Nesta semana que
começou com o dia das mães, pensei em escrever sobre uma arquiteta que, apesar
de não evidenciar seu espírito materno, carrega consigo o principal sentido que
as mulheres têm por natureza, o de mãe. Dizem por aí que as mulheres já nascem
mães, mas não posso garantir que esse é o caso de Zaha Hadid. Entretanto, se
filhos biológicos não fazem parte de sua hisória, Hadid, tem de sobra os filhos
de “pedra”, e é uma cambada. São edifícios, móveis, utensílios e quadros
espalhados por todo o mundo, por toda parte, de todos os tipos, mas para um
único gosto. Aqui, neste artigo, me proponho a falar sobre Zaha Hadid e seu
espírito “materno”.
Um dos principais nomes da arquitetura atualmente,
Zaha Hadid não é só peculiar por ser a única mulher no circuito internacional
da arquitetura. Iraquiana, nascida em Bagdá em 1950, Hadid formou-se em
matemática antes de cursar arquitetura na prestigiosa Architectural Association
em Londres. Sua formação foi agraciada por referências diversas, tornando a sua
obra uma expressão cultural ampla e heterogênea em que se mesclam as raizes do
mundo árabe e abstrações dos artistas suprematistas, passando pelo rigor da
Bauhaus com as sugestões do informal e do pop, até a adesão ao modernismo com a
energia relacionada aos conceitos matemáticos de campo e fluxo. Achou confuso?
Então você entendeu o espírito do trabalho da arquiteta. Dividida entre a
prática e academia, Hadid experimenta novos conceitos, frequentemente caminhado
entre os campos da arquitetura, urbanismo, design e artes plásticas.
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Malevitch’s Tektonik, 1976-1977, pintura. |
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The Peak, 1983, pintura |
Seus projetos são classificados pelos críticos como
fundamentais e indispensáveis representantes do movimento arquitetônico chamado
desconstrutivista e chamam a atenção pelo singular modo de representação.
Vencedora do Prêmio Pritzker, o mais
importante prêmio de arquitetura, Hadid tem um trabalho inovador e provocativo.
Como escreveu uma das jurdadas do mesmo concurso, Ada Louise Huxtable: ‘A
geometria fragmentada e a fluidez de Hadid fazem mais do que criar uma forma
dinâmica e abstrada; o trabalho da arquiteta explora e expressa o mundo em que
nós vivemos”. Sem muito medo das críticas, Zaha ainda se aventura
com destreza no mundo do design e entre suas criações estão: sapatos para a
marca brasileira Melissa; lanchas Z-boat e sofás para a B&B Itália.
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fonte: dzeen.com |
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fonte: www.dzeen.com |
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fonte: www.dzeen.com |
Seus edifícios também são carregados de uma carga expressiva.
No MAXXI (Museu de arte do século XXI) em Roma, a arquiteta encaixa o prédio
nas lacunas da cidade histórica de forma líquida e natural. A vocação do
terreno é celebrada em um projeto que aparentemente é dissonante e abstrato,
quando na verdade, parece pertencer ao local ao espalhar suas raízes. De certa
forma, o edifício tem uma configuração fluida tanto externa quanto
internamente.
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fonte: www.archdaily.com |
Ao entrar pelo saguão principal, o visitante logo é convidado
ao passeio após visualizar com facilidade seus espaços contínuos. Numa experiência
estética profunda, há quem diga que passear pelo museu não estimula apenas o
sentido visual, mas explora sensações
térmicas e táteis. (Não posso confirmar tais informações já que não estive
presente fisicamente no local).
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fonte: www.archdaily.com |
“a arquitetura deve oferecer prazer.
Ao entrar num espaço arquitetônico, as pessoas deveriam vivenciar uma sensação de harmonia, como se
estivessem numa paisagem natural, para além das dimensões ou do valor
econômico. Nisto consiste o meu conceito pessoal de luxo: é algo que não tem
nada a ver com o preço, mas com as emoções que a arquitetura consegue
transmitir. Basta pensar na praia de Copacabana: é um lugar maravilhoso, tem
uma areia belíssima em grande escala para todos: este é o objetivo da
arquitetura.”
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fonte: www.archdaily.com |
Em entrevista a Hanno Rauterberg, a arquiteta completa:
“As pessoas ficam perguntanto se as
mulheres trabalham diferentemente dos homens, Eu só posso dizer que não sei.
Nunca fui homem. Entretanto, é óbvio que amaioria dos clientes não gosta muito
de lidar com uma mulher. É preciso uma iraquiana para mostrar-lhes como.”
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