as suas necessidades. Destina-se a pessoas que têm alguma deficiência, algum distúrbio psíquico como a depressão, autismo, esquizofrenia, assim como a atendimentos geriátricos ou a pessoas que buscam autodesenvolvimento”.

A "Patrulha da Alegria" - música nos hospitais
Um estudo realizado em Nova York pelo Centro Médico de Beth Israel descobriu que bebês prematuros reagiam positivamente quando estimulados por canções cantadas pelos seus pais. Tanto a música ao vivo, quanto a tocada ou cantada, ajudou a abrandar os batimentos cardíacos dos bebês e acalmar a respiração. Melhorou os estímulos da sucção para a alimentação, os fez dormir mais e mais calmos.  Quando o estresse é reduzido, os sinais vitais se estabilizam permitindo que os bebês concentrem energia em seu desenvolvimento.

Há uma frase de que gosto muito: “A música me transporta para um mundo no qual a dor não cessa de existir, mas se solta e tranquiliza-se” (Marguerite Yourcenar). Acredito ser essa a chave da cura a partir da música; ela renova as forças, mostra outro caminho, nutre de esperança e energia a mente e o corpo enquanto somos renovados. 

A música contribui para o bem estar geral do organismo e para a saúde plena do indivíduo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) formulou, em 1946, a seguinte definição de saúde: “A Saúde é um estado de total bem estar físico, psíquico e social e não apenas a ausência de doenças ou debilidade. Gozar da melhor saúde possível é direito de todo homem, independente de raça, religião, convicção política ou situação enocômica e social.” 

É por esse motivo que temos visto um crescimento notável no uso das terapias musicais nos mais diversos ambientes. Empresas têm adotado o canto coral como uma forma de “aliviar o estresse diário” e para “socialização” de seus funcionários. Está sendo observado que as empresas aonde esse tipo de atividade é implantada têm tido resultados satisfatórios no que diz respeito a relacionamentos de seus empregados: sorrisos e simpatia têm aumentado nas relações. Com isso, o desempenho do trabalho é feito com menos estresse e com maior prazer.

Enfim, ouvir música traz saúde à mente e ao corpo. Alivia tensões, ajuda a refletir, transporta-nos para situações e cenários prazerosos. Ela é uma aliada poderosa para nos curar. Que importância a música tem ocupado em sua vida? Você ouve música com que frequência? Você canta? Toca algum instrumento musical? Eis aí, ao nosso alcance, um dos mais gostosos remédios para os males da vida. Melhor ainda se ela for nossa ferramenta para a prevenção deles! Basta-nos inserir esse remédio à nossa rotina e usufruir de todos os benefícios que ele pode nos trazer, e, além disso, sermos promotores de saúde conquistando outros à prática musical.