segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Quem quer pão?

Antonio Luceni
aluceni@hotmail.com

A primeira coisa que fiz ao acordar no domingo foi comprar pão. Ou melhor: querer comprar pão. Na primeira, estava fechada. Na segunda, uma fila danada e quando chegou a minha vez:
-  Acabou!
- Como assim, acabou?
- Acabou. Estamos com outros na câmara fria, daqui meia hora, mais ou menos, tem pão fresquinho.
Daqui uma meia hora?!... É ruim, hein, Cleonice!!!
Na terceira, a fila já se estendida até a calçada. Aí me fez lembrar os anos de recessão vividos pelo Brasil na era Sarney (e “era” não é um exagero quando nos referimos ao Sarney, não é mesmo?!). Minha mãe e meu pai, cada qual num ponto da fila pra poder pegar, cada um, mais um litro de leite, ou uns quilinhos de carne a mais... Afinal, sete pessoas numa casa não podiam passar apenas com o que liberavam por pessoa.
Depois da terceira, meu amigo, desisti de pão. Voltei para casa só com a vontade de comer pão fresco. Aí todo mundo:
- Cadê o pão?
- Sei lá, acho que os padeiros resolveram acordar mais tarde hoje.
Você vai me dizer que também os padeiros têm direito de acordar mais tarde depois de festas de final de ano. Você certamente está pensando que eu sou um cruel achando que em plena dez horas da manhã o pão era pra estar pronto e fresquinho para eu comprar, não é mesmo? Mas não são os ócios do ofício? Também não estão os policiais e médicos de plantão? Também não estão os pilotos, comissários de bordo, maquinistas e tantos outros motoristas que fazem com que o mundo não fique parado nas festas e feriados? Ora! Então, queria comprar pão também logo no dia de natal!
Tá bom, há um pouco de exagero, sim. Afinal, qual diferença entre deixar de comer um pãozinho francês num ou noutro dia do ano, além de contribuir para a diminuição de calorias?
Em casa, peguei um pão italiano adormecido, cortei-o em fatias, derreti dentes de alho nelas e levei tudo ao forno com fios de azeite. Alguns minutos depois e... pronto! deliciosas torradas, acompanhadas com leite com café.
Fiquei feliz com o resultado. Também acho que os padeiros ficaram felizes em poder acordar mais tarde um pouquinho. É, o espírito natalino realmente faz coisas com a gente!
AQUELE ABRAÇO! Para o Marquinhos e para Márcia do Restaurante do Ginásio. Espero que tenham gostado do texto, meninos. Afinal de contas, comida é vossa especialidade.

Antonio Luceni é mestre em Letras e escritor. Membro e diretor da União Brasileira de Escritores – UBE.

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