
O poema está cá dentro
Mas não há tempo para ele
Não posso parar para dar-lhe vida
Ó existência fustiva
Que me aprisiona em corpo e sangue
Que para o tempo não tenho tempo
Queria parar tudo e cuidar dele
Perceber seu nascimento
Seu rebento
Sua forma tosca de se mostrar pra mim
(Digo, a forma é bela, mas meu jeito é tosco)
Não há tempo
Deixo-o pra lá
Queixoso
Mudo (para os outros)
Para mim, um incômodo sem fim
De um lado, meu desejo em sorvê-lo
Em tê-lo completamente comigo
Tirar-lhe da mente,
Do crânio móvel...
Mas não há tempo pra ele
A barriga é mais urgente
Casa, cozinha, aluguel...
E a conta que surgir noutro papel...
Não há vaga para o poema
Não há tempo para o poema
Não há...
O poema há,
Está cá dentro de mim,
Pedindo pra sair.
Mas não há tempo pra ele.
Nenhum comentário:
Postar um comentário