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A artista em sua residência |
Olá, pessoal, tudo bem? Bom,
conforme anunciado aqui no blog na semana passada, começamos a partir de hoje
uma série de entrevistas com artistas plásticos de Araçatuba, com o intuito de
mostrar um pouco da arte de nossa gente, do que pensam e o modo como se
relacionam com o seu ofício. Começo com esta que é uma grande artista em nossa
cidade e que, particularmente, nutro grande admiração por ela: Wilma Gottardi.
Wilma Gottardi é formada em
biologia pelo Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas IBILCE/UNESP
de São José do Rio Preto. Sempre se interessou por arte. Empresária, montou e
manteve o antiquário Art Nouveau por muitos anos em Araçatuba. Mas foi depois
de aposentada que começou a se dedicar exclusivamente às artes plásticas. Fez
vários cursos de história da arte com diferentes professores e cursos de
técnicas e suportes variados em diversos ateliês, entre os quais com Gilson
Pedro (Masp), Arnaldo Aparecido Filho, Márcia Porto (Fare Arte), Cacilda da
Costa e Silva, Suely Dabus, Célia Molina, entre outros.
É admiradora de diferentes
artistas plásticos, cada qual com sua forma de a cativar, seja a partir da cor,
forma, expressividade, tema etc... Entre eles cita: Matisse por conta do uso da
cor; Picasso, pelo inventividade e inovação na forma; Pau Klee, pelo trabalho
com o abstracionismo; Salvador Dalí e sua visão de “loucura” do mundo; Andy
Warhol com o seu diálogo contemporâneo da sociedade; Frida Kahlo e toda sua
ousadia e criatividade; Van Gogh e a expressividade em seus trabalhos. Dos artistas
brasileiros faz menção a Almeida Junior e todo seu registro de crônica visual
de um Brasil colonial e do povo simples nas telas; Lasar Segall e todo seu
vigor e crítica social, Portinari e a grande ruptura da arte moderna
brasileira; Tarsila do Amaral e Djanira, mulheres fortes e de uma inteligência
incrível; Hélio Oiticica, Debret e outros...
Participou de diferentes mostras
individuais e coletivas, entre elas: Exposição de Arte e Mobiliário (Araçatuba
Clube, 1987); Sarau com o músico José Calixto Marques de Oliveira (1988); Exposição
de Arte de pintores brasileiros e europeus (1988); Mostra Coletiva de Arte
(Araçatuba Shopping, 1996); Mulhearte – Farearte (1997); Mostra do Dia
Internacional da Mulher (Banco Banespa, 1999); História das Artes Plásticas no
século XXI (Banco do Brasil, 2001); Araçatuba com Arte (2003).
Dedica-se, na atualidade, ao uso
de pigmentos com aglutinantes na confecção de tintas aquarela, juntamente com
Norma Fonseca. E como expressão dessa pesquisa, estão em curso uma série de trabalho
feito com base na técnica mencionada.
Sobre arte, entende que “é a
percepção aprimorada do mundo, e é vital para a cultura da sociedade com um
todo”. O mundo todo, no entender da artista, aprecia, pratica, resgata e
projeta arte com o propósito de entender a espécie humana e como uma forma de
nutrição mística. Diz que em Araçatuba praticamos um microcosmo do que acontece
no Brasil, com movimentos esparsos e isolados de muito boa qualidade. Na
região, menciona Penápolis como sendo a cidade que sempre se sobressaiu nas
artes plásticas, sobretudo na arte Naif e seu Museu do Sol.
“Uma educação pela arte é,
sem dúvida, o melhor caminho para fazer com que a arte seja algo mais presente
em nossa vida”, argumenta Wilma Gottardi. Portanto, a escola está intimamente
ligada a esse objetivo, no entender da artista. E esse movimento começou desde
o momento em que o ensino obrigatório de arte foi retomado. “Agora, é lógico,
precisa ser aprimorado, melhorado dia a dia”, sentencia.
Ela compara um mundo sem
arte com uma pessoa que não tem seus sentidos: não vê, não ouve, não senti, não
fala... “Coitado do mundo, coitados de nós sem arte!”. Para ela, o que há de
principal em seu trabalho é a cor. A forma que ele adquire, o suporte e técnica
que usa são todos em favor da cor. Argumenta que o Brasil é colorido, o homem é
um dos poucos bichos que tem o privilégio de enxergar colorido e da forma como
enxergamos. “Amo a cor por isso, tenho o privilégio de ver e o Brasil é
colorido em tudo, não é mesmo?”, finaliza.
Sobre o ofício de ser
artista, confidencia: “O trabalho deve ser duro, quase que obsessivo, constante.
Mas a busca pela felicidade é o principal. É muito complexo o trabalho do
artista. O processo todo envolve tantos itens que uma vez experimentados devem
gerar um produto que emocione, para o bem ou para o mal. A impressão que se tem
é que precisamos reiniciar eternamente todo processo. É nesse jogo que tomamos
consciência de que não podemos viver sem arte”.
Algumas obras da artista:
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Natureza morta - uma das primeiras telas pintadas pela artista |
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Aquarela com pássaros - a biológa e a artistas juntas |
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Estes trabalhos são os mais recentes, resultados da pequisa que a artita vem realizando na confecção de aquarela. |
Muito boa entrevista, Wilma,parabéns.Sintetisou bem ao dizer que "a arte é vital para a cultura da sociedade como um todo".
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