domingo, 25 de agosto de 2013

Bagdá Café: mezze da família


*Professor universitário e mestre em Turismo e Hotelaria
Das “mil e uma noites” aos 20 anos de funcionamento na cidade de Araçatuba (SP), o Restaurante Bagdá Café é o que melhor representa a cultura gastronômica do Oriente Médio no noroeste paulista. Esta culinária é uma mistura de diferentes civilizações, incluindo as que não pertencem, necessariamente, ao mundo árabe, a exemplo da culinária Mediterrânea, a culinária do Magreb (norte da África) e as cozinhas do Irã, Armênia e Israel.

A culinária de um país reflete sua história, hábitos e costumes! Devido à proximidade entre os países de mesmo idioma “o árabe” e o clima da região banhada pelo mar Mediterrâneo, Vermelho e Golfo Pérsico, conferem características muito semelhantes, porém uma variedade bastante rica, a exemplo do Líbano, um dos menores países do médio oriente que possui um dos maiores cardápios do mundo, onde são comuns os legumes recheados, principalmente abobrinha e berinjela, muitas especiarias e temperos típicos: pimenta-síria, snoobar (pinoli), zaáhtar etc. Os pratos são muito aromáticos e cuidadosamente adornados por vegetais frescos, sementes, coalhada, hortelã e azeite.

É neste contexto histórico e cultural que se inicia a trajetória do Bagdá Café. Imigrantes libaneses, D. Zahia e Sr. Husni, vieram para terras brasileiras e tiveram seis filhos. Consagrando o talento culinário, “herança familiar”, inauguraram em agosto de 1993, na Rua General Osório, 147 – centro da cidade, um estabelecimento de comida tipicamente árabe. Idealizado pelo filho Mohamed Husni Choucair, juntamente com os pais e três de seus irmãos, começaram ali o próprio negócio. Sua mãe, D. Zahia era quem preparava o “pão folha” e comandava a cozinha.

No início, o restaurante funcionava todos os dias da semana e o serviço era “a la carte”; Mohamed fazia por encomenda o famoso carneiro recheado inteiro e, em meio a muito trabalho e dedicação, o estabelecimento foi congregando amigos e uma cativa freguesia que aprecia a saborosa comida árabe e seus doces. Com o passar do tempo e os filhos já formados e casados, havia rumores da família fechar o estabelecimento. Entretanto, em junho de 2002 o Chef Mohamed, que em nove anos aprendera tudo com a mãe, assume com sua esposa Luciana o comando do restaurante que se estende até os dias atuais.

A casa é modesta e o espaço destinado ao salão é pequeno e acolhedor, na entrada um arco e treliça em madeira nos remetem aos palácios árabes, toalhas brancas em linho ressaltam a limpeza e enaltecem a tradição da cultura alimentar. Sempre presente nas mesas, uma especialidade da casa é servida gentilmente “geleia de pimenta” e o “pão folha”.

O serviço é self service a quilo e o cardápio bem característico. Assim como numa típica refeição libanesa, que se começa com Mezze (aperitivos saboreados delicadamente com a ponta dos lábios), os pratos frios são servidos no primeiro balcão: o tabbuleh; a salada de berinjela; de damasco; fattush (salada com crostini, pepino, tomate e hortelã); queijo chanchiche; kibbeh naye (quibe cru); salada de lentilhas; charuto folha uva no azeite; coalhada fresca com pepino; coalhada fresca com hortelã; coalhada seca; Hommus (pasta grão de bico); baba ghanouj (pasta de berinjela); salada de grão de bico com tahine; pão folha recheado de berinjela, ricota e escarola; coalhada seca temperada; e berinjela recheada de alho e amendoim em conserva. Todos feitos de maneira impecável!

Os pratos quentes despertam ainda mais a fome: arroz com macarrão aletria; arroz com lentilha; arroz com carneiro, uva passa e amêndoa; esfias quentinha de carne; esfiha aberta de carne; de escarola; de coalhada; quibe frito; quibe assado recheado com muçarela e carne moída; lasanha de berinjela com carne moída; lasanha de pão sírio, brócolis e ricota; carneiro assado com batatas; kafta; abobrinha recheada; charuto de folha uva; charuto de repolho; capelete na coalhada; linguiça de carneiro; quibe frito de carneiro; quibe na coalhada. Além deste verdadeiro banquete árabe a sua inteira disposição, você pode pedir os grelhados carré e picanha de cordeiro, acompanhados de cebola e tomate.

Para extrapolar as necessidades calóricas diárias, os doces árabes são de enlouquecer!  Burma, belewa, mamuh, halewee, ninho e raha feitos com pistache, damasco, gergelim, amêndoas, semolina, macarrão aletria e regados com uma doce calda aromatizada com água de rosas e/ou água de flor de laranjeiras, além de doces importados do Líbano podem te surpreender.


Os proprietários já anunciam que em breve o restaurante funcionará em um novo endereço com um espaço físico maior e ambientado sem perder, é claro, a cordialidade e simpatia que sempre atendem a clientela considerada por eles suas maiores alegrias com o propósito de servir sempre como manda a tradição das refeições preparadas como o centro dos encontros familiares e círculos sociais.

Até logo! Quem sabe almoçaremos juntos algum dia desses no Bagdá Café ou algum outro restaurante especial que apresentaremos nos próximos artigos.

SERVIÇO: O horário de funcionamento é de terça-feira a sábado, das 11h às 14h30. Não aceita cartão. Fone para encomendas: (18) 3624-1697. Facebook page.

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