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* Jornalista e escritor |
Manuel Bandeira é, sem dúvida
alguma, um dos maiores nomes da poesia nacional. Ao longo de seus 82 anos de
idade deixou uma extensa obra, entre poesia, crítica literária e de arte e
traduções. Considerado um dos principais nomes do Modernismo brasileiro, seu
poema “Os Sapos” foi o cartão de visita da Semana de Arte Moderna de 1922.
Pernambucano de nascimento,
soma-se a outros conterrâneos seus numa produção literária de peso nacional,
como João Cabral de Melo Neto, Paulo Freire, Gilberto Freyre, Nélson Rodrigues,
Carlos Pena Filho e Osman Lins, entre outros.
Iniciou o curso de Arquitetura na
Escola Politécnica de São Paulo, mas logo o abandonou por conta de uma
tuberculose. Esse episódio marcou fortemente sua poesia, como podemos observar
no poema “Pneumotórax”: “Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos./ A vida
inteira que podia ter sido e que não foi./ Tosse, tosse, tosse.”.
De estilo simples (mas não
simplista) e direto, Bandeira foi, com certeza, o mais lírico dos poetas,
abordando temáticas cotidianas e universais, com abordagens que se aproximam do
que poderíamos chamar de “poemas-piada”, relacionando-se com formas e
motivações por muito “acadêmicos” consideradas vulgares. Para estes, deixa um
recado: “Abaixo os puristas/ Todas as palavras sobretudo os barbarismos
universais/ Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção/ Todos os
ritmos sobretudo os inumeráveis/ Estou farto do lirismo namorador”.
Esse diálogo que mantém entre
tradição e experimentalismo, entre erudição e a simplicidade terão vazão em
poemas como “Trem de ferro” que, ao brincar com as palavras, trata-as quase
como “algo ingênuo”, pueril, mas de um vigor poético intenso. Ou, ainda, em um
“Poema tirado de uma notícia de jornal” que, como o próprio título antecipa,
nasceu de leituras do cotidiano, das experiências mais incipientes, conduzidas
para um texto que atravessa gerações.
Se a poesia é música em silêncio
e a música é poesia que fala, alguns poemas de Bandeira não se satisfizeram
ficar somente no papel e foram parar na boca de intérpretes como Moraes Moreira
(Como foi que temperaste,/Portugal, meu avozinho,/ Esse gosto misturado/ De
saudade e de carinho?); Maria Bethânia (Aqui faz muito calor./ No Nordeste faz
calor também./ Mas lá tem brisa:/ Vamos viver de brisa, Anarina.) e Paulo Diniz
(Vou-me embora pra Pasárgada/ Lá sou amigo do rei/ Lá tenho a mulher que eu
quero/ Na cama que escolherei).
Nesta sexta (09/08), a partir das
19h30, no Teatro Municipal Castro Alves, rua Duque de Caxias, 29, Centro (Funda
da Tanger, em Araçatuba), teremos um sarau literomusical promovido pela
Academia Araçatubense de Letras e seu Grupo Experimental para homenagear este
grande poeta. Você está convidado a usufruir deste momento único, sobretudo
para nós, do interior.
Forte abraço e até lá.
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