domingo, 19 de julho de 2009

PELAS BARBAS DOS PROFETAS!


Antonio Luceni
aluceni@hotmail.com
www.antonioluceni.blospot.com


Ah, como é bom estar em férias!!! Pés para o alto, dormir e acordar tarde, comer o dia todo sem parar, sem gente no seu ouvido reclamando disso ou daquilo... Férias também é bom pra gente viajar, conhecer novas pessoas e lugares.
Apesar de eu estar numa quase férias (sim, porque só consigui fugir por uma semana para dar uma relaxada, refrescar as ideias...), aproveitei para dar uma fugidinha até Minas Gerais. Desta vez tirei alguns dias para conhecer Congonhas... ainda não a conhecia.
Uma cidade muito aconchegante e visualmente muito agradável. O Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, que agrega o conjunto de esculturas dos doze profetas em pedra sabão, é um verdadeiro museu a céu aberto. Esculpidas entre 1795 a 1805 é a principal atração turística-cultural da cidade. A maior parte das pessoas que vão para lá está interessada em ver as esculturas que são realmente maravilhosas.
Todo movimento e dramaticidade conseguidos por Aleijadinho em seu trabalho é muito encantador. A relaçao entre os doze em seu conjunto sugere mesmo uma grande discussão, reflexão sobre muitas coisas. Parece mesmo que os profetas estão preocupados com o que os visitantes estão comentando, com suas atitudes – acredita que tem gente que ainda insiste em querer pixá-los, subir a mureta para tirar foto ao lado ou coisa assim?
De lá do alto, onde estão, conseguem ver o mundo mineiro, suas montanhas e povos. Lá do alto onde estão, ficam a lançar bençãos sobre o povo, mas também – como profetas que são – nos exortam, nos aconselham, nos orientam...
Isaías, Jeremias, Baruc, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Abdias, Amós, Jonas, Habacuc e Naum. Isaías, ajude-nos a ter um bom dia. Jeremias, não nos deixe cair em fantasias. Baruc, não nos deixe ficar malucos. Ezequiel, ajude-nos a entrar no céu. Daniel, tire de nossas vidas as amizades de fel. Joel, seja nosso papai Noel. Abdias, proteja todos os nossos dias. Amós, seja bom pra todos nós. Jonas, em nossa vida coloque pessoas bacanas. Habacuc, será muito bom que nos escute. Naum, não nos deixer virar qualquer um.
É uma oração espontânea. Não é nada de confusão, apenas uma oração. Na terra das muitas igrejas, das rezas e das proezas, não encontrei melhor linguagem pra falar, do que com rimas pra explicar. Poetas, aqui não faltam... Drummond, Otto Lara Rezende, Elias José... Por isso acho que a rima é apropriada para descrever Minas. Ainda que rimas pobres!!
Pelas barbas dos profetas! Quantas coisas passaram e passam. Muita gente fala de Aleijadinho, sobre suas intenções ao esculpir as famosas estátuas, mas ninguém nunca pergunta pra elas a cumplicidade que tinham. Tal qual Michelangelo poderíamos falar para elas: “Falem!”.

Antonio Luceni é professor universitário e escritor, membro da União Brasileira de Escritores – UBE.

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