domingo, 11 de setembro de 2011

11 de setembro


Antonio Luceni
aluceni@hotmail.com

Eu estava num intervalo de aulas, na sala dos professores, quando tudo aconteceu. De repente todos os canais interromperam suas programações e começaram a transmitir ao vivo o episódio que encerrava um século e começava um outro: os ataques contra os Estados Unidos, no 11 de setembro.
Vindo de onde veio, mais parecia um daqueles filmes de ação, com explosões para todos os lados, correria, gritos, helicópteros, sirenes e tudo o mais. De fato mais parecia uma produção hollywoodiana que uma cena real. Mas, infelizmente, era tudo verdade. Uma verdade que demorei perceber existir.
Foi quando, então, presenciei, juntos a outros tantos milhões de telespectadores no mundo todo, o segundo avião atingir a última torre do World Trade Center. Que cena terrível. Mesmo a quilômetros de distância foi como que se aquele impacto também me causasse surdez, me fizesse cobrir de poeira, tampasse minha respiração.
“Meu, Deus! Será mesmo?”. Não queria acreditar. Por mais que o mundo viva em conflito, por mais que a discórdia, a ganância, a ambição, o individualismo, a falta de respeito e amor pelo ser humano ainda sejam uma constante entre nós, não me acostumo com isso. E a verdade: não quero me acostumar. Porque no dia em que a intolerância e o desrespeito passarem a ser algo “aceitável” será nosso fim.
Muitas foram as cenas que me chocaram naquela semana e nos vários meses que se seguiram ao atentado: as mensagens de adeus que foram deixadas em celulares e secretárias eletrônicas, os pedidos de socorro não atendidos, civis e militares que deram suas vidas na tentativa de salvar outras tantas, depoimentos de pessoas que se atrasaram para chegar até os edifícios derrubados e que, por essa razão, ficaram livres da desgraça etc., etc. etc. Mas uma imagem particularmente, divulgada na revista Veja da semana passada, cravou-se em minha memória feito ideia fixa: um homem em pleno mergulho no ar para se livrar das chamas que assolavam às torres.
Uma ação de desespero que lhe garantiu alguns segundos a mais de vida. Uma ação descabida para nós, racionais demais, mas que, de alguma forma, deu conta de alimentar a esperança daquele que a cometeu. Lançando-se por sobre o nada ele se viu livre do final a que seus algozes queriam que tivesse. Mas quem eram seus inimigos? A quem procurava contrariar com tal gesto? Aliás, ele estava contrariando alguém ou algo? Quais teriam sido suas últimas palavras? Quais foram as imagens que passaram pela cabeça dele naqueles últimos segundos de vida? Será que sentiu muita dor ou teve a sorte de seu cérebro se desligar antes que o choque fosse consumado?
Estas respostas nós nunca saberemos. Assim como nos serão desconhecidas as reais intenções e ações tanto dos Estados Unidos quanto dos terroristas da Al Qaeda. Quem está certo? Quem está errado? Quem começou primeiro? Quem resolveu terminar? Terminou? Outras tantas questões surgem, mas uma coisa é certa: para esta geração, todo 11 de setembro será de tristeza.

Antonio Luceni é mestre em Letras e escritor. Diretor da União Brasileira de Escritores – UBE.

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