domingo, 14 de junho de 2009

São Valentino e Santo Antônio




Antonio Luceni
aluceni@hotmail.com


Num dia, dia dos namorados noutro, dia de Santo Antônio. Num dia se namora noutro, pede-se em casamento... ou enrola-se!
Desde o começo de tudo, é descrito no Gênesis, “não é bom que o homem fique só”... aí, tentaram arrumar-lhe uma companheira. É, a mesma que o fez pecar é ser expulso do paraíso. Já pensou? Se o homem tivesse ficado só teria uma vida boa, todo peladão, sem ter que se preocupar com IPTU, IPVA, INSS e todos os outros percentuais vis que destroem nosso sorrídico salário.
Não é bom que o homem fique só? Como diria o ditado: “Antes só do que mal acompanhado”. Viemos só para este mundo e assim dele sairemos. Esse exercício de solidão, de encarar a si mesmo é mais do que útil, é necessário. Aliás, acho que esse é o grande problema: não conseguimos ficar sozinhos. Às vezes somos tão insuportáveis, tão desagradáveis que nem mesmo nos aguentamos! Aí já é um outro problema, não é mesmo?!
Gosto de ficar só. Não o tempo todo é bem verdade, mas em alguns momentos do dia ou da semana, sim. Acho que porque fico o tempo todo com muita gente na profissão que exerço, agradeço meus momentos de solidão. O silêncio me diz muito. No silêncio encontro muitas respostas pra perguntas que não são respondidas no agito e na palavração do dia-a-dia. No silêncio consigo me escutar... e quanto isto é difícil. Algo que alguns chamam de consciência...
Casamento? Por enquanto, não... Aliás, não sei se chegará este dia. Sempre tive dois pés atrás com relação a casamento. Não acho que pra alguém se unir sejam necessárias formalidades. A melhor união – penso assim – é determinada por uma ligação maior, algo que não depende de nós necessariamente. Nesse sentido, já estamos casados, seja lá com o que e com quem quer que seja!
Mas tudo isso é bonitinho, sim! Também gera empregos: agências matrimoniais, salões de festas, decoradores, boleiras, alfaiates, bem-casados, hotéis e motéis, pacotes de viagens, aluguéis dos mais diversos, gráficas, joalherias etc. etc. etc. A lista, todos sabem, é infindável... Acho que esse é o problema. Gasta-se tempo com coisas que não constituem a união na essência do que de fato é uma união. A imaterialidade, cada vez menos cultivada em nossos dias, perde espaço para materialidade, o grande deus deste século.
Por isso, haja santo pra dar jeito!

Antonio Luceni é Professor Universitário e Escritor, membro da União Brasileira dos Escritores - UBE.

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