segunda-feira, 3 de junho de 2013

VOZ - PARTE II

*Formada em música pelo conservatório de Tatuí, professora e regente de coral
Cuidar da voz é uma questão de condicionamento físico. Ela precisa estar forte para aguentar as variações do dia a dia.  Devemos estar atentos aos sinais que a voz nos fornece. Ficar rouco com frequência, sentir dor, dificuldade na hora de falar ou viver com a garganta coçando são sinais de que algo está errado. Por isso é muito importante a prática de exercícios e cuidados que garantem a voz saudável. 

Vocês conhecem seus músculos vocais, ou pregas vocais, como a maioria das pessoas as chama?

Músculos vocais: par de lábios simétricos formado por um músculo e um ligamento elástico localizado na laringe, abaixo da epiglote. Quando respiramos esses músculos vocais, ou pregas vocais, ficam afastados; quando falamos ou cantamos eles se aproximam e vibram produzindo a voz. 
Alguns exercícios de relaxamento e aquecimento podem ser feitos antes de qualquer atividade vocal, como: rotação da língua no vestíbulo da boca, lateralidade da língua (empurrar a língua contra a bochecha), vibrar a língua (Trrrrrr), vibrar os lábios (Brrrrrr), girar o pescoço em todas as direções, entre tantos outros exercícios.

Bocejar é muito importante! Ao acordar, aproveite para bocejar e espreguiçar - essa rotina pode diminuir a tensão na região do pescoço e dos ombros. Outro bom momento para relaxar é na hora do banho: faça exercícios movimentando ombros e pescoço, deixando a água morna relaxá-los.  

Cigarro e álcool, evite-os!

O cigarro é um dos maiores vilões da voz e da laringe - causa irritação e pode provocar laringite. Com o tempo, a voz engrossa e perde a potência. A nicotina, associada ao calor da fumaça, resseca os músculos vocais fazendo com que você fique rouco ou force ainda mais a musculatura para falar.

O álcool deve ser ingerido com moderação. Ele também irrita as vias respiratórias e altera a qualidade vocal. Aliás, existe um MITO de que a bebida ajuda a “aquecer” a voz. O excesso de álcool pode até gerar um efeito agradável de relaxamento, mas também tem o efeito de “anestésico” e, com os músculos vocais adormecidos, não conseguimos controlar o esforço que utilizamos ao falar e podem só exagerar, causando um grande desgaste.

Outro costume brasileiro - e confesso ainda ser meu alvo de atenção - é o “cafezinho” – O teor de cafeína associado a temperatura desidratam os músculos vocais provocando o aumento de acidez no estômago; causam refluxo e ardor na hora de falar.

IMPORTANTE! Prestem atenção em sua respiração. Respirar pelo nariz é sempre mais saudável. Problemas respiratórios nos levam a respirar pela boca. Com isso, a garganta fica mais ressecada e fazemos um esforço maior para falar e respirar. 

Na maior parte das vezes não percebemos os problemas vocais, a não ser que a “rouquidão” (disfonia) apareça. 

DISFONIA - é um distúrbio de comunicação, caracterizado pela dificuldade na emissão vocal, apresentando um impedimento na produção natural da voz. Pode ser ocasionado por uma disfunção, abuso vocal ou uso incorreto da voz, é mais frequente em pessoas que utilizam abundantemente a voz diariamente de forma incorreta.  

• Disfonias funcionais: São aquelas que não apresentam uma alteração visível nos músculos vocais, mas mesmo assim são decorrentes do mau uso ou abuso da voz. Geralmente ocorrem em profissionais da voz que não têm nenhum tipo de orientação. Três fatores que podem vir a desencadear uma disfonia funcional são: 
1. Uso incorreto da voz – acontece com profissionais da voz que a utilizam abundantemente durante o dia, sem ter orientação quanto ao aquecimento para o seu uso e também desaquecimento após o uso. 
2. “Inadaptações” vocais – não existe no corpo humano um aparelho que tenha por função específica a fonação, mas o que temos é uma adaptação de várias estruturas, formando, assim, o aparelho fonador. Quando não existe uma boa adaptação destas estruturas, ocorre o que chamamos de “inadaptações vocais”.
3. Alterações psicoemocionais – nossas emoções influenciam e são responsáveis por mudanças em nossa voz. A voz, como já disse anteriormente, faz com que nos comuniquemos com outras pessoas; se temos alguma emoção muito forte (raiva, ansiedade, alegria etc.), poderá repercutir em nossa voz, provocando uma disfonia funcional. 

• Disfonias Orgânico – funcionais: São, em geral, iniciadas com uma disfonia funcional que tem seu diagnóstico tardio; como a disfonia funcional não foi tratada, então ela evolui para uma lesão secundária nos músculos vocais. Apresentam uma alteração anatômica nos músculos vocais. Existem vários tipos. Podem ser:
1. Nódulos – são tumores benignos nos músculos vocais. Podem ter sua origem no mau uso da voz. O tratamento é feito por meio de FONOTERAPIA e só em alguns casos tem que haver uma intervenção cirúrgica. 
2. Pólipos – são tumores benignos nos músculos vocais. O seu tratamento é cirúrgico, e seguido de FONOTERAPIA.
3. Paralisia dos músculos vocais – ocorrem devido a uma lesão nervosa, podendo atingir um músculo vocal ou ambos. Isso pode acontecer por alterações cerebrais, ou alterações cardíacas, ou tumores. O tratamento é feito por meio de FONOTERAPIA; e em alguns casos é necessário realizar cirurgia com o objetivo de melhorar o posicionamento muscular vocal. 
4. Câncer – é um tumor maligno que se localiza nos músculos vocais. Ocorre com maior frequência em fumantes. O tratamento pode ser cirúrgico ou radioterápico. 

Fazemos uso de nossa voz de forma tão natural que não nos preocupamos em zelar pela saúde de nosso aparelho fonador. É muito importante que profissionais da voz tenham o hábito de consultas com otorrinolaringologistas ou fonoaudiólogos periodicamente e, além disso, sejam disciplinados em relação aos bons hábitos para saúde da voz.

Caso haja rouquidão, fora de um processo gripal e por mais de 15 dias, é muito importante buscar a ajuda de um especialista para que tenhamos essa importante ferramenta de comunicação sempre pronta para o uso.

Semana que vem nos encontramos novamente. Espero que as dicas dessas duas semanas os tenham ajudado. Existem diversos exercícios, práticas diárias, tipos de alimentos e vocalizes que podem ajudá-los a aquecer a voz e o corpo para o uso saudável do aparelho fonador.

Procurem um especialista e soltem o som!

Ótima semana.

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