*Professora de música e regente de coral, formada pelo Instituto de Tatuí |
Essa semana quero conversar com vocês sobre Cartola. Desejo também compartilhar um artigo sobre Cartola, escrito por um músico que admiro muito: Gladir Cabral. Ele escreveu um texto sobre a obra desse maravilhoso sambista brasileiro, ressaltando suas expressões musicais e a beleza da coerência entre escrita e melodia em suas composições. Gladir Cabral é músico, professor de Letras da Universidade do Extremo Sul Catarinense UNESC e pastor; é o autor desse artigo que compartilho com vocês ao final de nossa conversa.
Angenor de Oliveira, o “Cartola”, nasceu no Rio de Janeiro em 11 de outubro de 1908 – ele completaria 105 anos agora em outubro. Faleceu em 30 de novembro de 1980, na mesma cidade. Foi um dos músicos mais importantes para a história do samba. Ele era cantor, compositor e violonista. Aprendeu, ainda menino, com seu pai, a tocar violão e cavaquinho.
Aos 15 anos, após a morte de sua mãe, Cartola abandonou os estudos, terminando apenas o primário. Conseguiu um emprego como servente de obra e passou a usar um chapéu-coco – vindo daí o seu apelido.
Ele compôs o primeiro samba para a “Estação Primeira de Mangueira”: “Chega de Demanda”. Seus sambas eram muito populares e muitos cantores renomados interpretaram suas belíssimas composições: Francisco Alves, Carmen Miranda, Silvio Caldas, Mário Reis e Araci de Almeida.
Durante um período, Cartola ficou desaparecido, foi inclusive dado como morto. Especula-se que tenha ficado muito abatido com a morte de sua esposa: Deolinda. Também cogitou-se que tenha contraído meningite. Ele foi reencontrado pelo jornalista Stanislaw Ponte Preta em 1956. Cartola estava trabalhando como lavador de carros em Ipanema. A partir daí, o sambista voltou a cantar e foi redescoberto por outros intérpretes.
Em 1964, casou-se com Dona Zica e, juntos, abriram um restaurante chamdo “Zicartola”. Nele, promoviam encontros de samba com boa comida e reunia a juventude carioca da época e os sambistas do morro. Após um tempo, o restaurante fechou as portas, o compositor continuou com seu emprego público e compondo sambas.
Cartola e D. Zica, sua esposa. |
Quando Cartola completou 66 anos, gravou seu primeiro LP. Nesse disco estavam as inesquecíveis canções: “As rosas não falam” e “O mundo é um moinho”.
As rosas não falam – interpretada por Emílio Santiago:
O mundo é um moinho – interpretada pelo próprio Cartola, e com um depoimento interessante:
Ao final da década de 1970, Cartola mudou-se para Jacarepaguá, onde morou até a sua morte.
Artigo de Gladir Cabral sobre a obra de Cartola: “A fé cartólica” - [texto publicado na Revista Ultimato de janeiro/fevereiro 2013, ano XLVI, n. 340]:
Ótima semana para vocês, um abraço e até a próxima segunda.