domingo, 5 de junho de 2011

Mauríce Tardif

Olá, pessoal. A intenção do texto de hoje foi tentar aproximá-los das concepções de Maurice Tardif sobre formação e trabalho docente. As referências são as que se seguem abaixo.
Abraço a todos.

Maria Lúcia


MAURÍCE TARDIF
SOBRE O AUTOR E SUAS IDEIAS SOBRE FORMAÇÃO DOCENTE
Por Maria Lúcia Terra

Maurice Tardif é professor universitário no Canadá e já desenvolveu diversas pesquisas na área da educação em diferentes países, inclusive no Brasil, onde ministrou palestras e realizou encontros com professores. Na linha de Paulo Freire, vê o professor como agente de mudanças e intelectual engajado.
Para Tardif (2007), o saber docente, assim como outros saberes, “é um saber plural, formado pelo amálgama, mais ou menos coerentes de saberes oriundos da formação profissional e de saberes curriculares, disciplinares e experenciais” (p. 36). Ou seja, o saber não se reduz a processos mentais, mas é também um saber social, que se manifesta nas relações entre professores e alunos. Cabe ao professor dominar, integrar e mobilizar esses saberes. Tal mobilização implica na ideia de movimento e renovação continuada, de construção e valorização dos diferentes saberes e não apenas dos relacionados a aspectos congnitivos. O saber docente tem como objeto a formação de seres humanos e envolve várias instâncias como a família, a escola, a cultura pessoal, os pares, a formação continuada; esse saber é plural, heterogêneo, temporal, pois se constrói durante a vida e o percurso da carreira. Essa concepção de formação do professor é importante para entender sua atuação profissional. Os saberes da experiência são aqueles provenientes da história de vida pessoal de cada professor e também são saberes produzidos pela sua prática cotidiana. Dessa forma, o professor não deve ser entendido como um mero transmissor de informações, mas como sujeito atuante na construção do conhecimento, colaborador dessa construção. Tardif contextualiza a prática docente com a cultura local, abrindo possibilidades de entendimento de como os saberes docentes são construídos. Para o autor, o saber também é um “constructo social, produzido pela racionalidade concreta dos atores, por suas deliberações, racionalizações e motivações que constituem a fonte de seus julgamentos, escolhas e decisões” (p. 223). A partir dessa concepção de saber, construída socialmente, o autor lança base para entendermos o que seria e o que se espera de um professor prático reflexivo. Para ele, as competências dos professores, entendidas como competências profissionais, estão diretamente relacionadas à capacidade de racionalizar sua prática, de criticá-la, de revisá-la, de objetivá-la, fundamentando-a em motivos reais de sua existência.

TARDIF e LESSARD (2005) ressaltam o papel da docência como sendo uma atividade onde o trabalhador se dedica ao seu “objeto” de trabalho, que é justamente um outro ser humano, no mundo fundamental da interação humana.    

TARDIF, Maurice; LESSARD, Claude. O trabalho docente: Elementos para uma teoria da docência como profissão de interações humanas. Rio de Janeiro: Vozes, 2005.

TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 8ªed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.

Maria Lúcia Terra é Diretora do Departamento de Supervisão do Sistema Municipal de Ensino e professora de Língua Portuguesa.

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