domingo, 15 de janeiro de 2012

AINDA ESTAMOS VIVOS, POXA!



Antonio Luceni
aluceni@hotmail.com

A gente sempre acaba encontrando alguém que mereça a gente.
É verdade que a vida é feita de fases. Lembro-me de como gostava dos dias de final de ano. Aquela agitação toda, luzes de pisca-pisca por todos os cantos da cidade, os laços dourados, as bolinhas – que na época eram de vidro – todas coloridas e cintilantes penduradas num galho de árvore, que buscávamos simular um pinheiro.
Já não gosto de mais nada disso e os natais estão cada vez mais chatos pra mim.
Como gostava dos filmes de Os trapalhões, A lagoa azul ainda me emocionava e ficava torcendo para que as personagens encontrassem algum navio que as tirasse daquela ilha, que era linda, mas totalmente inviável. E a Lassie? Como era legal assistir aos filmes dessa cadela espetacular... Super-homem e Lex Luthor, até do Xou da Xuxa já gostei...
Já não gosto de mais nada disso. Não suporto mais falar em Lagoa Azul e filmes de animais, puramente “interpretados” por eles, não assisto nem que me paguem.
É, as coisas mudam, meu caro. O mundo gira, a fila anda, as coisas mudam...
Algumas pessoas se aproximam da gente pelo momento que estamos vivendo. Pelas proximidades de gostos, até pela condição do desgosto, da profundidade do poço... Mas não vai durar para sempre.
Assim como não vai durar para sempre a felicidade ou a infelicidade do que quer que seja. Nós devíamos nos acostumar com o circunstancial. Depois de um dia longo de sol, precisaríamos esperar a noite. (E ainda que não a desejemos, ela irá aparecer. É inevitável).
Os contrastes da vida é que a tornam interessante. Essa coisa de felicidade eterna, de amor perfeito e imortal, funciona bem só em contos de fadas. E isso porque não continuamos a história! Se assim o fizéssemos, é possível que até nas histórias maravilhosas virasse tudo um “saco”.
E aí a gente passa a vida toda batendo numa tecla que não irá dar certo. Talvez tenha funcionado no começo, naquele momento em que pensamentos e gostos estavam aparelhados, em sintonia. Agora já não é mais assim, agora não funciona mais... E isso, repito, é normal. As coisas mudam, os gostos mudam, a dinâmica do mundo é assim...
Sim, vai doer um pouco. Sim, no começo vai parecer que não tem mais jeito, que as coisas perderam o brilho, não têm mais graça... No começo é assim, mesmo. Mas vai mudar. Vamos encontrando outros motivos para viver. Haverá outros amores por aí, outros ofícios mais estimulantes, outras praias mais limpas... Ainda estamos vivos, poxa!
No final, a gente sempre encontra alguém que mereça a gente. Com todas nossas qualidades e defeitos, com toda nossa implicância, com o jeito doido de cantar no banheiro, com todas nossas esquisitices...

Antonio Luceni é mestre em Letras e escritor. Membro e Diretor da União Brasileira de Escritores – UBE.

2 comentários:

  1. Meu caro Luceni, se não fosse assim haveria jeito de ser de outro jeito?
    Jeito doido ou jeito doído? Não sabe? Pergunta aí pro vizinho ou pra emnpregada r******* ( jeito Ceciliano Vidigal de sorrir)
    Amigo, meu the end tá se aproximando e ainda não encontrei ninguém.Quando penso: é agora, ou tem mau hálito ou tem chulé
    Palavra chave: jeito (po)

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  2. kkkkkkkkkkkk continue lutando, Hamilton... quem insiste sempre consegue, nem que seja um tribufu!!!

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