terça-feira, 13 de dezembro de 2011

EM QUE BERÇO VOCÊ NASCEU?

Por Deise Machado*


Quando pensamos nessa palavra, por vezes ela implica muitas interpretações: BERÇO.

Dizemos: “Fulano nasceu em berço de ouro!”, ou também “Educação vem de berço”.

Sabemos hoje em dia, da importância do berço, não só das suas inúmeras conotações, mas também do móvel propriamente dito. O berço como lugar de descanso, de aconchego, de renovar as energias do bebê, depois de um intenso dia de fazeres e brincadeiras.

No entanto, ainda existem pessoas que enxergam o berço (o móvel), como um lugar para cercear apenas a criança, deixando-a impedida de ser livre, de andar, engatinhar, tocar objetos, enfim, de ser criança. Nesse período da vida, como bebês curiosos e ávidos pelo novo, pela curiosidade, pelo toque dos objetos em seu entorno, as crianças necessitam reconhecer o berço como espaço de aconchego e de descanso. Um lugar especial onde ele queira estar e não onde seja obrigado a ficar. O berço não pode e não deve ser visto como um lugar de castigos, de punições. Berço é afeto. É um espaço individual onde o bebê tece vínculos emocionais, por reconhecer como seu espaço, seu cheiro e onde tenha vontade de ficar. Muitos de nós já tivemos também nossos berços. Muitos de nós tivemos oportunidades de ser educados, acariciados e embalados com cantigas de ninar em um berço. Por isso, o móvel é tão essencial e pertinente nessa faixa etária da vida, por isso as suas grades, para zelar pela segurança física do bebê. O berço é parte significativa da primeira infância.

Ao nascer, Jesus, num estábulo, junto aos animais, sua mãe Maria quis aconchegá-lo em um lugar: um berço. Contudo, devido às condições daquele momento, tal vontade foi impossível. Como mãe zelosa que era, Maria coloca-o em uma manjedoura, uma espécie de tabuleiro fixo onde se põe a comida dos animais. Isso é exemplo de pura ternura, de amor maior. Ainda enrolado em panos, acabara de nascer o Salvador do mundo, e Ele precisou de um berço, precisou daquela condição de bebê para aconchegar seu pequeno corpo em algum lugar. Se até Jesus precisou de um berço como local de cuidados e carinhos, por que não fazemos o mesmo? Por que imaginar o berço como local de isolamento e impedimento?

Nossas crianças que ainda necessitam de um berço, deve enxergá-lo como objeto de vida e não de sofrimento, de tormentas por algum castigo ou punição. Nossos bebês merecem ter a cada dia a vivência de suas próprias inquietudes de crianças, sem imaginar que serão castigadas sendo colocadas dentro de um berço, para fazê-las parar por alguma traquinagem.

O berço é permeado de significados. Repleto de informações, crenças, valores e principalmente da visão que temos sobre a criança e infância. Berço é espaço de crescimento saudável. Crescer em berço de ouro realmente não é pra muitos. Mas crescer em berço repleto de amor, afeto, ternura e respeito, é algo que devemos almejar e praticar com todas nossas crianças. O berço é e sempre será espaço para a vida!


Deise Machado é Orientadora Pedagógica de Educação Infantil, da Secretaria Municipal da Educação - Araçatuba/SP.

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