terça-feira, 22 de outubro de 2013

Talibã e Malala, Feliciano e gays, Ciência e ética

*Jornalista e escritor

Ganhou voz pelo mundo a jovem paquistanesa Malala, vítima de atentado do talibã, em outubro do ano passado, por defender o direito de mulheres terem acesso à educação. Ela e outras muitas garotas levaram vários tiros a caminho da escola, mas sobreviveram. A garota acabou virando símbolo no mundo todo da luta e resistência a um regime castrador, preconceituoso e desumano. A trajetória da menina já virou livro e ela foi uma das indicadas para o Nobel da Paz.

Semana passada, Marco Feliciano e sua trupe aprovaram na Comissão de Direitos Humanos, uma proposta de lei que proíbe a entrada e/ou permanência de homossexuais em templos cristãos, sob o argumento de se protegerem de protestos ou coisa que valha em suas reuniões. Sendo assim – e em a proposta sendo concretizada – daqui algum tempo fazer parte de uma igreja evangélica ou católica não será para qualquer um, mas para um público específico.

Também ganhou visibilidade a ação feita por alguns ativistas de São Roque, interior de São Paulo, que resgataram dezenas de cachorros da raça beagle do laboratório do Instituto Royal, alegando que os animais sofriam maus tratos. O fato é que, segundo consta, o laboratório funcionava com autorização, os animais foram criados para fins científicos e todos, conforme podemos observar nas cenas veiculadas pela mídia, aparentavam boas condições físicas.

Você, a esta altura, deve estar se perguntando o que tem a ver uma coisa com a outra. Aí eu respondo: INTOLERÂNCIA.

No caso da garota Malala, intolerância social, cultural e religiosa, numa sociedade altamente machista e preconceituosa que, em pleno século XXI, ainda vê a mulher como objeto de procriação, como uma máquina de lavar, passar e cozinhar e que – esse é o grande motivo da intolerância – não quer abrir mão do status e do poder para um “ser inferior”.

Já o fatídico e recalcado deputado Marco Feliciano, bem como toda sua trupe, usa da conveniência de um discurso raso, populista, arbitrário e homofóbico, portanto NADA CRISTÃO, para galgar à reeleição com votos de pessoas que, comungando de seu “pensamento”, fazem perpetuar a intolerância, o desrespeito e desamor, elementos que não deixam resplandecer a luz do evangelho em suas vidas.

Por último, invadir instituições de pesquisa, órgãos legitimamente estabelecidos e que contribuem para o avanço e melhoria da humanidade - afinal, nessa história toda, o ser humano, penso, deve ser o maior beneficiado -, por conta de uma crise emocional e ética, não converge muito com o chamado “mundo desenvolvido”. Se há problemas no tratamento dispensado aos animais, se há alguma lei ou norma sendo infringidas, que sejam tomados os caminhos legais para tal.

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