sábado, 14 de setembro de 2013

Leitura e escrita: uma história construída

*Professora da Educação Básica e mestranda em Educação pela Unesp
Teóricos especialistas no assunto dizem que, em geral, os alunos leem muito pouco e escrevem textos medianos, portanto, poucos textos são ruins e poucos são realmente bons. Esta é uma realidade constatada.

É preciso fazer do leitor, que tem limitações, desenvolver ações reflexivas. Não se esquecendo que há diferentes níveis de leitores. Regina Zilbermam afirma que quem escreve bem, geralmente lê muito e que, no entanto, a leitura por si só não garante uma boa escrita.

Amparando-se na linguística, ao contrário do que diz o dito popular “Falar é fácil”, falar, na verdade, não é fácil e escrever tampouco. Ninguém fala para não ser entendido e ninguém escreve para não ser compreendido. 

É a leitura que nos separa da condição animal. Como ela é um processo, o locutor precisa convidar o interlocutor a participar deste processo. De certa forma, expandir no texto é um processo individual, ou seja, o “sair do texto” é comum a todos os leitores.

                                                                                         
Marisa Lajolo (2000) faz uma analogia entre o poema “Tecendo a manhã”, de João Cabral de Melo Neto com a “concepção de leitura”, dizendo que assim como os galos tecem a manhã, os leitores tecem o significado dos textos, construindo então aspectos relevantes para uma reflexão sobre o papel da leitura numa sociedade democrática. Para a autora, a atividade de leitura, em suas origens, era individual e reflexiva, contrapondo a oralidade de poetas e contadores de histórias que possui um caráter coletivo, volátil e irrecuperável. Considera que a atividade de leitura transformou-se hoje em leitura dinâmica, gerando constantemente a necessidade de novos textos. Ratifica ainda que ler é essencial e a leitura literária também é fundamental.

Cada leitor entrelaça o significado pessoal de suas leituras com os vários significados acumulados. Cada leitor tem a história de suas leituras. Lajolo afirma “Um professor precisa gostar de ler, precisa ler muito, precisa envolver-se com o que lê. E esse não é, infelizmente, o perfil comum do professor.”. Enfim, a autora traz uma crítica severa aos profissionais do ensino... Precisamos refletir e agir sobre isto!

Cada pessoa constrói a sua história de leitura.


Estabeleceu-se que literatura infantil é uma especialização literária que visa, particularmente, atingir o pequeno leitor, ou seja, existem livros destinados às crianças. O problema é que muitos destes livros não possuem atributos literários, pois não bastam certas junções de palavras para se realizar uma obra literária. A realidade é que o livro infantil é criado pelo adulto, que transmite pontos de vista que considera úteis à formação de seu pequeno leitor/ouvinte, crendo ser adequado ao gosto e compreensão de seu público. Atualmente, encontram-se narrativas novas inspiradas em outras conhecidas, algumas perduram, outras desaparecem suavemente. Da Pérsia, Egito, Índia e Arábia, as lendas piedosas, os ensinamentos morais e os casos engraçados espalharam-se pelos quatro cantos do mundo, narrativas que se refundem, e continuam a circular.

                                                                                          
Todos temos uma história de leitura, podemos até classificá-las como boa ou ruim, mas temos. Devemos concluir que não há uma história melhor, simplesmente cada um tem a sua. Podemos mesmo depois de adultos reverter nossa história, se for preciso, assim como, contribuir com a construção da história daqueles que convivem conosco e, principalmente, daquelas que precisam tanto de nós: as crianças! Por outro lado, é relevante permitirmos que o outro contribua também! Trata-se de uma reciprocidade constante.

E então? Qual é a sua história?

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