segunda-feira, 4 de junho de 2012

TROFÉU ODETTE COSTA II

Antonio Luceni
aluceni@hotmail.com


Melhorou, pero no mucho.

Na semana passada fiz algumas considerações sobre o “Troféu Odette Costa” que, nas duas últimas edições, sofreu um declínio tremendo ao ser usado como “troca de favores” entre grande parte dos conselheiros do Conselho Municipal de Políticas Culturais de Araçatuba – CMPCA, tendo sido apelidado no meio cultural de “amigo secreto”. Na ocasião, escrevi um artigo intitulado “Narcisos” (http://antonioluceni.blogspot.com.br/2011/05/narcisos.html#comment-form) que demonstrava o porquê de tal posicionamento.

Neste ano, por acovardamento, alienação, não-comprometimento, ou coisa do gênero, segundo o próprio secretário de cultura, “.. o CMPCA abriu mão da participação. Com isso, o secretário (...) reuniu a sua equipe e escolheu os contemplados.”

Os vencedores para o prêmio deste ano, até onde percebi, não fulguraram entre os membros do Conselho ou da Secretaria ou, ao menos, as indicações não nasceram diretamente destes. Foram, como dito pelo secretário, resultado do entendimento da equipe da Secretaria Municipal da Cultura.

Nesse sentido, melhorou, pero no mucho.

“Não muito” porque foram criados, pelo menos, dois novos problemas:

O primeiro deles, INCONSTÂNCIA. Então quer dizer que o Conselho Municipal de Políticas Culturais de Araçatuba vai ficar nesse jogo de “quero ou não quero”? Ou seja, quando ele “quiser” fazer a seleção de algum prêmio, o fará, mas quando não estiver “com vontade” abrirá mão de fazê-lo? Então, não são os membro do Conselho, até onde sei, que irão analisar, selecionar e determinar em cada uma das áreas culturais e câmaras setoriais os artistas e agentes de cultura que poderão ou não publicar livros, montar exposições e catálogos de artes, promover peças teatrais, entre tantas outras propostas contidas nos editais públicos e patrocinados com o dinheiro público ou destinados a impostos? Não serão estes mesmos conselheiros que irão – quando quiserem e tiverem vontade! – definir o que é válido ou não para ser patrocinado pelo município na área cultural?

O segundo, FALTA DE IDONEIDADE. Será que o secretário de cultura e sua equipe têm condições técnicas e idoneidade para eleger, sozinhos, quais são os melhores trabalhos artísticos produzidos ao longo de um ano pelas várias categorias artísticas e produtores culturais (pintores, escultores, escritores, artesãos, cantores, músicos, coralistas, atrizes e atores, dançarinos, arquitetos etc, etc, etc) e, de forma arbitrária, definirem quais são os vencedores do Troféu Odette Costa? Por mais que haja especialistas em áreas distintas na equipe da Cultura e (é inegável a competência do Alexandre Melinsky no teatro, da Simone Leite Gava nas artes plásticas e do próprio secretário na literatura), não entendo que mesmo estes possam dar conta de áreas que não são suas, de suas especialidades.

Já no ano passado havia sugerido isso, e repito: Por que não montar uma comissão externa, sem vínculo emocional ou político com a Secretaria de Cultura ou o CMPCA, para determinar os vencedores de cada uma das categorias do Troféu Odette Costa, com dois ou três especialistas de cada uma das categorias, para opinar, discutir e deliberar sobre os votos? Por que não tornar pública a relação de TODOS os concorrentes ao Troféu, demonstrando transparência, lisura e cuidado no processo, além de informar um parâmetro a todos àqueles que concorreram ao prêmio, por meio de voto aberto, já que o prêmio é resultado de uma lei municipal (4.905/96) e realizado com dinheiro público?

O prêmio mudou em relação às duas últimas edições, mas ainda há que se melhorar muito para ganhar o status digno de uma Odette Costa.

Antonio Luceni é mestre em Letras e escritor. Membro e Diretor de Integração Nacional da União Brasileira de Escritores – UBE.

Alguns dos membros do Núcleo UBE, participantes da coletânea "Tantas Palavras"
(e/d) Antonio Luceni, Pedro César, Ana Almeida, Wanilda Borghi, Marianice Palpitz, Emília Goulart e Tito Damazo

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