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*Jornalista e escritor |
Calma, são as das festas juninas!
Quem não se lembra das quadrilhas
escolares? Muitos dos primeiros namoricos surgiram nas formações dos pares para
as quadrilhas escolares nas festas juninas. Eu me lembro da Patrícia, na
primeira série... A Patrícia era a menina mais linda das turmas das primeiras
séries. Todo mundo gostava dela. Todo mundo queria ficar perto dela. Além de
linda, era filha do dono da mercearia do bairro. Bom partido pra se casar! E
ela era minha partner. Pois bem, mas
aconteceu de, no dia da festa, ela pegar caxumba; e o que sobrou pra mim? A
menina mais feia da sala! Tadinha, mas fazer o quê? Era feinha mesmo!
Já participei de várias quadrilhas
juninas. Numa dela, quando era Diretor de Cultura em Araçatuba, fiz o papel de
padre. Todos dançamos, fiz o casório e tudo o mais. Mas aí permaneci com a
batina durante a festa. Uma senhorinha saiu lá de longe, de uma das mesas do
fundo, e veio me pedir a “bênção”. Sem querer acabar com a fantasia dela – tal qual
criança em dia de Natal à espera de Papai Noel – foi inevitável: “Deus te
abençoe, minha filha!”.
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O restaurante Zás Trás é um dos mais badalados em Natal. |
Uma das mais emocionantes
participações foi no bar e restaurante Zás-Trás, em Natal. Para quem um dia
passar pelo Rio Grande do Norte, vale a pena visitar este local. Animado, cheio
de coisas típicas do Nordeste: repentistas, contadores de causos, humoristas
e... quadrilha. Lá, em certa altura do espetáculo que acontece à noite, os
dançarinos descem do palco e saem pegando gente no meio do povo pra continuarem
a dança com ela. Uma grande quadrilha é formada e a festa continua. Eu tive o
privilégio de estar numa dessas ocasiões. Oh, coisa boa! Foi como voltar às
raízes de meu Ceará e incorporar meus tantos ancestrais e familiares que
levantaram muita poeira em terreiros e salões deste sertão de Deus.
Hoje, participo das festas nos
bairros, nas quermesses escolares e o prazer é sempre o mesmo. Adoro as comidas
e bebidas típicas dessa época do ano. Adoro sair pelas cidadezinhas vizinhas de
Araçatuba e participar das comemorações juninas, jogar bingo – mesmo que pra
não ganhar nada, comer frango assado com farofa, leitoa à pururuca, tomar vinho
quente e quentão, espetinho de “gato” e tudo o mais...
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Concursos de quadrilhas que movimentam o Brasil inteiro |
É muito bom ver famílias reunidas,
com criancinhas correndo para cima e para baixo numa alegria sem fim;
senhorinhas e senhorinhos com seus gestos lentos, vozes miúdas, com farofas
contornando-lhes os lábios; com jovens trocando olhares e combinando encontros
em um canto escuro qualquer de praça ou nos tradicionais fundos de igrejas...
Aí fica a inevitável reflexão: que
bom que todas as quadrilhas formadas no Brasil fossem para correr e brincar,
comer e sorrir, flertar e beijar... Oxalá que todas as formações de quadrilhas
tivessem esse fim nobre: fazer da humanidade algo cheio de alegria e prazer!
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