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*Artista plástica e contadora de histórias |
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Juçara França |
Olá pessoal, alegria em
estar aqui com vocês novamente. Dando continuidade à série que estamos vendo de
artistas araçatubenses, gostaria de apresentar a vocês esta que é das mais
atuantes em nosso município: Juçara França.
Juçara é formada em
Música pela UNAERP/Ribeirão Preto e em Artes Plásticas pela Fundação
Educacional de Penápolis. Fez cursos livres, entre os quais com Sérgio
Fingermann, artista e crítico de arte reconhecido nacionalmente. Participou de
várias exposições, entre elas Panorâmica Arte no Interior – SESC Rio Preto
1999; XXVI e XXVII Salão de Arte Contemporânea – Santo André 1998 e 1999;
Exposição de Arte Contemporânea – Araçatuba 2002 e Coletiva Sudameris 2004.
Como artista que é, tem
vários projetos em mente, mas um que já pode compartilhar conosco é o de uma exposição
de suas obras em seu próprio ateliê, dirigida pessoas de Araçatuba e região, no
segundo semestre de 2013.
Para Juçara, “a arte é
um pacto com a ilusão. Uma imagem sugere realidades em nosso espírito; o
artista dialoga com aquilo que tem de sensível e de sua intelectualidade; o espectador
se apoia no que tem de mais ou menos trabalhado em seu espírito”, pondera a
artista.
Juçara acredita que o
mundo está descobrindo que a humanidade pode ser salva pela arte porque ela nos
sensibiliza, age em nosso espírito, nos faz meditar. Em muitos países as
pessoas perceberam que não precisam ter dinheiro ou ser intelectuais para
exercitar a sensibilidade. A busca pode ser mais simples. Um passeio pelo
parque, ouvir música e ler textos são usados para agir no espírito.
Para Juçara, “encher-se
de imagens, de imaginação e de sensibilidade é um caminho para compreender arte”.
É claro que quem possui conhecimentos terá em seu interior uma maior associação
de ideias e sentimentos e perceberá melhor as provocações dos artistas e do
mundo.
Juçara vê muito pouco
esforço no Brasil para fazer com que a arte atue na sensibilidade das pessoas. “Estamos
tendo grandes exposições, alguns musicais e movimentos intelectuais, mas o impacto
ainda é pequeno”, sugere a artista.
Os órgãos competentes,
na visão da artista, precisam oferecer condições para que as pessoas se
sensibilizem. Este deve ser o caminho. Andar em um lugar limpo e seguro e, de
repente, ouvir uma música ou ler uma mensagem inteligente, para se sensibilizar.
Um toque de luz ou um encontro com a sombra, e até mesmo as trevas nos ajudam
criar. Até um ato de patriotismo,
como cantar o hino nacional, pode tocar nas emoções. Arrepiar-se com o que é
visto e ouvido. O Brasil precisa crer que a arte existe e independe de partidos
e de atos ou acordos políticos.
Juçara vê a arte em
Araçatuba muito atrelada à política, atendendo a vaidades. As oportunidades
oferecidas são ocasionais, e nem sempre criteriosas. Para ela, “há uma
tendência de agradar ou obter algo em troca. Há um espírito de revanche”.
“O artista precisa
trabalhar, e muito. Ter a experiência de criar. O artista não tem que procurar
nenhum grupo em particular. Precisa se concentrar e se esforçar para conseguir
uma obra verdadeira e profunda”.
Acredita que cargos
devem ser oferecidos a pessoas que tenham conhecimento sobre o que vão exercer.
Políticos precisam fazer um esforço para saber Português, Geografia e História,
além de ética, política e, principalmente, ouvir os anseios do povo. A
população precisa ser estimulada na meditação e na imaginação.
Para Juçara, nosso
mundo está cheio de técnicas e estamos preocupados, excessivamente, com o nosso
conforto material. Procuramos coisas artificiais e quase sempre falsas. Nos
esquecemos dos nossos instintos e nos tornamos escravos de coisas inúteis para
nossa alma. “A arte pode nos colocar num estado de percepção do que realmente
somos. Um estado emocional que nos tira da alienação”, sentencia.
Juçara trabalha com o pensamento
contemporâneo. Educou o seu olhar para feitura de imagens que sugerem verdades.
Tem uma linha, uma pista. Segue pegadas.
Trabalha o pictórico e cria imagens que se fazem e se desfazem no olhar. Não se prende a técnicas. Pelo contrário, quer
esquecê-las. Está sempre buscando, questionando e errando. Sua obra se dá no
erro, na busca.
Acredita que a
criatividade se dá por meio do desconhecimento, na ausência do desejo. Enriquece-se
com as obras de outros artistas de agora e do passado, usando a cor e o
desfazer dela, para criar uma imagem que se desfaz no olhar. Usa perspectiva
que apenas sugere.
Juçara não vive de
arte. Não conseguiria viver do seu
trabalho. A venda acontece como um reconhecimento para ela. Acredita que isso
pode impedir alguém ser artista. Ser artista e se preocupar com vendas nos faz
desviar. Sair da trilha. Isso é ruim. As obras apoiam-se umas às outras. Um
trabalho paralelo deve ser pensado em casos de necessidade. Melhor seria um
trabalho que se possa exercitar a criatividade e a sensibilidade. Para isso, segundo
ela, a leitura e os filmes a ajudaram bastante.
Acha importante
dialogar com o público, e não entende porque isso é difícil para alguns artistas.
E confidencia que gostaria de receber mais pessoas em seu estúdio. Pessoas que
apenas passassem por lá e olhassem as obras.
Por sentir falta de
segurança, não deixa portas abertas e nem sempre pessoas usam a campainha para
saber se está trabalhando. “O público deve saber que olhar uma obra de arte exige
um ato solene, um respeito pelo que se está vendo”, orienta. Neste aspecto,
fazer uma exposição em uma entidade séria, reconhecida, é o desejo de todo
artista. Que se criem entidades culturais que sensibilizem as pessoas e
despertem em todos um sentimento maior.
Na época de faculdade,
teve um olhar na pintura de Giotto, que a emocionou profundamente. Afrescos com
naturalismo e profundidade. Na obra "Lamentação", os anjos flutuam e
mostram uma dor realmente humana. Hoje, reconhece o quanto ele era moderno. Ainda
estudante, também se emocionou com o azul e as formas alongadas de El Greco; Cézanne,
pela ausência dos contornos e pela composição; pelos azuis e verdes sombreados,
pelos ocres e laranjas e pela sensação de profundidade de Matisse, que não
cansa de ver, os azuis e vermelhos com pretos ou brancos das tapeçarias nas telas;
Paul Klee, o uso da linha; Richard Diebenkorn, que a inspira pelo desequilíbrio
da perspectiva; Anselm Kiefer, pela desordem humana, entre tantos outros nomes
em sua mente… Mas vai ficar com estes nesta conversa.
ALGUMAS OBRAS DA ARTISTA:
Espero que tenham gostado. Um abraço e até a próxima semana!
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