segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Vamos para a Praia?


Por Irene Coimbra

Já estava anoitecendo quando ele chegou, tomou-me pela mão e assim me falou:
 
“Vamos para a praia? À noite é gostoso andar na areia ouvindo o barulho das ondas quebrando na beira!”
 
Tão carinhosa me soou sua voz, que não resisti pra ficar com ele a sós. Naquele instante seu convite aceitei, e com ele, alegremente, pela praia eu andei.
 
Com seu braço em meu ombro, íamos nós caminhando, parando algumas vezes, para o Mar ficar olhando.
 
As ondas vinham e molhavam nossos pés ali na areia, e o Mar pra nós murmurava: “Fiquem aqui a noite inteira!”
 
Não resistindo ao convite que ele pra nós fazia, ficamos ali na praia até amanhecer o dia. Durante a noite toda para mim ele cantou e o Mar, através das ondas, também o acompanhou.
 
As ondas sempre chegavam ali pertinho de nós e assim, a noite inteira, ouvimos do Mar a voz. Quando o sol foi surgindo com sua força total, vi nos seus olhos um brilho que jamais vira outro igual. Olhando então para mim, com aquele brilho no olhar, ele disse que era assim que sempre sonhara amar.
 
O Mar nesse instante pra uma onda perguntou: “Não é também assim que ela sempre sonhou?”
 
Uma onda gigantesca nesse momento surgiu como que enciumada de tudo que ali ouviu. Vi o Mar se enfurecer com aquela onda estranha e tudo então revolver com sua força tamanha.
 
Assustada com a mudança que via diante de mim a ele me agarrei e o ouvi dizer assim: “O Mar está furioso porque não foi compreendido por essa onda gigantesca que chegou com tal ruído. Mas pode ficar tranqüila que isso logo passará, você está em meus braços e protegida será.”

Me sentindo dominada por uma forte emoção, era como se dentro de mim batesse o seu coração, e enquanto seus fortes braços me mantinham abraçada, pouco a pouco me acalmava e não pensava em mais nada.

E como profetizara, o Mar logo se abrandou quando a onda gigantesca na praia se quebrou. Olhando para o Mar como se hipnotizada eu o ouvi murmurar: “Isso que viu não é nada!”
 
Sem querer acreditar naquilo que eu ouvia a ele me abracei enquanto ele sorria. Pude então perceber que pra ele era normal aquilo que para mim era um espetáculo sem igual. Ele tentava me explicar tudo que eu não entendia, e cada vez mais segura com ele eu me sentia.

E no instante mais sublime quando ele me beijou alguém entrou em meu quarto e... me Acordou!

* * * * *

Do livro “Simplesmente Poemas”, Editora Legis Summa – Pág. 142 – Irene Coimbra é professora e escritora. Membro da União Brasileira de Escritroes - UBE.

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