terça-feira, 4 de junho de 2013

GRUPO DE CATIRA NOVOS ARAÇÁS

*Jornalista e escritor
Nesta semana gostaria de apresentar, para os que ainda não conhecem, o Grupo de Catira "Novos Araçás". Fundado em 15 de outubro de 2009 por Cláudia Colli e pelo Sr. João Teodoro  Liário, o grupo surgiu como forma de resgatar a catira em Araçatuba. Seu João Liário, um dos poucos remanescentes dos grupos de catira de nossa região, na ocasião com 77 anos, se dispôs prontamente ao convite, passando seu conhecimento às demais pessoas envolvidas no grupo, "para que a tradição não morresse", confidenciou emocionado.

A conversa foi extensiva ao Secretários Municipais da Educação e da Cultura e, após várias propostas feitas pelo grupo, pensou-se numa ação conjunta envolvendo os professores da Rede Municipal de Ensino para que estes aprendessem e, posteriormente, transmitissem os ensinamentos também para os alunos. Ao longo de um ano, aproximadamente, foi dada uma formação com discussões teóricas sobre a catira e essa cultura em nosso município, surgindo, assim, o Grupo “Novos Araçás”. O nome é uma homenagem ao extinto "Grupo Araçás", do qual Seu João fez parte.

Grupo "Novos Araçás" no programa "Viola, minha viola", com Inezita Barroso ao centro

O Grupo "Novos Araçás" é composto pelos seguintes membros: Fernanda Colli (25), estudante de pedagogia e monitora de catira para crianças; Sabrina Celloni (15), estudante, neta do falecido catireiro Pedro Quintana; Fábio Mizugai (35), professor de Educação Física; Gilberto Muniz (50), fisioterapeuta da SMS; Antonio Donizete (52), médico cardiologista e Seu João Teodoro Liário (81), aposentado. Além dos catireiros, há dois violeiros que executam as músicas ao vivo para o grupo dançar. Nas apresentações, o grupo tem um “palmeiro”, líder que inicia a coreografia; esse “palmeiro” é revezado entre os catireiros mais experientes.

O grupo é aberto a todos o interessados na cultura raiz da catira, "mas é preciso disciplina e vontade em aprender, participar dos ensaios e apresentações regularmente e desenvoltura para apresentar-se em público", alerta Colli. O grupo se apresenta em diferentes festas públicas e, quando está representando Araçatuba, por meio da Prefeitura, não cobra cachê. Somente em festas particulares há o pagamento de pró-labore, como forma de manutenção do grupo com uniformes, traslados etc.

Dentre as muitas apresentações realizadas, destacam-se a participação no programa "Viola, minha viola", da TV Cultura, com Inezita Barroso; Festa do Peão de Barretos e Festival do Folclore de Olímpia, além do Revelando São Paulo, da Secretaria de Estado da Cultura.

Para estender ainda mais a presença da catira em nosso município, e como forma de garantir a sua permanência, foi criado um projeto de formação de catireiros mirins, junto à Rede Municipal de Ensino de Araçatuba que, além de desenvolver as habilidades físicas nas crianças, também contribui para fomentar o gosto por essa expressão artística tão característica do interior. Atualmente participam 200 crianças no projeto, mantidas pela Secretaria Municipal de Educação, que já se apresentaram em teatros, praças e, por dois anos consecutivos, na Festa do Peão de Barretos, no Parque do Peãozinho.

Além do trabalho com a catira, há cinco anos, buscando resgatar a cultura caipira que já estava quase desaparecendo em nossa cidade e região, "promovemos festas, celebrações, músicas e o Circuito da Queima do Alho, tradição do ciclo da pecuária, da cultura tropeira, da cultura caipira. Pretendemos, daqui pra frente, continuar incentivando todas as manifestações da cultura caipira para que as próximas gerações conheçam e continuem o nosso trabalho perpetuando a tradição", enfatiza Cláudia Colli, que é presidente do Centro de Tradições Culturais de Araçatuba.

O Rancho do Peão, situado no Recinto de Exposições "Clibas de Almeida Prado", em Araçatuba, foi uma área cedida para que fossem construídos espaços próprios da cultura tropeira. Lá existem uma capela, uma casa de sítio, monumento ao peão, espaços para as comitivas cozinharem, sanitários e estrutura para acomodar mil e quinhentas pessoas. Esse espaço é utilizado nas festas da Queima do Alho. O Centro de Tradições ainda está sem sede própria, mas há o projeto de construção da Capela de Santos Reis para sedimentar o espaço.

Bem, este foi um pouquinho dessa cultura tão rica e tão significativa para todos nós, do interior e, particularmente para nós, de Araçatuba e região.

Um forte abraço e até a próxima semana!

Um comentário:

  1. Caramba, isso é muito bacana. Nossa cultura precisa ser valorizada!

    Márcio

    ResponderExcluir