domingo, 11 de agosto de 2013

Hospitalidade nos serviços de alimentação

*Professor universitário e mestre em Turismo e Hotelaria
Falar sobre hospitalidade nos serviços de alimentação é reforçar um conceito que aprendemos desde crianças, quando nossos pais nos ensinaram a repartir o lanche com os amiguinhos, emprestar os brinquedos, convidar para passar um dia de lazer em casa ou passear. Sua relação com a gastronomia é essencial não obviamente sobre o aspecto da alimentação, pois a fome e o hábito correto de comer algo de três em três horas estará sempre presente nos momentos em que se convive com os amigos afetos e parentes queridos, mas também nas particularidades da cultura alimentar que cada um possui, ao provar isto ou aquilo que é comum para o outro, às vezes não é para si.


O significado da palavra hospitalidade que os dicionários contemporâneos trazem não revelam a profundidade que este conceito pode atingir numa relação particularizada da atitude interpessoal de recepcionar alguém que esteja por qualquer motivo fora de seu domicílio. Quando recebemos em nossa casa um parente ou amigo, e oferecemos cordialmente pouso (hospedagem), refeição (alimentação) e lazer (entretenimento), estamos praticando a hospitalidade genuína. Logo, a hospitalidade comercial surgiu em função do turismo moderno, sobretudo, por conta da hotelaria que desde os tempos mais remotos se especializou na arte de oferecer um leito limpo e confortável, um banho quente e uma alimentação restauradora. Assim é possível diferenciar o hospitaleiro, aquele que recebe por prazer, do anfitrião profissional, que recebe pessoas não necessariamente por prazer, mas por ofertar serviços recompensados por pagamento e que proporcione satisfação ao hóspede.

A noção de hospitalidade pode parecer simples, mas, pelo contrário, é uma das relações mais complexas e ricas, em certos aspectos pode ser também contraditória ao próprio conceito, este estudo envolve longas discussões sociológicas no sentido do que é genuíno e do que é por simples prestação de serviço, interesse ou trocas de favores.

A hospitalidade também é retratada desde os tempos bíblicos, as sagradas escrituras relatam a hospitalidade como uma virtude, um dom, diferentemente do contexto da hospitalidade comercial citado acima. Recomendada pelo apóstolo Paulo, em suas cartas ordena aos Romanos “Praticai a hospitalidade” (Romanos, 12: 13). Ainda como dever social, no livro de Hebreus (Cap.13, v.2) o mandamento é para que “não negligencieis a hospitalidade, pois alguns, praticando-a, sem o saber acolheram anjos”, evidenciando assim o dom da caridade e do gratificante amor.

O recepcionar ou receber pessoas se constitui o melhor da hospitalidade. O hospedar que demonstra o calor humano dedicado a alguém; o alimentar, não que o seja sob a forma emergencial de um copo de água ou de um pedaço de pão dado ao pedinte que acionou a campainha de sua casa, mas ao convidado que se quer agradar com cordialidade; e o entreter, proporcionando momentos agradáveis e marcantes ao hóspede. Como se esquecer da "tia" Fatinha de Portugal - Lisboa, que sem me conhecer, apenas atendendo a recomendação de um amigo comum, me hospedou em sua casa oferecendo seu próprio quarto e nos recebendo com uma mesa abastada de quitutes, bolos e doces portugueses, e como se não bastasse no dia seguinte me levou para um tour pelos principais pontos turísticos da capital lusitana. Sem comentários... Deus a retribua em dobro!

O termo restaurante originariamente deriva da palavra restauração no sentido efetivo de "comida restauradora e fortificante" no caso uma sopa (França, Séc. XVI). Nos serviços de alimentação a hospitalidade é um fator determinante para a qualidade não somente do prato apresentado como também ao conjunto da obra. A verdade é que além da refeição em si nós seres humanos procuramos algo além do esperado. Um lugar acolhedor onde você se sinta confortável e alimentado, satisfeito com a cordialidade do anfitrião e confiante que pagou um preço honesto. 

O serviço de alimentação por definição compreende o mercado que envolve toda a cadeia produtiva de estabelecimentos que se dedicam a preparar e fornecer refeições efetuadas principalmente fora do lar e também a refeição adquirida ou entregue pronta quente ou congelada para ser consumida em casa.  Os canais de distribuição são classificados em comercial propriamente dito (restaurantes, pizzarias, lanchonetes, padarias, bares, cafés, quiosques, buffets, rotisserie, maquinas de autoatendimento), comercial serviço (restaurantes de hotéis, cantinas escolares, serviço de catering), comercial alternativo (loja de conveniência, cafés e lanchonetes dentro de outro estabelecimento comercial) e Social (merenda escolar, restaurantes populares de distribuição gratuita de refeição).

A cultura da hospitalidade para os serviços de alimentação contempla o  ato de receber bem, acolher com satisfação e servir com excelência para servir sempre mais... Nos próximos artigos vamos relatar experiências gastronômicas em alguns restaurantes de Araçatuba (SP), comentando as especialidades do cardápio, ambiente e serviço. Aguardem!!!

À você um excelente dia dos pais.

Um comentário:

  1. olá António como vai
    gostaria de falar com vc sobre a disciplina Hospitalidade nos Serviços de Alimentação. por fv me passe seus contatos - fone/email/face.
    grata
    Célia Gomes

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