segunda-feira, 22 de julho de 2013

O TEATRO MUSICAL

*Professora de música e regente de coral, formada pelo Conservatório de Tatuí/SP
Tem acontecido em nosso país uma busca assídua por esse tipo de espetáculo e muito tem sido falado sobre essas produções. Um público com faixa etária diversificada tem elogiado as produções brasileiras e tem buscado saber da história e das novidades acerca desse gênero. 

Adolescentes e jovens têm sido atraídos pelos Musicais ou Teatro Musical, e é sobre ele que falaremos hoje. Vamos fazer uma introdução sobre o assunto, definindo o que vem a ser esse gênero, destacando os principais momentos na história do Teatro Musical no Brasil. 

Em outra oportunidade, conversaremos mais sobre as questões técnicas (musicais e artísticas) que são necessárias para o ingresso nessa arte.


O Teatro Musical

É uma forma de teatro que combina música, canções, dança e diálogos falados. Está delimitado de um lado pela sua correlação com a ópera e, por outro, pelo cabaré. Os dois apresentam estilos diferentes, mas suas linhas delimitantes, muitas vezes, são difíceis de conceituar. 

O musical, ou teatro musical, é feito de três componentes: música, interpretação teatral e o enredo. A música e a letra formam o escopo do musical, a interpretação teatral está relacionada às performances de dança, encenação, o canto e o enredo referem-se à parte falada da peça. Entretanto, pode também se referir à parte dramática do espetáculo. 

As letras e o enredo são impressos para a plateia em um libreto, como o da ópera. Podemos ver, frequentemente, trabalhos que tenham obtido sucesso sendo usados no cinema ou adaptados para a televisão. 

Um musical pode durar, em média, de duas a duas horas e meia, tendo intervalos de quinze minutos entre um ato e outro. 

O seu formato tem cerca de vinte a trinta canções de vários tamanhos, incluindo uma reprise e adaptação para coral entre as cenas com diálogos. Alguns musicais, entretanto, têm canções entrelaçadas e não têm diálogos. 

O Teatro Musical no Brasil

O teatro musical no Brasil teve sua origem por volta de 1859, por meio da fundação do Alcazar Lírico por artistas franceses, no Teatro Ginásio do Rio de Janeiro. As peças teatrais foram inovadas e transformadas em operetas com ações curtas, todas de caráter satírico, de inspiração francesa. O teatro musicado tornou mais acessível o teatro ao grande público. 

Composto de diversas influências, especialmente a francesa, nascia assim o Teatro de Revista Brasileiro – gênero de espetáculo característico do Rio de Janeiro. 

Uma das grandes compositoras do teatro de revista foi Chiquinha Gonzaga. A partir de suas composições para o teatro de revista, que conquistou um público maior, reconhecimento como compositora e retorno financeiro seguro. 

Outro importante escritor do teatro de revista foi Arthur Azevedo. O Rio, sua primeira peça, em 1877, retratava de forma humorística os principais acontecimentos políticos e sociais no Brasil daquela época.

Carlos Gomes também musicou peças e revistas teatrais. 

Nesta primeira fase, o Teatro de Revista não exigia uma linha narrativa. O casal de cantores e bailarinos devia seguir a regra de ela ser obrigatoriamente elegante e bonita, e ele alegre e malandro, colocando o tom de sátira em suas frases e na sequência do espetáculo. 

O Teatro de Revista brasileiro caracterizou-se como veículo de difusão de modos e costumes, sendo um retrato sociológico da época. Fazia isso com peças alegres, falas irônicas e de duplo sentido, com canções apimentadas e cheio de versos alegóricos. 

Nessa fase, gerido por Walter Pinto, passa a apostar na produção de grandes espetáculos, em elenco formado por numerosos artistas que se revezavam em cada temporada. A companhia investe na ênfase à fantasia, por meio do luxo, de grandes coreografias, cenários e figurinos suntuosos. Todo o maquinário, luzes e efeitos se igualam ao interprete em importância. 

Aos poucos, começa a apelar de maneira mais intensa para o escracho, usando o corpo, muitas vezes nu, em detrimento de um de seus principais alicerces iniciais: a comicidade. Nesse momento surgem as vedetes do Teatro de Revista Brasileiro.

Como dissemos, o caráter cômico do Teatro de Revista foi substituído pelo escracho e, gradativamente, entrou em decadência, quando foi substituído pelos musicais importados da Broadway, em meados dos anos 1960, como Minha Querida Lady (primeira adaptação da Broadway no Brasil de My Fair Lady), protagonizados por Bibi Ferreira e  Paulo Autran.   

A partir dessa época, abrem-se espaços para musicais com temas políticos como Roda Viva, Ópera do Malandro e Gota d’Água – todos de Chico Buarque. Nesse cenário, a história do teatro musical brasileiro ganha um novo horizonte, crescendo o incentivo ao estudo técnico para as especificidades que os musicais requerem. Dentro desse gênero musical, o ator não necessita somente de atributos interpretativos, mas é essencial que se dedique ao estudo do canto e a dança a fim de desempenhar seu papel de forma mais técnica possível. 

Anualmente vemos grandes musicais sendo produzidos no Brasil e eles têm ganhado elogios não só do público, mas da crítica. Tem ocorrido um “boom” no mercado nacional nesse estilo cultural.  

Uma observação importante a ser feita refere-se à idade do público interessado. Há um número considerável de adolescentes e jovens atentos a essas novas produções. Talvez todo esse despertamento tenha sido incentivado por causa de filmes como Mudança de Hábito e também como o seriado Glee, que carregam em seu contexto a dança, a interpretação e a música (itens dos musicais).

Enfim, o Brasil está em alta nesse gênero e é esse o momento que acontecem reflexões a respeito de ser essa a hora de investimentos em criações nacionais. Não só em criações para músicas já conhecidas, mas em musicais inéditos, feitos a partir de histórias inéditas, sem serem baseadas em pessoas ou fatos reais. Muitos críticos e produtores têm se referido a Orfeu, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, ao colocarem em pauta tal ideia. 

Recentemente tivemos a produção do musical Tim Maia – Vale tudo. Outro que foi anunciado para esse ano é o Nada será como antes – Milton nascimento

Bem, há muito para se falar a respeito da história dos musicais tanto em sua origem estrangeira quanto a respeito das produções brasileiras, mas acredito que voltaremos a esse assunto em outra oportunidade, inclusive quando falarmos das óperas. Há semelhanças entre Musical e Ópera e também diferenças técnicas e estruturais a serem destacadas. 

Vou deixar aqui um dueto muito conhecido, frequentemente cantado em casamentos, e que faz parte do musical The Phantom of The Opera (O Fantasma da Ópera). Aliás, peço perdão para quem discordar de minha opinião, mas a versão em português para essa música, intitulada Tudo o que se quer, não consegue expressar, para mim, a beleza de sua letra original em inglês. 

"All I Ask of You" from The Phantom of the Opera:



The Phantom Of The Opera é um musical adaptado para a Broadway por Andrew Lloyd Webber, Charles Harte e Richard Stilgoe. Ele foi baseado no romance francês Le Fantôme de l’Opéra, escrito por Gaston Leroux, inspirado no livro Trilby, de George du Mauner. Publicado inúmeras vezes, sendo adaptado para o cinema e para o teatro, mas seu auge foi com a adaptação para a Broadway por Webber. 

O espetáculo bateu recorde de permanência em cartaz, superando Cat’s e continua em palco até hoje, desde sua estreia em 1986. É o musical mais visto no mundo. Já foi visto por milhões de pessoas, e também é a produção de entretenimento com mais sucesso que alguma vez existiu. 

Bom, espero que tenham gostado. Você já foi a algum musical? Que impressão teve? Comente por aqui. Até a próxima semana. 

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