sábado, 24 de agosto de 2013

Leitura e escrita: construção de significados

*Professora da Educação Básica e mestranda em Educação pela Unesp
É fato que a escrita trouxe imensas vantagens e consideráveis avanços para as sociedades que a adotaram, visto o lugar especial que aquelas ditas letradas reservaram a esta forma de expressão, tornando-a praticamente imprescindível no mundo contemporâneo. Lembrando que o letramento é um processo independentemente da própria escolarização formal. Nossa sociedade não é homogênea em relação ao letramento.


Marcuschi (2001) em seu texto Oralidade e letramento, relata que talvez o caminho mais sensato no tratamento das correlações entre formas linguísticas, contextualidade, interação e cognição das semelhanças e diferenças entre a fala e a escrita seja nas atividades de formulação textual-discursiva.

A oralidade jamais desaparecerá, sempre será o grande meio de expressão e de atividade comunicativa, ao lado da escrita. A oralidade é inerente ao ser humano e não será substituída por nenhuma outra tecnologia. 

O processo da leitura pode ser definido de várias maneiras, dependendo não só do enfoque dado, mas também do grau de generalidade com que se pretenda definir o termo. Como definição geral, a leitura é um processo de representação que envolve o olhar “algo” e ver outro, portanto, isto é possível por meio do conhecimento prévio. Também é possível a leitura através de sinais não linguísticos, pois, lê-se também o mundo que nos cerca.

                                                                               
Em contrapartida, há duas definições restritas de leitura. A primeira refere-se a “ler é extrair significado do texto” e a segunda, “ler é atribuir significado ao texto”, assim, num caso o leitor contribui com aquilo que o texto não tem, no outro, com aquilo que o texto já tem. 

Na complexidade do processo de leitura importa a interação entre leitor e texto. Leitura implica uma correspondência entre o conhecimento prévio do leitor e os dados fornecidos pelo texto.

O texto desperta impressões e sensações. As obras de ficção proporcionam ao pequeno leitor vivenciar as emoções das histórias, estimulam a imaginação e permitem o desenvolvimento de uma visão mais crítica. Ouvir um texto para a criança que ainda não sabe ler convencionalmente já é uma forma de leitura.


De acordo com Jean Marie Goulemot (1996), “Ler é dar um sentido de conjunto, uma globalização e uma articulação aos sentidos produzidos pelas sequências. Não é encontrar o sentido desejado pelo autor [...]”. 

Portanto, a leitura é um processo de aprovação e de troca. A cada leitura, o que foi lido muda de sentido, torna-se outro. Isto é uma forma de troca. As relações com o livro dão-se por meio das atitudes do leitor. Somos inclusive um “corpo leitor” que cansa. Nosso corpo lê não somente pelo viés de nossos olhos.

O ato de ler é cultural e social. Ler é fazer emergir a memória de leituras anteriores e de dados culturais. 

Leitor e autor se dialogam. A leitura é uma atividade interlocutiva. O indivíduo transforma-se, aprendendo a ler e a escrever, construindo significados, isto implica construir conhecimentos. O Homem faz significar-se por meio do texto. Os textos que lemos têm que ter um ponto em comum, um posto de intersecção com o nosso repertório. Atuamos como leitores de nós mesmos. Quando o nosso repertório não é suficiente para a compreensão, faltam-nos conhecimentos para preencher as lacunas deixadas pelo autor no texto. Deve haver um acordo de cumplicidade entre o autor e o leitor.

Bem, reflita sobre os “fios tecidos” pelo texto de hoje e que lhe oferecem “novos fios” para você “tecer” o seu texto sobre este assunto!

Querido leitor, até a próxima!

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