domingo, 11 de julho de 2010

Família


antonio luceni
aluceni@hotmail.com

A Espanha é a campeã 2010 da Copa do Mundo. Pra não dizer que não falei...
Há algumas semanas estamos sendo bombardeados por, pelo menos, duas notícias que, no mínimo, servem para que pensemos em várias coisas; entre as quais: família.
Estou me referindo aos casos “Mércia” e “Eliza”. Nos dois casos, a família é o eixo da discussão. E se não é o centro, passa-se por ela. No caso “Mércia”, uma família presente, dedicada e corroborativa para pensar e elucidar o assassinato da advogada. No caso “Eliza”, famílias truncadas e, até certo ponto, desequilibradas, tanto por parte do algoz quanto da vítima.
A grande falência social, a meu ver, passa pelo âmbito familiar. E não estou defendendo aqui a forma tradicional de se enxergar ou se constituir família. Não. Estou propondo o (re)pensar de uma microssociedade familiar que pode (e pragmaticamente tem) optar por várias nuanças, sob múltiplas possibilidades...
Fui criado numa família muito simples, entre cinco irmãos e meus pais. Passamos por muitas dificuldades na vida: moramos sempre nas periferias das cidades onde vivemos, ganhávamos roupas e calçados, era comum reaproveitarmos cadernos e outros materiais escolares de um ano para outro, às vezes na mesa não tínhamos variedade para comer, ficávamos com o singular alimento que nos era oferecido.
Na contramão do cenário acima, sempre fomos muito unidos (e até hoje é assim). Tínhamos as discussões de praxe que todas as crianças e adolescentes têm, mas sempre nos respeitávamos muito. Herança que nos foi deixada desde cedo pelo meu pai Cícero e minha mãe Maria.
Em meio às adversidades da vida e a possibilidade de debandarmos para o lado ruim da sociedade – e os exemplos aqui são desnecessários – sempre optamos pelo caminho da honestidade, do caráter, da fraternidade. Talvez você pense, prezado leitor, que estou falando de sacrossantos humanos que beiram a angelical parcela privilegiada de escolhidos d’outro mundo. Talvez alguém ache um exagero falar de altruísmo, seriedade, ombridade e tantas outras coisas “fora de moda” e por vezes “piegas” nessa sociedade tão desconfortante (na ausência de adjetivo mais claro!).
Mas existem, sim. São importantes, sim. É possível, sim. Nós devemos acreditar que, para além das aberrações a que somos submetidos diariamente nos telejornais, é viável criar e educar filhos e pessoas num caminho de retidão e de gente de boa fé.

Antonio Luceni é mestre em Letras e escritor, membro da União Brasileira de Escritores – UBE.

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