sábado, 3 de agosto de 2013

Práticas de Letramento e Oralidade

*Professora da Educação Básica e mestranda em Educação
Pesquisas na área da linguagem tendem a reconhecer que o processo de letramento está associado à construção dos discursos oral e escrito. Antes mesmo de ingressarem na instituição educativa, a maioria das crianças está em contato com a escrita por meio de diversos portadores de texto, como embalagens de produtos de consumo, cartazes, placas de trânsito, livros, jornais, enfim, iniciando-se no conhecimento de materiais gráficos. A partir desse intenso contato, as crianças começam a elaborar hipóteses sobre a escrita e também sobre a leitura. Algumas podem evoluir mais lentamente, pois dependerá da importância que é dada a leitura e a escrita no meio em que vivem, assim como da frequência e qualidade das suas interações com o objeto do conhecimento.

                       
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) ressalta que aprender a ler e a escrever fazem parte de um longo processo ligado à participação em práticas de leitura e escrita.

As hipóteses elaboradas pelas crianças em seu processo de construção do conhecimento em uma mesma faixa de idade não são iguais, isto dependerá do grau de letramento de seu ambiente social. Justamente por não se saber como se dá o contato da criança com a leitura e a escrita fora do ambiente escolar é que a instituição de educação infantil deve proporcionar situações diversificadas e significativas para que elas vivenciem ricas experiências.

Se a instituição trouxer diversos textos utilizados nas práticas sociais, estará intensificando o acesso das crianças ao mundo letrado, cumprindo seu papel na busca de igual oportunidade para todos. Sabe-se que a experiência com textos variados e de diferentes gêneros é fundamental para a constituição do ambiente de letramento.
 

 
Uma atividade bastante interessante é a roda de leitores em que uma vez por semana as crianças tomam emprestado um livro da instituição e levam para casa para que alguém possa ler a história para elas, assim, no dia combinado, elas relatam suas impressões, comentando o que gostaram ou não, podendo contar uma parte da história.

Pode-se planejar projetos de leitura, articulados ou não com a escrita. É preciso que os livros e outros portadores de texto sejam colocados à disposição das crianças para serem manuseados. Sempre que possível, a organização do espaço deve ser aconchegante, com tapetes, almofadas, iluminação adequada e acervo diversificado, tudo ao acesso da criança.

Quanto às práticas de leitura, é possível observar o comportamento das crianças, como por exemplo, se elas pedem ao professor para ler alguma história; se procuram livremente pelos livros e/ou outros textos do acervo; se antecipam as histórias por meio das ilustrações; se fazem comentários sobre o que ouviram ou “leram”; se compartilham sobre a história lida/contada pelo professor ou outro adulto ou criança leitora.

 
Durante décadas examinaram a oralidade e a escrita como sendo opostas, predominando a noção de supremacia cognitiva da escrita. Atualmente, adotou-se a posição de que lidamos com práticas de letramento e oralidade, considerando que as línguas se fundam em usos, pois o que determina a variação linguística em todas as manifestações são os usos que fazemos da língua, portanto, trata-se da relevância de uma análise dos usos e das práticas sociais.

Seria possível definir o homem como um ser que fala, mas isto não significa dizer que a oralidade seja superior à escrita. A escrita não pode ser tida como representação da fala, visto que não consegue reproduzir muitos dos fenômenos da oralidade, como a pronúncia correta das palavras, a gestualidade, os movimentos corporais. Por outro lado, a escrita apresenta elementos ausentes na fala, como o tipo de letra e os elementos pictóricos graficamente representados.

Todos os povos têm ou tiveram uma tradição oral, mas poucos tiveram ou têm uma tradição escrita, mas mesmo assim, isto não torna a oralidade mais importante que a escrita.

As práticas sociais que envolvem o uso da língua escrita e falada determinam o papel, o lugar e o grau de relevância da oralidade e das práticas de letramento na sociedade, justificando que a relação entre ambos seja colocada no eixo de um contínuo sócio-histórico de práticas. Sabe-se muito sobre métodos de alfabetização, porém, sabe-se pouco sobre processos de letramento, bem como, sobre a influência da escrita na sociedade. A maior parte do tempo é utilizada a comunicação oral, o que caracteriza a nossa sociedade como essencialmente oralista, contudo, tanto a oralidade quanto a escrita são imprescindíveis. Na verdade, não se pode confundir seus papéis e contextos de uso, assim como, não discriminar seus usuários.

A grande questão é: Qual o lugar da oralidade hoje? Mesmo que hoje no Brasil ocorre um intenso uso da escrita, sabe-se que a oralidade está em voga.

Bem, por hoje é isso! Querido leitor, convido você para juntos aprofundarmos um pouco mais sobre essa linha de pensamento!

Até a próxima!

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