
Para lá: a saudade de uma parte da gente que, ao longo do tempo, acabou nos cativando com risos e ransos, com delicadezas e rudezas, com saliva, com hormônios, com verdade e mentiras...
Para cá: sustento, dinâmica de vida, círculo de amizades (e desafetos também!), patrimônio (não muito porque o leão deixa pouco), outra parte da gente, apesar do convívio diário, procuramos não deixar virar rotina porque, como sabemos, esta nos cega.
Para lá: vez ou outra (uma ou duas vezes ao ano, no máximo), entre escapadas quase-férias, lacunas no corre-corre de ações que não param nunca... Novidades, nomes e pessoas desconhecidas, comidas e temperos diferentes (imaginem que um dia comi uma “cereja traveco”, feita de mamão).
Para cá: quase um GPS. Itinerários gravados, rotas praticamente automáticas, paisagens repetidas feitas figurinhas a serem trocadas, sabores e cores já vistos, as mesmas vozes, as mesmas queixas, as mesmas provocações...
Lá: uma utopia.
Cá: o mundo real.
Lá ou cá?
Os dois. Precisamos de ambos para o equilíbrio da vida.
O cá às vezes é o lá de alguém (ora bom ora ruim). E vice e versa, entende?
Antonio Luceni é mestre em Letras e escritor, membro da União Brasileira de Escritores – UBE.
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