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* Jornalista e Turismólogo |
Quando Renato Russo gritou, com sua voz de trovão, que éramos da geração coca-cola, talvez sua esperança de ver o mundo novo não deixou que ele percebesse, de imediato, que poderia ser pior. Vejo hoje, desfilar em shoppings e avenidas, a geração coca-cola em embalagem descartável. Nada é aprofundado e ‘para sempre’ para meninos e meninas que aprenderam, desde pequenos, a não concertar os brinquedos, mas sim substituí-los por novos.

Quem ainda não viu, deve correr para ver o filme “Somos tão jovens”, assinado por Antônio Carlos de Fontoura. Ao contar a história do líder do Legião Urbana, o cineasta mostra também a formação da minha geração. Nascemos em um regime de exceção e tivemos que aprender o que é liberdade à fórceps. A revolta latente pela redemocratização entrou pelos nossos poros e a gente também queria mudanças, mesmo sem saber para onde ir.
Em contraste, temos hoje uma geração mais voltada para si mesma, justamente vivendo a atitude pequeno burguesa contra a qual Renato Russo sempre vomitou seus versos. Não somos mais somos os filhos da revolução e cada vez menos somos burgueses sem religião, apesar de sermos o futuro da nação.
Talvez, Renato, depois de vinte anos na escola não conseguimos aprender todas as manhas do jogo sujo deles. Não fizemos nosso dever de casa e eles não viram a nossa reação. Não fizemos comédia no cinema com as leis deles. Nossa revolta é que virou um belo filme.
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