domingo, 7 de junho de 2009

EDUCAÇÃO DESDE CEDO


antonio luceni


As páginas amarelas de Veja dessa semana trazem uma entrevista com Nobel de Economia James Heckman, com a seguinte manchete: “O bom de educar desde cedo”. Entre outras coisas, o economista enfatiza os vários benefícios e habilidades desenvolvidas nas crianças quanto mais cedo este processo é iniciado, até porque “tentar sedimentar num adolescente o conhecimento que deveria ter sido apresentado a ele dez anos antes custa mais e é menos eficiente.”.
O ditado popular diz que “é de pequenino que se torce o pepino”. E é mesmo! A criança é aberta a muitas coisas. Na criança, por natureza, reside algo que na vida é essencial para o aprendizado do que quer que seja: a curiosidade. Muitos de nós adultos deixamos de aprender (e estou falando sobre aprendizagem no seu sentido mais amplo) porque colocamos também de lado esse olhar curioso pela vida.
Mas no Brasil, parece mesmo que gostamos de fazer tudo ao contrário. Tenho insistido sobre este aspecto por vezes nestas linhas. Um trabalhador pena muito para conseguir um salário magro e comer miseravelmente mal. Noutra ponta, um presidiário tem alimentação balanceada, com nutricionista e tudo. Um estudante pobre pena para conseguir concluir a educação básica e um delinquente dispõe de computadores e outros aparelhos de última geração no lugar em que está preso.
O FUNDEF (Fundo para desenvolvimento do Ensino Fundamental) foi lançado para e exclusivamente a crianças da antiga primeira à oitava série. Ouvia colegas diretoras e professoras do ensino infantil reclamarem – e com razão – das decadentes e urgentes necessidades da primeira infância.
Não tenho tanto espaço para mais exemplos, mas penso que a reflexão fica aí. Mesmo parecendo óbvio demais, mesmo sendo sabido por todos, as coisas na educação de-mo-ram!
Quando em nosso país aparecerá alguém que de fato leve educação a sério? Quando no magistério aparecerá alguém que deixe de lado vaidades e filosofias baratas e encare a questão educacional como algo importante e que respeite o dinheiro público sem experimentalismo leviano e sem vaidades partidárias?
Espero que este dia esteja próximo, para o bem de todos nós!

Antonio Luceni é professor universitário e escritor, membro da União Brasileira de Escritores – UBE.

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